Os Corvos voaram bem alto e tocaram o céu no Olga Cadaval
Um concerto emocionante que marcou o regresso da banda aos palcos e no qual foi homenageado o músico Cláudio P. Nunes, violoncelista que faleceu no passado dia 01 de janeiro.
A banda viajou pelos 18 anos da sua carreira num alinhamento musical onde revisitaram temas dos Xutos & Pontapés, os quais integraram o seu primeiro registo discográfico, “Corvos visitam Xutos”. A arte aliada à mestria da execução de instrumentos clássicos foi o ponto de honra e o grande destaque de uma noite deveras única.
Tim, vocalista dos Xutos & Pontapés brindou com a sua voz no tema “Remar Remar”, aproveitando para felicitar o grupo pela sua trajetória musical. Ponto alto do concerto? Muitos, mas o mais alto de todos talvez tenha sido “À Minha Maneira”, tocado com emoção em homenagem a Claudio P. Nunes. Foi com muita entrega e carinho que os músicos tocaram esta versão da autoria do amigo e companheiro Cláudio, que através dela demonstrou a sua dedicação, devoção e talento musical. Fez-se silencio no Olga Cadaval. No final o público aplaudiu de pé.
Em “Suspiro Noturno” é chamado ao palco João P. Nunes, contrabaixista e pai de Cláudio P Nunes. Mais uma vez, os Corvos mostraram o seu profissionalismo e a sua versatilidade. Acordes perfeitos onde o desafio sonoro dos instrumentos se passeou entre o clássico e o rock e onde a suavidade das melodias fizeram ecoar palmas infindáveis.
Basílio Horta, Presidente da Câmara de Sintra, sobe ao palco para numa homenagem póstuma entregar a uma medalha ao falecido músico. «Esta Medalha é a prova de solidariedade para com a família e o reconhecimento pelo talento deste jovem. Magnífico concerto de que o Cláudio, certamente, se orgulharia», frisou na altura. Na plateia lágrimas e palmas a assinalar mais um momento incrível num concerto memorável.
Temas como “Casinha”, “Homem do Leme”, “Não Sou o Único”, “Contentores”, “Circo de Feras”, “Remar Remar” fizeram ainda parte do alinhamento.
Findo o concerto, o público, emocionado, não arreda pé, “obrigando” a um encore com “À Minha Maneira” com Tim. «Só mais uma», ouve-se da plateia, e a banda regressa com “Sémen”.
O compasso da bateria, o dedilhar do contrabaixo e os acordes dos violinos fizeram destes “18 Anos Depois” um momento único e, certamente, irrepetível. Os Corvos são simplesmente extraordinários.
Texto: Maria José Santos
Fotos: Joaquim Machado