"Firmamento", de Rui Lage

“Firmamento”, de Rui Lage

Com Estrada Nacional, em 2016, Rui Lage colocou um ponto final no ciclo campestre iniciado em 2004 e composto por cinco livros que, entre a elegia e a sátira, tiveram por objeto a perda pessoal e coletiva do mundo rural português. Firmamento opera um corte com essa temática: é um livro de poesia cósmica. Numa era de radical desencantamento, obcecada pelo visível e pela visibilidade, e com a própria arte sequestrada por um presente eterno, estes poemas apontam ao transcendente: não pela via religiosa ou mística, mas pelo prisma da ciência, em particular da astrofísica e da física quântica.

«Ao abrirem para o inimaginável e ao explorarem o invisível, o infinitamente grande e o infinitamente pequeno, estes domínios aparecem-me hoje como os últimos onde ainda é possível o reencontro com o mistério e com alguma coisa próxima do sagrado (com “o silêncio dos espaços infinitos” de Pascal). Eles desvelam-nos uma outra realidade, que coloca em crise as palavras da linguagem falada e me solicitou para uma espécie de canto, onde se intromete a minha experiência recente da paternidade e, com esta, esse mistério dos mistérios que é o amor», confessa o autor. Diz-nos ainda Rui Lage que «a proposta de Firmamento, arriscada, é reinstalar na poesia portuguesa a especulação metafísica, não só através das velhas questões como das novas questões que hoje nos chegam por via do transhumanismo e do pós-humanismo, e que nos compelem a repensar os conceitos de corpo e de consciência, ou mesmo a revisitar as ideias de espírito e de alma humana».

Sobre o autor

Nasceu no Porto em 1975 e é licenciado em Estudos Portugueses e Ingleses e doutorado em Culturas e Literaturas Românicas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Enquanto escritor, publicou várias obras nos domínios da poesia, da ficção e do ensaio, entre outros, tendo sido distinguido com o Prémio Inês de Castro (2016), o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís (2017), o Prémio Ruy Belo (2017) e o Prémio Autores da SPA (2018). A sua obra está traduzida em várias línguas. Em 2009, foi responsável, com Jorge Reis-Sá, pela mais extensa e completa antologia da poesia portuguesa alguma vez organizada: Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI (Porto Editora). Traduziu obras de Samuel Beckett, Paul Auster, Pablo Neruda e Carl Sagan, entre outros. Foi investigador académico, docente na ACE – Escola de Artes e professor de História Cultural do Teatro na Universidade Lusófona. Integrou a direção da Fundação Eugénio de Andrade. Trabalha, desde 2014, como assessor no Parlamento Europeu. Lidera, atualmente, o Grupo Municipal do PS na Assembleia Municipal do Porto.

“Firmamento”
Rui Lage
Assírio & Alvim

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