Vagos Metal Fest 2022 Dia II. E a festa continua
Mais do que música, o Vagos Metal Fest é uma verdadeira comunhão de pessoas que ali se encontram para partilhar alegria. Isso percebe-se nos rostos sorridentes que vão passando por nós. Também esse é o nosso estado de espirito: a mais pura felicidade. No que aos concertos diz respeito, muito e bons fizeram deste um dia para sempre recordar.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
As noites longas de Vagos são apenas incomodadas pelos mosquitos, responsáveis pelas marcas gigantes que todos (ou quase todos) os festivaleiros já mostravam possuir no segundo dia. O que fazer? Repelente, muito repelente e desejar que o nosso sangue não seja “saboroso” (o que não foi o nosso caso…). No segundo dia havia já quem mostrasse sinais de ter dormido pouco na noite anterior, pois as saudades eram muitas e havia muita conversa para se pôr em dia. Nada que um hidromel fresquinho e bons concertos não ajudassem a recuperar! Chegámos ao recinto estavam os Mordaça a começar a sua atuação. E que bela atuação ela foi! “Caminhos Obscuros”, o mais recente EP da banda serviu de linha condutora a uma apresentação bombástica. Eles sabem o que fazem e fazem-no bem, ou não fossem um dos nomes mais consistentes do movimento Hardcore nacional. Recorde-se que nasceram em 2005. A garra com que agarram as músicas, a energia que transmitem e a boa onda que emanam, foram ingredientes essenciais para fazer deste um belíssimo concerto. Com uma postura de levar tudo à frente e fazer com que abramos os olhos para muita da realidade que nos rodeia, os Mordaça foram uma poderosa máquina que teve eco nos festivaleiros que, não se fazendo rogados, embarcaram num mosh pit poeirento. O primeiro da noite que seria longa.
MORDAÇA
Os brasileiros Alekto, banda radicada em Portugal desde 2018, nasceram no ano de 2017 na cidade de São Paulo. Ao festival trouxeram o seu groove metal. Em 2020 lançaram “Abstract Evil”, o qual esteve na base do alinhamento que trouxeram ao Vagos.
Alekto
Em 1987, nasciam nos Países Baixos os Asphyx. Praticantes de um death/doom metal, vieram ao Vagos com «Necroceros», o seu mais recente registo discográfico, debaixo do braço e com a clara intenção de não deixar ninguém indiferente à sua passagem. E se tal o pretendiam, melhor o conseguiram. O público, que àquela hora já era bastante, não se inibiu de mostrar o quanto gostou da banda que por entre “Botox Implosion”, “Molten Black Earth” ou “The Nameless Elite”, incluiu “Death The Brutal Way” e “The Rack”.
ASPHYX
Heathen são praticantes de thrash metal e são oriundos de São Francisco. A banda foi fundada em 1984 pelo guitarrista Lee Altus e o baterista Carl Sacco. Hoje são liderados pelo primeiro que referimos pelo vocalista David R. White. «Empire Of The Blind» o seu mais recente trabalho foi a base de todo o alinhamento. Bastante bem dispostos, deram um concerto que puxou pelo publico, o qual aderiu desde logo à intro, a qual se fez ouvir ao som dos suecos Abba.
HEATHEN
Nascidos em 1979 na cidade californiana de Richmond, os Exodus seguiram a tendência thrash metal do dia. Foi precisamente este o género que atraiu muito mais gente neste segundo dia de festival. A banda quase parece ter percebido isso antecipadamente, uma vez que trouxe ao Vagos um alinhamento não apenas baseado no seu trabalho mais recente, “Persona Non Grata”, mas com apontamentos de temas mais antigos, o que, claramente, agradou aos fãs. Entre eles um dos seguranças do pit que não se fez rogado e embarcou num animado crowd surfing.
EXODUS
Os Tarântula são um dos grandes nomes e uma das mais fortes referências do heavy metal nacional. Nascida na cidade do Porto, têm quase quatro décadas de existência, o que faz deles uma das bandas portuguesas mais antigas no ativo e a mais antiga no universo do heavy metal. Com a mesma formação desde 1994, apresentaram-se no palco Amazing do Vagos Metal Fest para relemebrar temas antigos mas também apresentar músicas do novo disco.
TARANTULA
Berkeley, na Califórnia viu nascer aqueles que muitos consideram uma das bandas mais importantes do thrash metal. Fundadores do género, na “Bay Area” em São Francisco, chegaram com tudo à Quinta do Ega. À sua espera muitos fãs que ansiosos aguardaram estoicamente enfrentando o sol e o calor, pois se um metaleiro também chora, a verdade é que também transpira! Mas terá certamente valido a pena, pois Chuck Billy não teve de se esforçar muito para animar as hostes. Mas se não precisava, foi precisamente isso que fez, comunicando bastante com o público, o que ajudou ainda mais á verdadeira festa que se viveu em frente ao palco Vagos.
TESTAMENT
Aqui fazemos a confissão que esta era uma das bandas que mais queríamos ver nesta edição. Percebemos perfeitamente que a maior parte do público deste dia não tivesse o mesmo desejo, mas a verdade é que assistimos ao concerto dos Harakiri for the Sky bem em frente às grades e para nós foi um grande momento deste festival. Claro que para isso muito contribui o fato de sermos fãs de post-black metal pelo que saímos do recinto de alma cheia. Formados entre Salzburg e Viena durante o ano de 2011, o coletivo austríaco tem à “cabeça” o vocalista Michael V. Wahntraum aka JJ. “O nosso nome demonstra a nossa vontade (que devia ser de todos) de nos libertarmos de um mundo cheio de regras”, explicam. Com um som que transmite uma pura paixão, trouxeram ao Vagos a sua profunda atmosfera melancólica. Pela nossa parte só nos resta esperar que regressem, mas de preferência a um concerto em nome próprio e em sala.
HARAKIRI FOR THE SKY