À conversa com Daniel Cardoso do Comendatio Music Fest

À conversa com Daniel Cardoso do Comendatio Music Fest

by Look Mag Maio 1, 2025 1106 Views

Baterista, compositor e produtor, Daniel Cardoso é um dos nomes mais destacados do meio musical nacional. Com cartas dadas em bandas como Anathema e Weather Systems, tem vindo a desenvolver ao longo dos anos, e de forma simultânea com a faceta de multi-instrumentista, a sua carreira na produção musical no seu Öhme Studio.

A isto junta ainda a responsabilidade pelo Comendatio Music Fest, festival dedicado aos sons e movimentos da música progressiva moderna e ambiental, que este ano regressa ao Paço da Comenda, em Tomar, nos dias 21 e 22 de Junho, com 14 bandas em cartaz.

De tudo isto, e muito mais, se falou nesta conversa.

Mais conversas para ver aqui.

Tags : À conversa com, Comendatio Music Fest, Daniel Cardoso

Cravo: “Adoro canções dinâmicas, mesmo que às vezes não as faça”

Com o projeto Cravo, Simão Reis transforma o quotidiano em música e imagem, criando um universo íntimo e visualmente envolvente. Em “De Lado”, o lançamento mais recente do projeto, a inspiração surge da vida a dois e da necessidade de aceitar imperfeições e desacelerar diante do stress diário. Entre solos de guitarra, baladas delicadas e animações que capturam movimentos contínuos, a faixa reflete uma abordagem artística que combina música, ilustração e vídeo, sem colocar o artista no centro, mas sim a experiência sensorial e emocional do público. Por Sandra Pinto Nesta entrevista, Simão aka Cravo fala sobre o processo criativo, a evolução sonora do projeto e o compromisso de lançar uma nova canção por mês, mantendo sempre o seu gesto artístico autêntico e próximo da vida real. O que te inspirou a escrever “De Lado” e como surgiu a ideia de transformar o quotidiano num tema musical? De Lado é, como os outros cravos, uma forma de eu escrever sobre o que sei – o dia-a-dia. Neste caso, o que me levou a escrever esta canção foi uma certa vontade de dizer à minha mulher que é preciso ter calma para não se perder a cabeça com tudo e com nada. Eu próprio sou uma pessoa stressada e este tema acaba por ser para mim também. Fazemos de tudo para seguir planos e objetivos, mas é preciso ter a sabedoria de adaptar consoante o caminho que nos aparece. A letra fala sobre aceitar a imperfeição e viver com outra pessoa. Quais foram os elementos mais pessoais que quiseste transmitir nesta canção? Quis, acima de tudo, mostrar à Ju que não vale a pena andarmos aqui com discussões fúteis sobre o dono da “razão” ou sobre “porque é que algo não saiu como planeado” e que a atenção deve sempre no bem estar dos dois. Às vezes mais vale parar um bocado, fumar um cigarro e esperar. Como surgiu a expressão “de lado” no contexto da música, tanto liricamente como visualmente? Não sei se é uma coisa mais do norte mas é normal dizer-se que alguém vai “de lado” em contraposição com o “ir a direito” – cá em casa, sempre que queremos ir a direito, sai ao lado. Acho que a decisão de começar a aceitar que às vezes mais vale o “vamos indo, vamos vendo” foi das melhores que podíamos ter tomado. Não como um casal de bêbados que andam de lado e não sabem a quantas andam mas como um casal que se vai adaptando à vida como ela insiste em ser. Musicalmente, a faixa tem influências de Connan Mockasin e GNR. Como conjugaste estas referências para criar o som único de “De Lado”? Eu gosto muito do sentimento de proximidade que o Connan Mockasin consegue passar e como esta canção é um recado para minha mulher, senti que tinha que a tornar o mais íntima possível. Em termos líricos, depois de a ouvir muitas vezes na edição, como sei a perceber que ela tinha uma certa cadência de alguma canção dos GNR – até agora por identificar. O refrão é forte e a balada é guiada por solos de guitarra melódicos. Qual foi o objetivo ao criar esta mistura de suavidade e intensidade musical? Adoro canções dinâmicas, mesmo que às vezes não as faça. Foi o caso desta, eu não mexi muito nas dinâmicas da canção mas quis passar a ideia de que há um início, um meio e um fim – os solos de guitarra simbolizam uma espécie de beijinho que dou antes e depois de dizer à minha mulher para ter calma. A capa e a animação representam um casal de skaters a cruzarem-se “de lado”. Como escolheste esta imagem para complementar a música? Andei à procura de alguns vídeos para poder fazer rotoscopias e quando encontrei este pensei “bate certo, eles vão meio de lado”. Às vezes tenho mais sorte com os vídeos que servem de base para as animações e desta vez acho que tive muita sorte. A animação em loop transmite a ideia de movimento contínuo. Que mensagem queres passar aos ouvintes sobre a vida e a imperfeição? Que as coisas boas demoram. Que a paciência não é só uma virtude, pode ser algo mais. Que há uma certa continuidade que se deve manter. Eu faço tudo sozinho neste projeto, o mais difícil é acordar todos os dias com vontade de ser patrão e empregado ao mesmo tempo quando pouco ou nenhuma gente tem interesse no que faço. Mesmo assim, faço. O loop, seja nesta animação, seja nas anteriores, simboliza isso – eu preciso de continuar, de fazer isto e de manter uma certa constância, por muito que os frutos sejam todos dentro de mim. Os artistas nunca gostam de se intitular de artistas mas se o sou, o que me resta fazer é compor, gravar, editar, desenhar, etc. Em loop, até que me ouçam ou não. O projeto cravo combina música, animação e ilustração. Como equilibras estas três vertentes para criar um gesto artístico completo? Ajuda ter sempre algumas canções acabadas ou muito próximo disso. Eu comecei a lançar cravos em julho e nessa altura tinha perto de 50 canções para lançar. Entretanto acabei outras quantas e ando sempre a fazer rotoscopias e animações de temas ou objetos que gosto. Como lanço um cravo por mês, tenho que andar sempre a criar novos vídeos e animações mas tento nunca passar uma semana sem compor ou gravar alguma coisa. Mais uma vez, reina a ideia do “vamos indo, vamos vendo”. Cravo é um projeto independente que não coloca o artista no centro. Como surgiu esta abordagem e que impacto tem na forma como crias música e imagem? A abordagem surgiu por cansaço. O paradigma atual da música no geral mas da portuguesa em particular irrita-me. Diria que me mete nojo até. O projeto é recente mas eu tenho 34 anos e faço música desde os 13. Comecei a gravar e lançar música muito cedo. Já vi algumas transformações da cena musical na minha …
Noite dos Reis da Bazuuca volta a Braga com cartaz de luxo e dois dias de música

Braga prepara-se para receber mais uma edição da Noite dos Reis da Bazuuca, agora consolidada como um festival de dois dias que promete trazer uma experiência musical intensa e diversificada. O evento conta com o apoio do Município de Braga e decorre no Salão Mozart, reunindo nomes consagrados e novos talentos da música portuguesa. Entre os destaques do cartaz estão Mão Morta, Quadra e Travo, acompanhados por uma programação eclética que inclui desde bandas emergentes a atuações experimentais. O festival acontece nos dias 9 e 10 de maio, com os bilhetes gerais já disponíveis por 20€, enquanto as entradas diárias custam 15€. Os bilhetes podem ser adquiridos online na Membrzclub ou na bilheteira do Lustre, a partir das 22h30 nos dias do evento. A programação do festival alterna dois palcos principais, além da Sala Espelhos, que receberá sessões de DJs e apresentações especiais. Na sexta-feira, dia 9, destacam-se as atuações de Mão Morta no Palco Bazuuca e Quadra à 1h30, enquanto no sábado, dia 10, Travo assume o palco principal à 1h30, entre outros concertos que prometem agitar o público até de madrugada. Com uma mistura de rock, música eletrónica e propostas experimentais, a Noite dos Reis da Bazuuca consolida-se como um ponto de encontro cultural imprescindível em Braga, oferecendo uma programação que desafia géneros e gera novas experiências para os amantes de música.
À conversa com Nocturnus Horrendus dos Corpus Christii

Desde a sua formação em 1998, os Corpus Christii têm-se afirmado como uma das bandas mais enigmáticas e intensas do black metal português. Liderada por Nocturnus Horrendus, a banda construiu uma identidade própria, marcada por uma sonoridade densa, letras carregadas de simbolismo e uma abordagem ritualística à música. Em Lisboa, no próximo dia 28 de novembro, os fãs terão a oportunidade única de assistir a um momento histórico: a execução integral do icónico álbum The Fire God, um marco na trajetória da banda que continua a influenciar gerações de ouvintes e músicos. Nesta entrevista, vamos explorar a história dos Corpus Christii, os conceitos que moldam a sua música e a visão de Nocturnus Horrendus para este concerto especial, que promete ser mais do que um espetáculo, mas sim um verdadeiro ritual musical para todos os presentes. Todas as informações sobre o concerto aqui
A Perfect Circle em Portugal: um espetáculo imperdível no NOS Alive 2026

Os fãs portugueses de rock alternativo têm motivos para celebrar: A Perfect Circle, a icónica banda formada em Los Angeles em 1999 por Maynard James Keenan (vocalista, também conhecido pelo trabalho com os Tool) e Billy Howerdel (guitarrista e compositor), vai actuar no NOS Alive 2026, no dia 9 de julho, no Passeio Marítimo de Algés, no Palco NOS. Desde o primeiro álbum, Mer de Noms (2000), a banda conquistou a crítica com um som melódico, sombrio e introspetivo, explorando temas como perda, alienação e conflito interior. Seguiram-se Thirteenth Step (2003), com um enfoque em vício e recuperação, eMOTIVe (2004), um álbum de covers reinterpretados, e Eat the Elephant (2018), que marcou o regresso da banda com uma sonoridade mais madura, crítica e atmosférica. Maynard James Keenan explicou o processo criativo da banda: “I’m always writing. … I’m sure that Billy’s got a folder of fun stuff for me to dig through. It’s all about timing.” Billy Howerdel acrescentou: “Simplicity. He’s big on simplicity. Tempo. … I think there’s just more things to groove … in a way of a syncopated rhythm.” Sobre a intensidade emocional da criação, Billy disse ainda: “Sometimes I find myself … ‘Wow, I really like this, but man, this is fucking sinister … I’m in a not‑sleeping‑much and self-discovery mode. When I’m writing music, I’ve been full night‑terror … like, can’t-let-your-mind-rest thing.’” A banda é conhecida não só pela sua música intensa, mas também pelos concertos envolventes, com iluminação e cenografia que reforçam a atmosfera de cada álbum. Billy recorda o primeiro encontro com Maynard: “He had this fifty‑yard stare … I thought the guy was ready to jump off stage … That’s when I realized … that’s just how he was.” Ao longo da carreira, A Perfect Circle contou com músicos como Josh Freese (bateria), James Iha (guitarra e teclados), Matt McJunkins (baixo), entre outros membros notáveis, incluindo Paz Lenchantin, Troy Van Leeuwen e Tim Alexander. Esta diversidade contribuiu para um som versátil, mantendo sempre uma identidade própria. As influências da banda são variadas: Billy Howerdel traz ecos do rock alternativo e industrial, enquanto Maynard incorpora a complexidade progressiva do Tool. O resultado é uma música atmosférica e dramática, com riffs pesados, arranjos complexos e letras que exploram filosofia, política e emoções humanas profundas. Sobre o papel da música e do artista, Maynard comentou: “There’s always tragedies … and … this ‘thoughts and prayers’ thing … Why don’t you get off your ass and come help me?” Para os fãs portugueses, a atuação no NOS Alive 2026 é uma oportunidade única de assistir a toda a intensidade e originalidade da banda. A edição do festival decorre entre 9 e 11 de julho de 2026, e A Perfect Circle atuará no dia 9. O festival contará ainda com nomes como Twenty One Pilots e Nick Cave & The Bad Seeds. Os bilhetes já estão disponíveis, com preços a partir de 84 € para bilhete diário, 168 € para passe de dois dias e 199 € para passe de três dias. Com mais de duas décadas de carreira, marcada por inovação, intensidade emocional e autenticidade artística, A Perfect Circle continua a inspirar novas gerações. Portugal terá a oportunidade de experienciar ao vivo a combinação de melodia, peso emocional e espetáculo visual que apenas esta banda sabe proporcionar.
AS I LAY DYING regressam com novo single feroz e triunfante “If I Fall”

Os ícones do metalcore AS I LAY DYING estão de volta com força total. Liderados pelo emblemático vocalista fundador Tim Lambesis, a banda regressa à cena musical com o seu mais recente single, “If I Fall”, acompanhado de um vídeo oficial que já estreou no YouTube. Esta é a segunda faixa lançada desde a estreia em outubro do furioso single de regresso “Echoes”, que apresentou a nova formação da banda: Chris Clancy (baixo e vocais limpos), Bill Hudson (guitarra), Don Vedda (guitarra) e Tim Yeung (bateria). Com riffs incendiários, velocidade alucinante e uma intensidade melódica característica do metalcore, “If I Fall” combina linhas de guitarra ardentes com letras introspectivas e sinceras de Lambesis — a essência que os fãs da banda celebram há mais de duas décadas. Sobre a nova música, Tim Lambesis comentou: “Escrevi a primeira versão de ‘If I Fall’ antes mesmo de a nova formação estar completa e sabia que a canção tinha verdadeiro potencial. À medida que cada músico se juntava ao processo, esse potencial só cresceu — todos trouxeram algo que elevou o que eu já tinha começado. Musicalmente, a faixa antecipa o que é possível com esta energia renovada, e liricamente reflete o tipo de pessoas que quero ao meu redor para este próximo e melhor capítulo.” O vídeo oficial, de tom escuro e centrado na performance da banda, captura a energia e intensidade da faixa, mostrando porque é que AS I LAY DYING continuam a ser um nome incontornável no metalcore mundial. O single “If I Fall” já se encontra disponível para streaming e download, oferecendo aos fãs um vislumbre do que esperar desta nova fase da banda. Photo Credit: Tom Flynn

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