Toy Dolls no TMN ao Vivo
Desde que abriu, a sala TMN ao Vivo tem vindo a receber um número crescente de concertos de todos os géneros, línguas e feitios. Mas, tendo já visto por lá nomes importantes do hard core, do rock, do indie, a verdade é que se contam pelos dedos de uma mão as vezes em que vimos a sala lisboeta com a quantidade de pessoas e o ambiente que por lá se viveu no dia 26 de Outubro.
O motivo? Simples e legítimo: o regresso a Lisboa dos Toy Dolls. A banda formada em 1979 em Sunderland, no norte de Inglaterra regressou à capital para arrasar, e arrasou!
O pontapé de saída para uma noite, no mínimo inesquecível, foi dado pelos portugueses Mata Ratos. Reza a lenda que, nascida no início de 1982, a banda veio de Oeiras para atazanar o Portugal de então. Míticos concertos preenchem a memória dos que tiveram ocasião de assistir às prestações do colectivo original; os outros, puderam no sábado passado perceber como tudo era loucamente alucinante naquela época. Daquele tempo permanece Miguel, o carismático vocalista que demonstra ser não só a alma da banda, como a sua imagem de marca, trazendo ao TMN ao Vivo os trejeitos que lhe reconhecemos dos concertos da década de 80.
Figura incontornável do movimento punk inglês, os Toy Dolls ainda mexem…e de que maneira! Mal se soube do seu regresso ao nosso país começaram-se a delinear diferentes planos de acção: onde deixar as crianças naquela noite, como arranjar boleia para chegar a Lisboa, onde jantar ou a que amigo pedir guarida no pós-concerto. Fossem quais fossem os diferentes planos de ataque, a verdade é que todos correram bem pois eramos muitos os que naquela noite nos cruzámos na sala à beira do Tejo.
Entre o público comentavam-se as actuações épicas da banda em concertos anteriores, o último deles há cerca de nove anos. Já no final, os comentários passaram a incidir sobre este concerto também ele épico e memorável onde o trio deu, literalmente cabo do público, que, sem se fazer rogado, dançou, pulou, fez crowd surfing, aterrou de cabeça (sim, vimos pés ao lado de cabeças…), enfim, a dita da loucura.
Sangue, suor e lágrimas?! Nada disso! Nesta batalha foi mais suor, encontrões e stage diving…vai um, vão dois, vão três, tantos que os seguranças se viram aflitos para dar conta do recado. O pretexto deste regresso foi o mais recente registo dos Toy Dolls, The Album After The Last One, mas o alinhamento foi muito mais longe, com as vozes afinadas do público a acompanhar em músicas míticas como “Nellie” ou “My Girlfriend’s Dad’s a Vicar”.
A boa forma demonstrada por Michael “Olga” Algar, Duncan Redmonds e Tom Goober foi impressionante e a sua simpatia notada por todos. Donos de um som muito próprio que viria a influenciar bandas como os Green Day, os Toy Dolls mostraram bem porque merecem a fama que têm e porque são, muito justamente, considerados como uma das bandas mais influentes no que ao punk rock diz respeito. Considerado um dos maiores guitarristas de sempre, ver Olga tocar ao vivo e a cores é algo de impressionante, um privilégio testemunhar tamanha qualidade!
No final, saímos, uns mais do que outros, suados, com calor e algumas nódoas negras, mas com a alma punk cheia e muito feliz! Isso já ninguém nos tira!
Ambiente
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro