Um inferno sobre rodas, by Jon Marx

Em meados de Setembro, a Look Mag informou-me que tinha estas águas-furtadas disponíveis e perguntou se eu estava interessado em ocupá-las. Por isso, sem mais demora, cá estou, pronto a preencher este espaço com divagações pós-adolescentes e semi-inúteis sobre música pop, livros, revistas, locais na web, séries de TV, e muito, muito trash e rock’n’roll.

Pontapé de saída dado com a magnífica série «Hell On Wheels», produzida pela AMC, canal norte-americano de TV por cabo que, nos últimos tempos, se tem revelado uma excelente alternativa ao consagrado HBO. Em Portugal passaram já algumas séries de renome como «The Walking Dead», «Mad Men», «Breaking Bad» ou «The Killing», na versão adaptada da série sueca.

«Hell On Wheels» esteve para ser cancelada no final da segunda temporada mas, felizmente, a notícia não teve fundamento e a terceira temporada iniciou no passado mês de Agosto. O último episódio será transmitido no dia 05 de Outubro. Infelizmente, parece que a série não está disponível em nenhum canal a emitir em Portugal e não há garantia que venha a ser disponibilizada por estes lados. Mas se procurarem bem, poderão encontrá-la em serviços de aluguer na web.

A história decorre na segunda metade do século XIX e conta as aventuras de um grupo de homens que vivem num acampamento itinerante da empresa Union Pacific, de nome «Hell On Wheels», que tem como missão construir parte da rede de caminhos-de-ferro dos Estados Unidos.

O personagem principal é Cullen Bohannan, personificado pelo actor Anson Mount, um antigo soldado confederado que chega a Hell On Wheels em busca de um militar da União que, juntamente com outros quatro homens, lhe tinha assassinado a família.

No acampamento encontra Elam Ferguson, um escravo liberto com quem irá manter uma relação de amizade conturbada. Este personagem é representado pelo rapper Common, que em tempos se viu envolvido em polémica devido a ter estado presente numa recepção na Casa Branca, o que gerou um violento ataque ao Presidente Obama por parte de meios de comunicação conservadores que desenterraram algumas letras controversas do músico, escritas no início da sua carreira.

Em termos formais, a série está próxima dos ambientes de «Deadwood», recriando um velho Oeste verdadeiramente selvagem, muito longe das imagens romanceadas de filmes como «She Wore a Yellow Ribbon» ou «Shane». No entanto, os diálogos e as relações entre os personagens estão longe do formalismo e do estilo quase shakespeareano de «Deadwood». Nesse aspecto, a narrativa beneficia de maior liberdade criativa e não se fecha na claustrofobia de um cenário que, no caso de «Deadwood», condicionava a acção, dando, por vezes, a sensação de estarmos a assistir a uma peça de teatro que se desenrolava num palco de dimensões generosas. Altamente recomendável.

Chegou-me às mãos, no passado fim-de-semana, o último trabalho da banda VietNam, um combo de Brooklyn que prova que dessa zona da cidade de NY não saem apenas bandas constituídas por mocinhos sensíveis e tocadores de harpa. Os VietNam não são propriamente uns novatos, editaram o seu primeiro disco em 2004 e, três anos depois, apresentaram o segundo trabalho, o excelente «VietNam».

O trabalho foi bem recebido pela crítica numa altura em que o rock pesado e psicadélico que apresentavam, não tinha, ainda, atingido o actual estado de grande popularidade. Apesar das boas críticas, a banda desapareceu do radar e regressou apenas em fevereiro deste ano com um novo trabalho de grande fôlego, o duplo «an A.merican D.ream», editado em Fevereiro deste ano pela excelente Mexican Summer.

Os textos de Michael Gerner, o único membro permanente dos VietNam, contam histórias de terror, crime, solidão e desespero onde abundam personagens que se podiam encontrar nas canções de David Eugene Edwards ou Josh T. Pearson.

Na próxima semana falarei do regresso dos Pixies e dos Arcade Fire, se até lá conseguir escutar o novo álbum.

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Texto: Jon Marx

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