Sonia Falcone expõe no Palácio Nacional da Ajuda
A intervenção da artista boliviana Sonia Falcone nos salões do histórico Palácio Nacional da Ajuda alarga o horizonte e a visão dos visitantes.
A exposição Campos de Vida sugere uma combinação entre a história de Portugal e a arte contemporânea latino-americana. Sugere igualmente uma combinação entre a arquitetura e os objetos exibidos no Palácio e a última década de criação desta artista contemporânea, que representou o seu país em duas edições da Bienal de Veneza e que levou a sua obra-prima, Color Fields, a três continentes.
De uma forma que vai para além do alcance desta obra, que utiliza as cores e os aromas das especiarias das cozinhas do mundo, o seu projeto de intervenção no Palácio, Campos de vida, constitui um diálogo mediado pela arte entre as paisagens de Lisboa que rodeiam o Palácio e o esplendor da natureza da América do Sul.
Integra igualmente a narrativa história dos objetos do palácio, a presença das peças de arte que, por seu lado, evocam várias vezes este continente.
A visita organizada pela artista representa um movimento de encontro de cores entre várias épocas e espaços. Não só se reúnem os objetos dos séculos XVIII e XIX do Palácio com as peças de arte contemporâneas, como também são trazidos elementos da natureza e da cultura latino-americanas à Península Ibérica, usando um conceito de intervenção na paisagem.
O conjunto da sua criação projeta-se, agora, sobre o que Walter Benjamin chamava de “a espessura da história”, promovendo aproximações culturais. Tudo o que foi, em determinada altura, e que aí se encontra guardado pelo tempo no espaço do Palácio Nacional da Ajuda, volta a surgir perante os nossos olhos de uma forma renovada devido ao contacto e o contraste com a arte contemporânea de Sonia Falcone.