À conversa com o nutricionista Pedro Carvalho
Em tempos de isolamento social, em que todos devemos e temos a abrigação de estar em casa devido à pandemia causada pelo Covid-19, importa não descuidar a alimentação. Para nos ajudar falámos com o nutricionista Pedro Carvalho, director clínico do programa YES!diet
Numa altura como a que vivemos em que estamos fechados em casa quantas refeições devemos fazer por dia? Só as duas principais?
Não necessariamente. Cada pessoa deve tentar manter as suas rotinas ajustando as refeições aos novos horários e ao treino (caso esteja a treinar menos).
Ao nível das calorias ingeridas, e uma vez que não são gastas como na nossa vida normal, que quantidade será a adequada?
Dependerá das pessoas. Podem existir pessoas que até estão a ter mais tempo para treinar e a aumentar o dispêndio calórico. O aporte calórico terá de ser estimado de acordo com o peso, idade, altura, quantidade de massa gorda e muscular e nível de actividade física, daí ser essencial a avaliação por um nutricionista, podendo recorrer aos nutricionistas YES!diet que neste momento estão a dar consultas online gratuitas para todo o país.
Devemos agora ingerir que tipo de alimentos?
Manter uma alimentação o mais normal possível. Sabemos que esta é uma situação transitória e existem muitas pessoas que já trabalham em casa por norma. Não há nenhum factor neste momento que nos deva fazer mudar radicalmente a nossa alimentação. Sopa, fruta, legumes, carne, peixe, ovos, cereais integrais, lacticínios magros e frutos gordos continuam a ser a base de uma alimentação saudável.
O estar tanto tempo em casa pode gerar situações de stress que levam a um maior consumo de açucar. Que conselhos deixa para que tal não aconteça?
Ingerir alimentos doces que tenham baixa quantidade de calorias, como fruta, iogurtes magros não açucarados de aromas, snacks proteicos light (como os disponíveis na gama YES!diet), gelatinas light, gelados “de gelo” ou em miniatura. São pequenos prazeres que mantêm o comportamento alimentar estabilizado sem grande compromisso no peso e massa gorda.
Qual deve ser o comportamento relativamente às crianças?
As crianças podem cumprir com as mesmas orientações nutricionais do que os pais. É importante não ter em casa alimentos altamente calóricos como batatas fritas, bolachas, bolos, biscoitos e refrigerantes que sejam altamente apelativos quando se passa mais tempo em casa. Por isso todas as opções acima descritas são igualmente válidas para as crianças.
E quanto às pessoas que têm tendência para engordar? Como devem proceder relativamente à sua alimentação em casa?
Cumprir com as regras atrás descritas e procurar a ajuda de um nutricionista, uma vez que a “tendência” para engordar é um fenómeno mais comportamental do que fisiológico, ou seja tem mais a ver com o comportamento alimentar do que em diferenças substanciais no nosso metabolismo ou genética.
Será que podemos retirar algum ensinamento desta situação?
Que muitas modas alimentares como os “super” alimentos, detox e demonização de glúten e lacticínios caem por terra em situações de verdadeira necessidade. Seria bom sairmos desta situação com as nossas prioridades alimentares bem definidas.
E quando voltarmos à vida normal, como devemos fazer o regresso relativamente à alimentação?
Nada de abusos, certo? (risos)
Os abusos normais de fim de semana em contexto social, até porque estaremos todos desejosos de que tal volte a acontecer. Uma alimentação saudável tem de ser flexível e sem fundamentalismos. Da mesma forma que a quarentena não deve ser um período com “carta branca” para comer o que se quiser e é necessário controlar os danos, o pós-quarentena não deve igualmente ser um período de “vingança” alimentar tentando aproveitar em pouco tempo todas as coisas que se deixaram de comer. Retomando o treino há mais margem de manobra para extras na alimentação, mas o equilíbrio é sempre a palavra de ordem, pois a saúde física e mental deve estar sempre em primeiro lugar.