Vagos Metal Fest 2023 Dia I. A magia da música dos Sepultura encheu a alma dos festivaleiros
Numa peregrinação anual, chegámos a Vagos para a edição deste ano do Vagos Metal Fest. Como sempre, o entusiasmo era muito e a vontade de rever amigos e assistir a bons concertos estava em alta. Sem mosquitos mas com muito vento foi assim o primeiro dia do festival.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
Começamos o dia com os Vendetta Fm, ou como quem diz os Vendetta Fucking Metal. Oriunda de Espanha, a banda de hardcore formada em Múrcia no ano de 2007 deu uma concerto repleto de power e muita energia. Claro que quem esteve no festival em 2019 não terá ficado espantado com tamanha energia uma vez que os espanhóis integraram o cartaz dessa edição. Neste regresso trouxeram um novo EP, apelidado de Apología del Fracaso que foi lançado em 2022. Dono do microfone, Jacob deu uma performance poderosa que cativou desde logo o público presente. Com uma sonoridade intensa e um ritmo imparável, os Vendetta Fm souberam apelar ao sentido dançante dos metaleiros ali presentes os quais não se fizeram de esquisitos e embarcaram na dança. Temas como Apología del Fracaso ou Llama Inmortal foram muito bem recebidos.
Atuação explosiva foi o que nos deram os Besta. Caramba que grande concerto Paulo Rui e seus companheiros nos ofereceram! Mesmo quem não é fã de grindcore no final estava absolutamente rendido, tal a intensidade do que ali se passou. Com um novo registo discográfico, os Besta agarraram os público logo desde o primeiro instante, quando o vocalista diz “bem-vindos os ritual dos Besta”. Daí para a frente foi um desfilar de energia em catadupa que teve reflexo na agitação que aos poucos foi tomando conta dos corpos doa seres humanos que compunham o público. Sem aviso prévio, Paulo Rui lança-se sobre a massa humana num crowsurfing muito bem recebido pelo público. Composições repletas de agressividade, intensidade nas interpretações por parte dos músicos e o poder da voz fizeram deste concerto dos Besta um dos melhores que já vimos! Venha o próximo!
Tínhamos alguma curiosidade para ver os Be’Lakor e não ficámos desiludidos. A banda veio da cidade australiana de Melbourne e com ela trouxe o seu death metal melódico e progressivo que muito nos agrada. Com Elliott Sansom, na bateria, George Kosmas, na guitarra e voz, Shaun Sykes, na guitarra, John Richardson, no baixo, e Steve Merry no piano e teclados, os Be’Lakor foram buscar nome da banda à personagem Be’lakor the Dark Master, do jogo Warhammer Fantasy. A elegância com que se apresentam em palco é a mesma que lhes reconhecemos em disco, e com isso ficámos rendidos. Nascidos em 2004, tomaram conta do palco do Vagos e do nosso coração! Musicalmente extremamente criativos, os australianos têm vindo a granjear um número crescente de fãs desde 2007, data de lançamento do seu primeiro registo discográfico, o que se percebeu bem no concerto. Agora é vir em nome próprio (fica a deixa)!
Os Dieth não são uma banda, ou melhor são uma super banda. Fundada na cidade polaca de Gdańsk, Polônia surgem na junção de três forças das mais poderosas em seus respetivos estilos: o guitarrista/vocalista Guilherme Miranda (ex-Entombed AD), o baterista Michał Łysejko (ex-Decapitated) e o baixista David Ellefson (ex-Megadeth). “In The Hall of the Hanging Serpents” foi o disco que, lançado em meados de 2022, serviu de base ao alinhamento. Recebido com emoção por parte dos fãs, marcou o ressurgimento destes três colossos unidos numa única força musical. Praticantes de um death & thrash metal souberam ir além dos estereótipos para criar um novo som carismático com o qual deixaram todos rendidos. Rico e abundante em riffs poderosos, grooves criativos e letras intensas granjearam definitivamente um dos pontos altos do do primeiro dia do festival.
A festa chegou com os piratas Alestorm. Em cima do palco um enorme pato de borracha amarelo serviu de cenário à banda que vestida de kilts no seu padrão mais tradicional, fez com que todos mas mesmo todos os festivaleiros se entregassem à dança e à animação. Um circle pit intenso em participação.
Com mais de três décadas de atividade os portugueses Sacred Sin sabem o que fazer para dar um grande concerto. Se o sabem, melhor o praticam, como aconteceu no Vagos Metal Fest. Verdadeiras lendas do death metal nacional, chegaram para apresentar o seu mais recente álbum, Storms Over The Dying World, e não podia ter corrido melhor. Com uma prestação sólida e possuidora de uma tremenda qualidade musical, a banda fundada em 1991 mostra que não só sabe fazer bons discos como dar excelentes concertos. Do topo do Olimpo musical surge Tó Pica. Empunhando a sua guitarra, o músico mostra porque é hoje um dos maiores guitarristas portugueses.
Por esta altura da noite já o recinto se encontrava bem composto perante o palco principal onde os Sepultura eram aguardados com alguma ansiedade. Criada em 1984 pelos irmãos Max e Igor Cavalera, em Belo Horizonte, nos estado brasileiro de Minas Gerais, os Sepultura têm uma história de altos e baixos, brigas e zangas, mas sempre muito boa música. Hoje os irmãos Cavalera já não integram o coletivo mas a sua influência persiste. Os Sepultura de 2023 são formados pelo vocalista norte-americano Derrick Green e pelos brasileiros Andreas Kisser, na guitarra, Eloy Casagrande, na bateria, e Paulo Jr., no baixo, o único músico da formação inicial que esteve presente no lançamento de todos os álbuns. Verdadeiramente marcantes, trouxeram uma setlist de luxo num concerto que vai ficar na memória de todos os que assistiram. O último registo discográfico, “Quadra”, lançado em 2021, garantiu aos fãs que a banda está viva e cheia de garra para dar concertos demolidores, como aquele que deram no Vagos Metal Festa 2023. Mas nem só de temas de Sepultura de fez o concertos, onde foram tocados “War Pigs”, dos Black Sabbath e “Polícia”, dos brasileiros Titãs. Dono de uma tremenda capacidade vocal, o vocalista Derrick Green mostrou ser bem capaz de cantar clean quando interpretou “Machine Messiah”. A fechar a tremenda Roots Bloody Roots que encheu a alma dos festivaleiros os quais se mostravam deveras felizes no fim do concerto com um rasgado sorriso no rosto.
Vendetta Fm
Besta
Be’Lakor
Dieth
Alestorm
Sacred Sin
Sepultura