Under The Doom Festival 2024 Dia I: Quando o black metal dos Rotting Christ nos preencheu a alma
O regresso mais do que desejado do Under The Doom Festival aconteceu este ano e não podia ter sido melhor. A primeira noite revelou-se num misto de emoções que se transformaram em instantes que nunca mais ninguém vai esquecer.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
A edição 2024 do Under The Doom Festival começou ao som do black metal dos portugueses ANZV. A misteriosa banda que temos vindo a acompanhar, consegue a cada apresentação crescer mais e mais. A magia misteriosa da sua música consegue cativar os ouvidos dos que iam chegando à Music Station. Perto do palco, é o cheiro do incenso que nos transporta para as paisagens sonoras que de tão misteriosas são capazes de nos envolver num abraço ao qual já não queremos escapar. Envoltos numa musicalidade transcendente, os ANZV deram, mais um, belíssimo concerto.
O alinhamento prosseguiu com os Process Of Guilt. Tendo nós falado com a banda num preview do festival (podem ver aqui), sabíamos o quanto estavam entusiasmados por regressar a tocar num evento onde já tinham participado. Há algo de hipnótico na forma como os Process Of Guilt se apresentam. A intensidade com que se entregam na execução da sua música, torna-se viciante para quem, como nós, os acompanha há (muitos) anos. A sua apresentação foi o toque certo, na altura certa de um alinhamento de bandas que se iam encadeando na perfeição.
De França chegam depois os Seth. Pioneira do universo do black metal por terras de Maria Antonieta, a banda brindou os presentes (cada vez em maior número) com o seu “romantismo” musical que nos encantou. Tendo lançado o seu mais recente trabalho discográfico em julho passado pela Season Of Mist, foi em “La France des maudits” que ancoraram parte do seu alinhamento. Quem não os conhecia mostrou-se surpreendido, pelo que (garantidamente) os franceses foram-se embora de Lisboa com mais umas boas dezenas de fãs.
Originária de Bergen, os noruegueses Borknagar eram aguardados com muito entusiasmo e espectativa. Fundada em 1995 por Øystein Garnes Brun, a banda combina no seu som muito particular o black e o folk metal, pontuando-o com elementos progressivos e melódicos. Viajando, a nível lírico, por universos tão dispares como filosofia, paganismo, natureza e cosmos, os Borknagar conseguem agarrar diferentes tipos de seguidores. O seu mais recente lançamento, “Fall”, chegou este ano via Century Media tendo de imadiato cativado os ouvidos dos seguidores. Ao vivo o som dos noruegueses transcende os limites do black metal progressivo, oferecendo uma experiência auditiva rica em texturas, temáticas e musicalidade. Ali, em cima do palco os Borknagar solidificam ainda mais a sua posição de destaque no panteão do metal progressivo.
E eis que chega o momento: os Rotting Christ sobem ao palco da Music Station para um concerto memorável, a todos os níveis. Vindos da Grécia e formados em 1987, a banda atualmente consiste em Sakis Tolis, vocal e guitarra, Themis Tolis, bateria, Kostas “Spades” Heliotis, baixo, e Kostis Foukarakis, guitarra solo. Sakis Tolis é um frontman envolvente, oferecendo, em conjunto com os seus companheiros, uma performance dramática e energética. Tendo regressado aos discos com o lançamento este ano de Pro Xristou, os gregos souberam pontuar a sua apresentação com um alinhamento rico e que foi, visivelmente, do agrado do público. A perfeição imperfeita dos vocais funde-se com os riffs bombásticos. Tudo se encaminha rumo a uma verdadeira extravagância de metal alucinante que só uma banda como os Rotting Christ são capazes de oferecer, deixando cada pessoa do público absoluta e verdadeiramente emocionada durante toda apresentação.
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