Moonspell celebram 25 anos de Irreligious numa Lisboa cercada
Mais de um ano depois de com eles termos estado no Capitólio, regressámos à companhia dos Moonspell. Se bem que de forma virtual (já explicamos o motivo) a verdade é que a emoção estava lá, bem como a entrega tanto da banda como do público.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Joana Marçal Carriço
Ontem foi uma noite plena de sentimentos. Comecemos pelo venue onde aconteceu o evento. Se todos éramos fãs e habitués do antigo LAV, parece-me que mais depressa seremos deste. Pois é verdade, a casa de espetáculos mudou de morada e pelo que nos foi dado ver pela transmissão, estão ainda melhor acomodados.
Passemos para o cerco de Lisboa, como chamou Fernando Ribeiro à situação pela qual a capital passa este fim-de-semana. Devido ao agravar dos números da pandemia, o Governo decidiu implementar novas regras sendo que uma delas proíbe as entradas e/ou saídas da Área Metropolitana de Lisboa. Sendo da total responsabilidade das autoridades governamentais, não nos compete a nós indagar do bom ou mau fundamento da decisão, mas podemos, isso sim, discordar em absoluto da maneira como foi tomada, com total desrespeito pelo trabalho que o sector da cultura tem vindo a fazer para se reerguer, uma vez que a decisão foi anunciada 24 horas de se tonar efetiva. Errado, muito errado! Em consequência, muitos foram os eventos cancelados.
Mas não os concertos dos Moonspell. Tendo expressado publicamente o seu repudio pela decisão governamental, a banda decidiu avançar com os dois concertos agendados para este fim-de-semana na capital. Assim, foi numa «Lisboa cercada», como referiu Fernando Ribeiro, que ninguém se amedrontou tendo sido muitos (os possíveis dadas as circunstâncias) a encher o novo LAV nesta primeira noite.
Se o tema base do concerto era a celebração do segundo álbum de estúdio da banda, lançado 29 de julho de 1996, como fez questão de recordar Fernando, o alinhamento do concerto foi mais além. Até porque como referiu o vocalista «naquela altura ainda fazíamos álbuns pequeninos, depois viemos a aprimorar a nossa arte».
A primeira parte do concerto seguiu à risca o disco. Assim, “Perverse… Almost Religious” deu o pontapé de saída (não resisti, hoje joga a seleção) seguida da sempre incrível “Opium”.
Por esta altura, o público já estava mais do que agarrado ao que se passava em cima do palco. De olhos pregados na banda, percebemos pelas imagens que nos iam chegando que quem ali estava era fã incondicional dos Moonspell e jamais iriam faltar ao chamamento. A noite seguiu com “Awake!” e “For a Taste of Eternity”. Se por acaso a esta altura do texto alguém questiona se o público estava de pé, a verdade é que não. Pois, além de a sala não estar com a lotação toral, o público estava sentado…e de máscara. A cultura é segura, lembram-se? Pois, também, nos concertos de metal assim acontece.
“Ruin & Misery” deu lugar a “A Poisoned Gift” à qual se seguiu “Subversion”. Por entre cada uma delas além das palmas, era gritada em uníssono a palavra da noite, Moonspell. A força com que a mesma era dita dava a entender na perfeição as saudades que o público já tinha da sua banda de sempre, percebia-se nos olhos por detrás das máscaras a emoção com que ali estavam. “Raven Claws” deu continuidade ao alinhamento da primeira parte, seguida das três músicas finais do álbum: a sempre simbólica “Mephisto”, a impactante “Herr Spiegelmann” e a para sempre inesquecível “Full Moon Madness”.
Por esta altura as cadeiras eram pequenas para acomodar a energia do público, mas ninguém falhou no cumprimento das regras e o headbangingfoi feito ali mesmo, pois não há pandemia que impeça uma cabeça livre (literalmente).
Intervalo curto, pois as condições a isso obrigaram, a banda regressa a palco para um encore. Nele visitaram três dos mais emblemáticos registos discográficos da sua já longa carreira. Começaram com “In And Above Men” e “From Lowering Skies” do álbum Antidote lançado, em 2003, seguiram a noite com “Abysmo” de Sin-Pecado, datado de 1998, um trabalho que não só marcou a carreira dos Moonspell, como a forma como o metal era feito em Portugal, e terminam da melhor forma numa emociona visita ao fabuloso Memorial de 2006 com dois temas, “Finisterra” e “Blood Tells”.
Com a emoção ao rubro, Fernando Ribeiro afirma «ainda temos 10 minutos, Ricardo agarra na tua guitarra…tu mandas», para surgirem no ar os primeiros acordes de «Alma Mater», o verdadeiro hino da banda lançado em 1995 no. para sempre imortal, Wolfheart. Hoje haverá mais com o segundo concerto dos Moonspell.
Para hoje o cardápio servido no LAV será muito especial pois, incidirá sobre o novo álbum, Hermitage.
Aos que se questionam porque no início do texto afirmámos que assistimos de forma virtual é altura de esclarecer que para receber o máximo de público, os jornalistas assistiram via streaming ao concerto. E vocês, se não têm bilhete para estar fisicamente no LAV, também o podem fazer pois o concerto vai estar disponível durante 96 horas, assim como o concerto de hoje.
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