Capa de vinil sobre tapete vermelho – THE BEATLES – A HARD DAY’S NIGHT (1964)
Comecemos pelo princípio. Este foi o primeiro disco que comprei ou, para ser mais correcto, que a minha avó me comprou numa ida ao El Corte Inglés de Vigo, no longínquo ano de 1972 (acho), tinha este vosso mais-que-tudo uns 10 anitos.
Por Jon Marx
E porquê os Beatles, e porquê este e não outro álbum mais bem esgalhado, como o Revolver ou o Rubber Soul? Não faço ideia. Se calhar era o único que havia. À época, a rádio passava bastante o Let It Be (a canção) e o Get Back, o Ob-La-Di Ob-La-Da servia de mote a uma publicidade a uma marca de gelados e a televisão transmitia, à hora de almoço, os The Beatles Cartoons, com grande destaque para a fase merseybeat, com o Help, Can’t Buy Me Love ou I Wanna Hold Your Hand. Pode ter sido por isso.
Como é típico nas edições espanholas (esta é uma gloriosa edição da Compañia del Gramofono-Odeon, S.A.E., de Barcelona), o título e as notas na contracapa (da autoria do famoso Tony Barrow, colaborador de Brian Epstein numa fase inicial da carreira da banda) estão traduzidas para a língua nativa, transformando um fleumático A Hard Day’s Night num melancólico Que Noche La De Aquel Dia, muito apropriado para abrilhantar uma noite de versões num hotel de Torremolinos.
O disco passou a fronteira sem sobressaltos de maior, escondido no meio dos caramelos, botelhas La Pitusa e muñecas (não eram para mim), numa altura em que as filas para as revistas aos carros que regressavam à terrinha podiam demorar quase tanto como o trajecto de Vigo ao Porto.
Durante algum tempo foi o único disco que possuí, o que dá para ver pelo estado em que se encontra a capa. Já não toca há uns bons 40 anos e é bem possível que passe outros 40 sem tocar. Mas foi o primeiro. E os discos são como as chupetas, difíceis de largar.