“Serão os Joy Division a banda mais importante dos anos 80? Não tenho dúvidas sobre isso”, diz Jon Marx

O que têm em comum os Pink Floyd, os Velvet Underground, os Roxy Music e os Joy Division para lá da excelência da sua produção musical?

As quatro bandas perderam um elemento fundamental (Barrett, Cale, Eno e Curtis) após a gravação do soberbo segundo álbum (A Saucerful Of Secrets, White Light/White Heat, For Your Pleasure, Closer).

As três primeiras seguiram em frente e acabaram a produzir um dos seus melhores trabalhos (Atom Heart Mother, The Velvet Underground e Stranded). No caso dos Floyd há dois discos pelo meio, mas More é resultado de uma encomenda e Ummagumma é um híbrido ao vivo anexo a um conjunto de gravações individuais de cada um dos membros da banda.

Das sombras para a luz. Do túmulo para a ressurreição

O processo Joy Division é ligeiramente (mas apenas isso) diferente. Apesar da continuidade da banda nunca ter estado em causa, mudam de nome, gravam um terceiro álbum menor, resultado da indefinição na própria formação da banda e da relação tempestuosa com o produtor de sempre. Se descontarmos o tropeção em Movement chegamos ao brilho de Power Corruption & Lies.

Se o mito dos Joy Division assenta, inevitavelmente, na forma como Curtis morreu, na elegia de Atmosphere e na marcha fúnebre de The Eternal e Decades, as peças centrais desse monumento às sombras que é Closer, a magnificência da banda é demonstrada na capacidade de produzir, logo de seguida, um trabalho tão luminoso como Power Corruption & Lies. Das sombras para a luz. Do túmulo para a ressurreição.

Os Joy Division são a banda independente que deu certo

Serão os Joy Division a banda mais importante dos anos 80? Não tenho dúvidas sobre isso. Foi uma década em que era impossível entrar num clube e não ouvir Blue Monday, Confusion, The Perfect Kiss, Subculture ou Fine Time. Sem os Joy Division, a Factory não teria sobrevivido. Sem o dinheiro dos Joy Division não haveria Haçienda, o mítico clube de Manchester. Sem Joy Division não teríamos Madchester, Happy Mondays, Screamadelica, o Verão do Amor. Os Joy Division são a banda independente que deu certo.

É extraordinário que a nossa banda favorita da adolescência (e, muito provavelmente, de sempre) encabece o cartaz de festivais no mundo inteiro e acabe os seus concertos com 40,000 pessoas a cantar Love Will Tear Us Apart. 40 anos após a morte de Curtis (e apesar dela), os Joy Division já não são um segredo mal guardado de um pequeno grupo de seguidores. Citando os Wombats, ‘Let’s Dance To Joy Division’.

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