Within Temptation na Sala Tejo: mais do que um concerto uma noite de intensas emoções
Os Within Temptation trouxeram a “Bleed Out Tour” a Lisboa para duas noites esgotadas. Fomos na segunda atuação dos holandeses e o que vimos e sentimos tão depressa não vamos esquecer.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
A sala estava literalmente a rebentar de expetativa antes da chegada a palco de um dos porta-estandartes do metal sinfónico mundial. Com a sua característica mistura de encenação teatral, vocais eletrizantes e narrativa pungente, os Within Temptation deram um concerto que ficará com os fãs durante muitos anos.
Ao longo do alinhamento, conforme a banda começou a trazer a palco os seus grandes temas, ficou claro que a produção ao vivo dos Within Temptation é um “banquete” tanto para os olhos como para os ouvidos. Cada membro da banda recebia o devido destaque, enquanto os ecrãs digitais envolviam o palco com imagens intensas que elevavam a narrativa e a intensidade de cada música. Por entre pulsações intensas da mais crua emoção, passando pela entoação conjunta das letras entre público e Sharon den Adel até à crescente entrega de cada pessoa da plateia, era por demais evidente que a noite estava ganha e que seria para sempre recordada por quem a experienciou.
A banda canta sobre a guerra, fala sobre isso em entrevistas e tenta ajudar o máximo que pode. Não é por acaso que a abrir o concerto estiveram os ucranianos Blind8, oriundos de Kiev, e com quem a banda gravou recentemente a música Labyrinth, e que em dois temas os holandeses contaram com a participação de Alex Yarmark, cantor oriundo de uma região da Ucrânia ocupada. Mas antes do prato principal musical da noite houve ainda tempo para os germânicos Annisokay, que contaram com a participação da Sharon no tema «Like A Parasite» e ainda tocaram uma versão de «One Step Closer», dos Linkin Park.
O papel central da vocalista Sharon vestida espartilho preto, saia, botas de cano alto e, na introdução, máscara, é de uma classe inquestionável. Sharon den Adel, com sua mezzo-soprano com alcance de cinco oitavas, não precisa de usar playback (apenas bases musicais pré-gravadas com coros foram usadas durante o concerto) e mesmo tendo chegado aos 50 anos, ela consegue proporcionar um espectáculo como poucas.
Um dos momentos em que a sala quase veio abaixo aconteceu quando Tarja Turunen subiu ao palco. Uma das fundadoras e antiga vocalista da banda finlandesa Nightwish mostrou de forma impressionante porque foi corada como a rainha do metal sinfónico. Para os fãs de ambas as vocalistas, foi um verdadeiro sonho tornado realidade ter tido o privilégio de as ver ao vivo, a interpretar em conjunto músicas que tanta emoção aportam.
A oportunidade de viver estas duas cantoras extraordinários no mesmo palco, de mãos dadas e dando espaço uma à outra para brilhar foi um dos momentos mais belos que se podia ter vivido, sendo que a perfeição e harmonia alcançada entre as duas foi absolutamente impecável: a incrível interação destas duas vozes fantásticas foi um dos melhores momentos a que tivemos a sorte de assistir este ano. Perfeição absoluta.
Blind8
Annisokay
Within Temptation