À conversa com Rui Brito Jorge do INDOURO FEST
A música move montanhas e gera emoções únicas. A estas duas verdades, juntam-se tantas outras que fazem da música uma arte ímpar que nos emociona, transportando-nos para universos paralelos, perfeitos e harmoniosos. Será assim nos dias 02 e 03 de maio, quando acontecer a primeira edição do INDOURO FEST, como referiu Rui Brito Jorge, um dos mentores do festival.
Um é empresário, o outro é gestor. Em comum o amor pela música e a vontade de fazer acontecer coisas. Juntaram-se sob o nome de Ilha dos Flamingos, onde, aliando as suas respetivas competências profissionais ao empreendorismo, dão corpo e vida ao INDOURO FEST, festival de música que chega pela primeira vez este ano a Vila Nova de Gaia.
Quando e como surgiu a Ilha dos Flamingos?
A Ilha dos Flamingos surgiu em 2009, mas apenas assumi os seus destinos há cerca de três anos.
Qual o objetivo e atividade dessa plataforma criativa?
O objetivo é o de tentar proporcionar ambientes de comunhão entre o público, os artistas e a sua música, através da promoção de eventos, divulgação, booking e quaisquer outras formas de estimular o consumo de boa música, seja na vertente que for. Na sua trajetória, a Ilha dos Flamingos começou na área da world music, jazz e fado, estando agora direcionada para a música alternativa, nomeadamente indie/pop/rock e a revelação de novos valores da música moderna portuguesa.
Mas vocês já eram fãs e seguidores de música? É ela parte integrante da vossa vida?
A música faz parte da minha existência, desde sempre. Não consigo viver sem ela, sem a descobrir, sem a consumir. Sim, sou um melómano compulsivo, mas não daqueles que sabe a vida toda dos artistas e das bandas. Basta-me saber distinguir entre “boa” e “má”, ou aquela que me dá ou não prazer.
O Pedro gosta de música, mas não é compulsivo como eu.
Como surgiu a ideia de fazer um festival de música?
Foi uma ideia que foi ganhando consistência, através da trajetória sustentável que fomos percorrendo, até que surgiu esta oportunidade, a qual não hesitámos em agarrar.
E porquê este género de música?
Qual género? (risos), a verdade é que o cartaz está cheio de géneros musicais diferentes.
Como procederam à escolha das bandas?
Como podem calcular, não foram só estas as bandas convidadas para o INDOURO FEST. O line-up apresentado resultou de uma extensa lista. Este é um cartaz que entendemos ser coerente e equilibrado, mas, principalmente, que garanta satisfação ao público que vai comparecer, pela qualidade das muitas performances. Este foi, desde o primeiro momento, o cuidado principal que colocámos na escolha das bandas que convidámos: a qualidade das suas prestações ao vivo.
Foi difícil entrar em contacto com nomes como TOY ou Clinic?
Não, foi fácil… Mas, há piores… (risos).
E no caso das bandas nacionais? Como as selecionaram?
A divulgação de projetos nacionais é um dos nossos desígnios. Infelizmente, não tivemos a capacidade de poder acolher todos os projetos que nos foram propostos (várias dezenas), tendo optado mais na diversificação dos projetos que irão subir ao palco do Jardim do Morro.
Ainda em relação a estas (bandas nacionais) quais as mais-valias que o festival lhes pode trazer?
O INDOURO FEST irá proporcionar às bandas a possibilidade de atuarem perante um numeroso público, de venderem os seus CD’s e merchandising, mas, sobretudo, o de ficarem associados à primeira edição de um festival que irá, certamente, ser uma referência no futuro.
Têm o apoio logístico da Camara Municipal de Gaia. É importante envolver a população e as entidades oficiais num evento deste género?
Diria que é imprescindível, quer o apoio logístico, quer o envolvimento da população e das entidades oficiais.
Num altura em que se fala do turismo e da sua importância para a economia nacional, até que ponto a realização deste e outros eventos semelhantes pode desempenhar um papel importante na divulgação do destino, neste caso, Gaia, e até mesmo o Porto?
Sim, Porto e Gaia têm um cordão umbilical que os une para todo o sempre, e que é o Rio Douro. Realizando-se este evento na margem sul do Douro, não é menos verdade que está muito próximo do centro do Porto, da baixa, do coração da “movida” portuense. De referir que fica a 1500 metros da Estação de S. Bento.
Será, sem dúvida, um bom estimulante para estreitar, ainda mais, a sã convivência entre as duas cidades, que muitos encaram como uma só, como é o meu caso.
É fácil por de pé um festival deste tipo? Os apoios são suficientes ou antes pelo contrário escasseiam?
A pergunta é a brincar, certo? (risos)
Um festival nunca será fácil de organizar, mesmo para quem já os faz há muito. Os apoios nunca são os suficientes, mesmo para quem os tem e muito. Agora imagina para quem nunca fez nenhum e que não tem apoios nenhuns. Refiro-me apenas aos apoios financeiros, pois os outros, os logísticos, de divulgação, de solidariedade, esses temos os suficientes e bons.
Mas o esforço compensa, certo?
Ainda não sabemos, mas esperamos que sim! (risos) Para já compensa pela adrenalina sentida.
Expliquem-nos um pouco melhor como se vai desenrolar o festival…
Vão existir dois palcos com atuações alternadas, uma vasta área de restauração, de merchandising e espaços lúdicos. Tanto horários, como alinhamento detalhado das atividades serão divulgados em breve.
Qual a capacidade do recinto?
Prevê-se uma afluência de cerca de 15 mil pessoas entre os dois dias do evento.
Numa altura em que há tantos festivais de música em Portugal não receiam alguma dificuldade em fazer passar a vossa mensagem?
Sim, claro! Não receamos, temos a certeza dessa dificuldade. No entanto, entendemos que conseguiremos vencer, dado o formato do evento, por ser tão genuíno e diferenciador, com recursos igualmente inovadores num festival. Já para não falar na coerência do cartaz, que irá certamente satisfazer todos os que vão assistir aos concertos.
Para vocês o que diferencia este de outros festivais de música?
A coerência do cartaz, as acessibilidades imbatíveis, a urbanidade, a paisagem, entre tantas outras diferenças.
É este um projeto para continuar?
Sim, claro! Para continuar, aperfeiçoar e provavelmente redimensionar.
Não será uma resposta fácil, mas qual a banda que o público não pode mesmo perder do alinhamento do INDOURO FEST?
Quanto a nós, nenhuma mesmo. Todas elas foram escolhidas a dedo e fica desde já o apelo para que o público não desvalorize as primeiras bandas de cada dia, pois todas merecem ser apreciadas ao vivo. Todas têm identidade própria, estimulam a interação com o público, pondo-o, literalmente, a vibrar!
Mas salientamos aquelas que fazem a sua estreia absoluta em Portugal: Clinic, British Sea Power, Lola Colt, Tristesse Contemporaine, The Limiñanas e Lorelle Meets The Obsolete… tudo bons motivos para não perder nem um bocadinho do festival!
Convém mesmo é partir à descoberta, verdade?
Sim, acreditamos que algumas das bandas não são muito conhecidas do domínio público, mas é esse mesmo o nosso desafio: mobilizar as pessoas para o prazer da descoberta, ao invés de aderirem cegamente a nomes manipulados pelos grandes interesses comerciais e da indústria musical.
Mais sobre o INDOURO FEST em https://lookmag.pt/blog/ind-ouro-fest-2015/
Texto: Sandra Pinto




