D.R.I. no RCA Club: Suor, caos e crossover
Na noite de 3 de julho, o histórico RCA Club, no bairro de Alvalade, encheu-se com uma multidão antecipando com avidez o regresso da lenda do crossover thrash, Dirty Rotten Imbeciles (D.R.I.), a Lisboa depois de 14 anos de ausência. A produção ficou a cargo da Hell Xis Agency, que apresentou ainda as bandas de abertura Simbiose e Diabolical Mental State.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
O RCA Club serviu de cenário perfeito para um concerto de thrash cru e direto. Apesar de ser uma sala com som menos potente que grandes arenas, a proximidade entre os artistas e o público intensificou (e de que maneira) a comunhão entre banda e a plateia. O resultado? Muito suor, mais empurrões, intenso stage diving e alucinante moshing a toda a largura da sala. Claramente o espaço certo para que os fãs sentissem a adrenalina pura que define um concertos dos Dirty Rotten Imbeciles (D.R.I.).
Ao longo de, aproximadamente 90 minutos, os norte-americanos oriundos de Houston, no Texas, brindaram o público com uma setlist que apresentou os temas de antigamente entrelaçados com canções mais recentes. Tudo certo num alinhamento equilibrado e pensado ao detalhe para não deixar ninguém descansar. A banda manteve enorme contacto com o público: o vocalista Kurt Brecht e o guitarrista Spike Cassidy exibiram uma energia vibrante e uma presença carismática no palco, enquanto a secção rítmica esmagou com precisão e força, tornando claro que a força dos D.R.I. permanece intensa décadas após o lançamento dos primeiros discos. O concerto dos D.R.I. em Lisboa reforçou a herança potente do crossover thrash com garra total: uma noite de nostalgia, fúria sonora e escuta ativa. A banda trouxe vigor e afinco, enquanto o público correspondeu com entrega total. Para quem gosta de concertos intensos e sem descanso, esta foi uma experiência memorável.
Os Simbiose aproveitaram a oportunidade de abrir para os D.R.I. para reafirmar a sua posição como uma das principais bandas crust/punk em Portugal. A performance rápida e direta causou impacto imediato: uma declaração sonora que não deixou dúvidas sobre a banda que estava prestes a subir ao palco principal. A sua atuação foi intensa e direta, com fúria musical e consciente. Num espaço pequeno, demonstraram que têm presença e impacto, mesmo num cenário partilhado com gigantes do thrash e do crossover.
Antes foi a vez dos Diabolical Mental State levarem o seu metal corporal e rítmico ao palco RCA. Com batidas groove densas e energia que instiga movimento, cada tema apelou ao headbanging. A banda focou-se em transmitir intensidade e impacto emocional, numa sintonia com letras que denunciam injustiça social, manipulação e crítica ao sistema. A sonoridade groove‑thrash, a energia controlada e a mensagem socialmente consciente encaixaram-se como aperitivo coerente antes da avalanche sonora dos veteranos do crossover thrash.
Dirty Rotten Imbeciles (D.R.I.)
Simbiose
Diabolical Mental State