Timeless Archives

by lookmagpt Novembro 12, 2020

Wild Maui apresenta “Timeless” novo single do EP “Magnetic Solitude”

"Timeless" é o quarto single de apresentação de Magnetic Solitude, primeiro EP de Wild Maui. “Timeless” remete-nos para a ausência do tempo, e aqui o conceito de tempo será representado através de uma história em que três amigos se encontram numa simples daily routine, a passear de carro. Repentinamente, param o carro. São atraídos, quase como hipnotizados, para um clarão de luz desconhecido. Começam a correr... perdendo a noção do tempo ...

“Olhar para trás é lembrar o menino que acreditava que a música podia mudar vidas”, Kimi Djabaté sobre o concerto de celebração de 25 anos de carreira

O músico guineense Kimi Djabaté celebra um marco notável — 25 anos de carreira — com um concerto especial no dia 18 de outubro, na Voz do Operário, em Lisboa. Este espetáculo será uma viagem vibrante pela sua trajetória artística, reunindo temas emblemáticos dos quatro álbuns que lançou até hoje. No palco, Kimi dividirá espaço com convidados de luxo como Janeiro, JP Simões, Karyna Gomes, Márcia, Norberto Lobo, Patche di Rima e Selma Uamusse — amigos e artistas que refletem a diversidade e a força das conexões musicais que ele construiu ao longo de um quarto de século. Por Sandra Pinto Ao olhar para trás, Kimi expressa uma profunda gratidão pelo percurso, lembrando o menino da Guiné-Bissau que sonhava com a música como força transformadora. Conhecido como um griot moderno, ele mantém viva a tradição ancestral do contador de histórias, mesclando balafon, gumbé, afrobeat, jazz e blues com uma naturalidade que traduz sua vivência e identidade cultural. Para ele, a música é uma ponte entre o passado e o presente, uma arma poderosa capaz de mudar mentalidades, abrir corações e unir povos. Com este concerto, Kimi não só celebra o que já construiu, mas reafirma seu compromisso de seguir sonhando e cantando a liberdade do seu povo. Celebras agora 25 anos de carreira com um concerto muito especial. Que sentimentos te atravessam ao olhar para trás e ver tudo o que já construíste? Sinto uma enorme gratidão. Foram 25 anos de muita luta, mas também de muita alegria. Olhar para trás é lembrar o menino da Guiné-Bissau que sonhava com a música e acreditava que ela podia mudar vidas. Hoje sinto que vivi muitas histórias, aprendi com cada passo e continuo com o mesmo amor e energia para seguir em frente. Vais partilhar o palco com vários convidados, como Janeiro, Karyna Gomes e Selma Uamusse. Como escolheste estes artistas e o que significa esta partilha para ti? Cada um deles tem uma ligação especial comigo, não só pela música, mas pela amizade e pela admiração. São artistas que respeito profundamente e que representam diferentes formas de expressão da nossa cultura. Partilhar o palco com eles é celebrar a união, a amizade e a diversidade. És muitas vezes descrito como um griot moderno. Como é que essa herança tradicional se manifesta na tua forma de compor e de estar na música hoje? O griot é o contador de histórias, o guardião da memória do povo. Essa herança está presente em tudo o que faço. Mesmo quando uso sons modernos ou produções contemporâneas, a base continua a ser a tradição, o respeito pela palavra, pela história e pela mensagem. Ser griot hoje é manter viva a ponte entre o passado e o presente. A tua música cruza balafon, gumbé, afrobeat, jazz e blues. Como encontraste este equilíbrio entre tradição africana e sonoridades contemporâneas? Esse equilíbrio aconteceu naturalmente. Cresci a ouvir todos esses sons. A minha raiz está na música tradicional da Guiné, mas a vida levou-me a escutar o mundo, o jazz, o blues, o afrobeat. Eu não penso em misturar, apenas deixo a música falar. Ela encontra o seu próprio caminho. O álbum Dindin teve grande reconhecimento internacional. Como recebeste essa resposta tão positiva da crítica e do público fora de Portugal? Foi uma alegria enorme. Quando fazemos um disco, nunca sabemos como será recebido. Dindin nasceu do coração, com mensagens sobre liberdade, amor e esperança. Saber que essas canções tocaram pessoas em tantos países mostrou-me que a música é realmente uma linguagem universal. Temas como liberdade, justiça e educação estão muito presentes nas tuas canções. Achas que a música ainda tem força para mudar mentalidades? Acredito profundamente nisso. A música sempre foi uma arma poderosa, pode abrir os olhos, unir pessoas e despertar consciências. Mesmo que não mude o mundo inteiro, muda o coração de alguém, e isso já é um grande começo. Trabalhaste com artistas como Mory Kanté, Waldemar Bastos e até Madonna. O que levas dessas experiências para a tua própria criação musical? Cada encontro deixou uma marca. O Mory ensinou-me muito sobre a força da tradição, o Waldemar sobre a alma e a profundidade, e a Madonna sobre a disciplina e a entrega total à arte. Levo comigo a humildade de aprender sempre, porque cada artista tem uma luz única. Fixaste-te em Lisboa há muitos anos. Que papel teve Portugal na tua evolução artística e pessoal? Portugal foi uma grande escola. Aqui encontrei espaço para crescer, conhecer outras culturas e misturar sons. Lisboa tem uma energia muito especial é uma cidade de encontros, de pontes entre mundos. Tudo isso influenciou muito a minha música e também a minha maneira de ver a vida. Com 25 anos de palco, o que mudou na forma como te relacionas com o público — seja na Guiné, em Portugal ou noutros países onde atuas? Hoje sinto uma ligação ainda mais forte. Com o tempo aprendi a escutar mais o público, a sentir a energia de cada lugar. Em qualquer palco, gosto de criar um momento de verdade, de partilha. A música é isso: uma conversa entre quem toca e quem ouve. Este concerto na Voz do Operário celebra o passado, mas também aponta para o futuro. Que sonhos ou projetos tens agora no horizonte? Este concerto é um ponto de viragem. Celebro o caminho feito, mas já penso no que vem a seguir. Tenho novas músicas a nascer, novas colaborações em vista e a vontade de continuar a levar a minha mensagem o mais longe possível. O futuro é continuar a sonhar e a cantar a liberdade do meu povo. 18 de outubro, na Voz do Operário, em Lisboa Os bilhetes estão disponíveis em bol.pt e nos locais habituais.
A multiculturalidade da língua portuguesa é nossa maior riqueza, Lavoisier sobre o single “Quiçá o Mar”

O duo português Lavoisier retorna com um novo projeto musical que une palavra e som de forma visceral, poética e profundamente comprometida com questões sociais. Em destaque está o single “Quiçá o Mar”, uma colaboração com o poeta e ativista brasileiro Vinicius Terra, que mergulha em temas como migração, pertença e fragilidade humana. Esta parceria, longe de ser casual, representa um capítulo natural na relação artística entre os músicos e o poeta, com quem já haviam cruzado caminhos em projetos anteriores. Por Sandra Pinto Em entrevista exclusiva, Lavoisier fala sobre o processo criativo por trás do novo álbum — construído a partir de poemas inéditos de autores contemporâneos —, o papel da arte na aproximação dos países lusófonos e a importância de manter viva a empatia num mundo cada vez mais dividido. “Quiçá o Mar” é um single que une poesia e música, com um poema do brasileiro Vinicius Terra. Como surgiu esta colaboração e qual o impacto dela no vosso processo criativo? Esta colaboração surgiu de uma forma bastante natural, conhecemos o Vinicius Terra há muito tempo e assim que nos propusemos a fazer este álbum só com poetas contemporâneos a escreverem propositadamente para este trabalho, o nosso amigo e irmão de luta não poderia faltar. Sabíamos que o poema seria bem forte, então a nossa composição teria que estar à altura, e sinceramente achamos que o resultado não poderia ter sido melhor. Conhecemos o Vinicius há muito tempo e já havíamos participado em trabalhos seus anteriores, mais tarde ou mais cedo, esta oportunidade de sermos nós agora a chamá-lo para um dos nossos trabalhos iria existir, e cá está ela. De certo que também não será a última. O álbum parte de dez poemas de poetas contemporâneos. Como foi o desafio de transformar essas palavras em música? É sempre desafiante criar um imaginário musical sob a matéria prima da palavra, até porque a mesma já tem uma representação muito forte na nossa interpretação da realidade. Talvez por isso mesmo o fator música, nos tenha facilitado a entrar mais no campo da ficção, no reino maravilhoso da história contada, neste caso cantada, e dessa forma fazê-la voar sobre os cânones estabelecidos da palavra. Ainda assim foi um processo bastante orgânico, onde a palavra surgiu em primeiro lugar sem informação musical nenhuma, mas onde também o contrário pode existir e deixar o poeta criar a partir de uma melodia ou progressão harmónica. O poema “Quiçá o Mar” aborda temas como migração, pertença e fragilidade num mundo confuso. De que forma essas questões atuais ressoam na vossa música? Bem um músico será sempre permeável, ao seu contexto sociocultural, ainda que às vezes possa orientar a sua arte para outras realidades ou outros tempos. Na presente realidade, vivemos momentos em que a empatia terá que ser resgatada ou caso contrário poderemos perder aquilo que nos distingue como seres humanos. A individualidade ainda que importante nas nossas vidas, não deverá constituir o único farol das mesmas, o outro existe ao mesmo tempo que o eu, e Lavoisier sempre soube interpretar essa premissa desde muito cedo, quer com o seu trabalho de pesquisa sobre a música tradicional, quer sobre questões de posse na música, não fosse o maior baluarte do nosso projecto: “nada se cria, nada se perde tudo se transforma”. Vinicius Terra é uma figura importante na cultura urbana lusófona e ativista. Como acham que a arte pode contribuir para fortalecer as ligações entre os países de língua portuguesa? A arte sempre será o melhor caminho para fortalecer o que quer que seja. Neste caso específico e muito inspirados pelo nosso querido amigo Vinicius Terra, aprendemos que há um trabalho a fazer para criarmos pontes entre os países de língua lusófona e dar a conhecer artistas e artes diferentes, por entre essas fronteiras políticas. Quanto maior for o conhecimento partilhado entre culturas diferentes que partilham o entendimento de uma mesma língua, o mundo com certeza será um lugar melhor. A própria arte já ajuda a fazer isso sem uma língua, que às vezes pode assumir contornos perigosos, se não forem dignamente contextualizados. Todos sabemos porquê que se fala português em vários países, há uma herança pesada nessa realidade que só pode ser aliviada pela celebração e partilha da arte e da multiculturalidade dos vários povos que a falam. E quando conseguimos fazer isso, é maravilhoso, é um futuro que trabalhamos para o querer habitar. É nesse sentido que podemos celebrar e muito a arte do nosso querido irmão Vinicius Terra, que tem sido um embaixador de várias pontes sólidas que podemos percorrer dignamente. Após terem atuado juntos em cidades como São Paulo e Brasília, que experiências destacam dessa conexão cultural entre Brasil e Portugal? São mesmo muitas, começou há muito tempo com a nossa colaboração no tema “Máscaras de Azulejo” para o seu álbum de 2019 “Elxs Ñ Sabem A Minha Língua”; passamos pela FLIP (Feira de Literatura Internacional de Paraty) e pudemos viajar pelo Brasil apresentando Lavoisier, a públicos que não estavam tão familiarizados com outro tipo de proposta cultural portuguesa que fosse para além do fado. Mais tarde com a nossa participação na sua canção “Meu Bairro, Minha Língua” (presente no acervo do Museu da Língua Portuguesa) que contou com a participação de importantes vozes lusófonas como Elza Soares, Linn da Quebrada, Dino D’Santiago, Sara Correia, tivemos a oportunidade de partilhar palco com artistas incríveis brasileiros e também com o Dino D’Santiago, fomentando assim novamente a celebração da multiculturalidade de povos que partilham uma mesma língua. O vosso novo álbum será lançado a 31 de outubro e traz também novos músicos para a banda. Que novidades podem os fãs esperar deste projeto em termos sonoros e temáticos? Sim é verdade, para este novo álbum decidimos convidar o Diogo Sousa (bateria), o Pedro Branco (guitarra) e Ricardo Dias Gomes (baixo), que formarão o quinteto que queremos levar para estrada. Mas também tivemos a presença do Leo Reis (percussionista), e dos amigos Mário João Santos (adufe) e Helena Liberato (flauta transversal). À …
Halloween United junta Moonspell e Dark Tranquillity para noite épica em Lisboa

O Halloween volta a ter banda sonora garantida em Lisboa. No próximo 31 de outubro, o Lisboa ao Vivo (LAV) recebe o evento Halloween United, que junta em palco os portugueses Moonspell e os suecos Dark Tranquillity para uma noite que promete ser histórica no panorama do metal nacional. Com início marcado para as 20h30, a noite começa com a atuação dos Sinistro, seguida pelos Dark Tranquillity, uma das bandas mais influentes do death metal melódico europeu, e culmina com os Moonspell, que irão celebrar em palco os 30 anos do icónico álbum Wolfheart, tocando-o na íntegra. A banda de Fernando Ribeiro, que no ano passado esgotou a MEO Arena num espetáculo sinfónico com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, regressa agora com uma performance mais crua e intensa, fiel às suas raízes góticas e black metal. O concerto coincide também com a edição de Opus Diabolicum – Ao Vivo na MEO Arena, disponível em CD, LP duplo e DVD/Blu-Ray, já em pré-venda e com lançamento agendado precisamente para o dia 31 de outubro. After Show: fogo, dança aérea e DJ battle Depois do concerto principal, o Halloween United transforma-se numa festa memorável. O after show começa às 00h30 e inclui uma performance aérea com fogo da artista TATSH, o som sombrio do DJ lisboeta WEIRDBOY, e um imperdível duelo de DJ sets entre Fernando Ribeiro e Mikael Stanne — vocalistas dos Moonspell e dos Dark Tranquillity, respetivamente. Este evento promete cruzar música, espetáculo e celebração numa noite que se estende para lá das trevas e para lá das horas. Halloween United Data: 31 de outubro de 2025 Local: LAV – Sala Multiusos, Lisboa Horários: 19h30 – Abertura de portas 20h30 – Concertos: Sinistro, Dark Tranquillity, Moonspell 00h30 – After Show: WEIRDBOY, TATSH, Mikael Stanne B2B Fernando Ribeiro Bilhetes: 35€ Mais info: Facebook | Instagram | #moonspellofficial
Entrevista: “Queríamos romper com as amarras da estética do funk/soul dos anos 60”, João Cabrita (Cais Sodré Funk Connection)

Com 15 anos de carreira e um percurso marcado pela autenticidade e paixão pela música, os Cais Sodré Funk Connection apresentam o seu quarto álbum, Um Quarto na Rua Cor de Rosa. Este trabalho não só remete às suas raízes — uma rua que os viu nascer e crescer — como também celebra uma trajetória de evolução constante, marcada pelo funk e soul com uma identidade muito própria. Por Sandra Pinto Com letras em português e uma sonoridade que mistura groove, festa, melancolia e reflexão, a banda traz à tona histórias do quotidiano e sentimentos universais, sempre com um olhar fresco e criativo. Nesta entrevista com o músico João Cabrita exploramos os desafios e surpresas deste novo álbum, a dinâmica entre os membros da banda, as escolhas artísticas, e o que ainda os motiva a seguir em frente nesta viagem musical. “Um Quarto na Rua Cor de Rosa” é um título que remete às vossas origens. Que memórias ou sensações procuraram resgatar com este disco? A rua cor de rosa foi o local que nos viu nascer. E mesmo sem sabermos que o Musicbox ia sair de lá por estes dias, imaginámos que este conjunto de canções/estórias eram episódios possíveis de um bairro, observados de um quarto. São vinhetas da vida, sobre amor, desamor, reivindicação social, festa, melancolia, etc. Daí a associarmos à zona onde começámos foi um instante. E, continuando no jogo de palavras, este é o nosso quarto álbum. Este é o vosso quarto álbum e marca 15 anos de carreira. O que é que ainda vos surpreende ou desafia nesta viagem musical? Acho que nenhum de nós se apercebeu dos 15 anos a passar! Como todas as bandas, temos altos e baixos nas relações internas e externas, mas temos sobretudo um prazer em tocar este tipo de música uns com os outros. E acho que isto é o que contagia quem nos vê ao vivo. O principal desafio é conseguirmos, de álbum para álbum, superarmo-nos e surpreendermo-nos criativamente. O álbum é totalmente cantado em português. Como tem sido essa escolha ao longo do tempo — um desafio ou uma afirmação identitária? O português sempre foi um assunto falado na banda. Enquanto letrista tentei algumas vezes no passado escrever na nossa língua, mas nunca consegui encontrar um registo certo que juntasse o Silk e a Tamin a este género de música. Foi preciso entrar o NBC, com muita experiência a escrever e cantar em português, para desbloquearmos as coisas. Ele primeiro adaptou letras minhas em inglês, como o “Mau Perder” e o “Tem de ser”, depois apresentou alguns esboços que terminei, como o “De corpo e Alma”, e a seguir a coisa começou a fluir naturalmente. Acho que foi, para mim, mais um desafio, algo que nunca tínhamos feito antes, diferente dos outros trabalhos. E ficámos muito orgulhosos do resultado. “Vou Viver” é descrito como uma reflexão positiva sobre a fugacidade da vida. Como é que traduziram esse conceito numa canção com tanto groove? Embora a letra seja do David Pessoa, eu, enquanto compositor do tema, sinto que casou muito bem. Já havia um carácter de celebração no groove, de festa. E a letra, como a interpreto, também vai por aí. Temos de saber viver melhor. Estar mais uns para os outros, partilhar mais, ser a melhor versão de nós. Senão para que serve este tempinho em que cá andamos? NBC e Tamin partilham o protagonismo neste dueto. Como foi a dinâmica entre os dois na criação e interpretação do tema? Tal como no “Take it Like A Man”, no 2º álbum, e no “Back on Track” no 3º, achámos que neste tema esse carácter de celebração funcionaria melhor com ambos a contagiarem-se. E creio que se nota bem a energia a subir no desenrolar do tema. O videoclipe mergulha numa estética psicadélica dos anos 70. Como surgiu essa inspiração e como foi o processo de criação visual? Outra novidade, ou desafio neste álbum foi querermos romper com as amarras da estética do funk/soul dos anos 60. Abordámos soluções mais ecléticas, desde a pop, ao disco e muita coisa dos 70s. Ficámos muito satisfeitos por consegui-lo, e ao mesmo tempo mantermos a nossa identidade, ou som. Quando chegou a altura de fazer o Video, à conversa com o realizador Francisco Quera Gomes, pareceu-nos super lógico seguir por esta via. Ele, sendo um homem das belas-artes, que também pinta, tem uma abordagem muito plástica nas filmagens, que achamos que casou muito bem com a canção. São frequentemente referidos como os embaixadores do funk e soul feitos em Portugal. Como têm vivido essa responsabilidade? Realmente não há muita gente a fazer o mesmo som que nós. Ainda mais, agora em português, se calhar ainda menos haverá. Acho que a responsabilidade maior é sermos o mais verdadeiros possível no nosso trabalho e, como diz uma canção nossa, Don’t Give Up The Funk! O que mantém viva e atual a linguagem do funk e soul dentro da vossa abordagem musical? Há espaço para reinventar sem perder a essência? Excelente pergunta! Foi a isso mesmo que nos propusemos, e creio que conseguimos. E esse entusiasmo leva-me a crer que, para a frente, ainda podemos continuar a evoluir, reinventar… Somos pessoas com carreiras já consideráveis. Todos temos um som próprio, tanto individualmente como na banda. E creio que isso é a essência dos Cais Sodré Funk Connection. Já houve alterações na formação da banda, mas tu reconheces-nos em segundos. Portanto, creio que há espaço, sim. Vão celebrar o lançamento do álbum com um concerto na Casa do Capitão. O que pode o público esperar dessa noite? Vai haver surpresas? Aquilo que posso revelar, para já, é que vamos tocar a maioria dos temas novos. Vamos montar um especáculo novo em torno deste álbum, e experimentar algumas coisas novas. Também vamos recuperar algumas coisas do passado. Com 15 anos de estrada, que sonhos ou metas ainda faltam conquistar para os Cais Sodré Funk Connection? Neste momento queremos continuar a crescer e fazer música da qual nos …
Diamanda Galás regressa a Portugal em 2026 para três concertos intensos e catárticos

A mítica artista norte-americana Diamanda Galás regressa a Portugal em fevereiro de 2026 para três concertos únicos, numa digressão que promete ser um dos grandes momentos da agenda musical do próximo ano. A artista atua em Lisboa, na Culturgest (11 de fevereiro), no Theatro Circo, em Braga (14 de fevereiro) e na Casa da Música, no Porto (18 de fevereiro), em apresentações que celebram o passado, o presente e o futuro da sua obra radical e intransigente. A digressão portuguesa surge no contexto do lançamento de dois novos registos fundamentais na sua discografia: a reedição remasterizada de You Must Be Certain of the Devil (1988), e a estreia de De-formation: Second Piano Variations, gravado ao vivo na Pinault Gallery, em Paris, num espetáculo intimista à luz de velas. Ambos os discos serão editados a 1 de novembro de 2025, no Dia de Todos os Santos, uma escolha simbólica e coerente com o universo denso, espiritual e confrontacional de Galás. Um ícone da música experimental e da performance visceral Com uma voz ímpar, que vai do sussurro fantasmagórico ao grito litúrgico, Diamanda Galás é uma das artistas mais enigmáticas e respeitadas da música experimental contemporânea. Compositora, vocalista e pianista, construiu ao longo de quatro décadas uma obra profundamente ligada à denúncia da injustiça, da doença, do isolamento e da violência histórica — sempre marcada por um sentido dramático, ritualístico e imersivo. Filha de imigrantes gregos, nasceu em San Diego, Califórnia, em 1955, e cresceu entre o jazz, o gospel e a música clássica. Aos 14 anos já se apresentava como solista com a San Diego Symphony. Nos anos 1980, emergiu como uma figura disruptiva no panorama musical, com o lançamento de The Litanies of Satan (1982), inspirado na obra de Baudelaire, onde utilizava técnicas vocais extremas, gravações em camadas e distorções eletrónicas. A sua trilogia The Masque of the Red Death (1986–1988), composta pelos álbuns The Divine Punishment, Saint of the Pit e You Must Be Certain of the Devil, tornou-se um marco na arte militante, abordando a epidemia da SIDA e a marginalização dos infetados com uma intensidade emocional sem precedentes. Discografia essencial Ao longo da sua carreira, Galás lançou uma série de discos que desafiam classificações e géneros, entre a ópera, o jazz, o noise e a música contemporânea: The Litanies of Satan (1982) The Divine Punishment (1986) Saint of the Pit (1986) You Must Be Certain of the Devil (1988) Plague Mass (Live) (1991) The Sporting Life (1994, com John Paul Jones dos Led Zeppelin) Defixiones: Will and Testament (2003) All the Way (2017) Broken Gargoyles (2022) De-formation: First and Second Piano Variations (2019 / 2025) Desde a fundação da sua editora Intravenal Sound Operations, em 2017, a artista tem mantido uma atividade criativa notável, lançando novas obras e reedições com curadoria pessoal, sempre fiel a uma estética crua, desafiante e politicamente carregada. Concertos em Portugal marcam arranque da nova digressão mundial Os concertos em Portugal marcarão o início da nova tour internacional de Diamanda Galás, levando a artista a palcos icónicos do país. As atuações prometem ser mais do que concertos: serão experiências sensoriais e emocionais intensas, onde a música se funde com a performance e com o espaço, num ambiente denso e espiritual. Datas e bilhetes Lisboa – Culturgest🗓 11 de fevereiro de 2026, 21h00🎫 Bilhetes: 45€ Braga – Theatro Circo🗓 14 de fevereiro de 2026, 21h30🎫 Bilhetes: 35€ (17,5€ com cartão Pentágono e outros descontos) Porto – Casa da Música🗓 18 de fevereiro de 2026, 21h00🎫 Bilhetes: 45€ Uma artista inigualável Diamanda Galás não é apenas uma cantora — é um fenómeno artístico e espiritual. O seu regresso a Portugal é um convite à introspeção, à inquietação e à experiência do som como catarse. Para os seus seguidores e novos ouvintes, estes concertos serão uma oportunidade rara de testemunhar uma das mais intensas vozes vivas da música contemporânea.