Por que é que há cada vez mais pessoas nos festivais de música? De onde vem o interesse das marcas nestes eventos? Os festivais portugueses vão crescer ou entrar em declínio? Estas perguntas vão estar em destaque no Talkfest ‘13, ciclo de conferências e concertos para falar e ouvir boa música.
Depois do sucesso da primeira edição, o Talkfest regressa em 2013 e acontece 6 e 8 de Março no ISEG. Os oradores anunciados convencem a garantir já a entrada para o evento e incluem nomes como António Freitas (Antena 3 Rocks), Joaquim Albergaria (PAUS), Hunter Halder (Re-food), Rui Miguel Abreu (Antena 3/Blitz) e Zé Pedro (Xutos e Pontapés).
Num evento sobre música, não podiam faltar concertos e o cartaz juntou algumas das bandas nacionais de quem mais se fala ultimamente. E há razões de sobra para falar delas, mais ainda para as ver ao vivo na Aula Magna (por 10 euros).
Capitão Fausto (6 Março)
Tiveram uma ascensão meteórica e percebe-se porquê. Trouxeram uma lufada de ar fresco à música portuguesa com a sua pop progressiva e instalaram-se entre os nomes mais interessantes das bandas actuais. Gazela é o primeiro disco editado pelo grupo, do qual fazem parte Tomás Wallenstein, Domingos Coimbra, Manuel Palha, Francisco Ferreira e Salvador Seabra. Materializam influências de Arctic Monkeys, Beatles, Tame Impala, Jimi Hendrix e Pink Floyd.
Depois de um Verão preenchido com actuações em palcos importantes, desde o Super Bock Super Rock ao Paredes de Coura, sem esquecer o Bons Sons, continuam cheios de vontade de trabalhar. No último mês lançaram dois novos telediscos (‘Verdade’ e ‘Sobremesa’) e continuam a preparar o próximo álbum.
Salto (6 Março)
Do Porto têm chegado bandas de talento enorme e ímpar. Os Salto são um desses fenómenos recentes e trazem melodias frenéticas com refrões que ficam logo no ouvido. É música jovem com cor e muita qualidade. Guilherme Tomé Ribeiro e Luís Montenegro fazem misturas fora de série e música muito boa. Os primos formam a dupla que está a conquistar um lugar (merecido) no panorama nacional, daqueles que duram uma vida. Fazem-se acompanhar de Tito Romão na bateria.
O álbum homónimo está praticamente todo a rodar pelas rádios nacionais. Nas redes sociais, o campeão de partilhas mais recente é a remistura que os Salto fizeram do single ‘Verdade’, dos Capitão Fausto.
doismileoito (7 Março)
Também do Norte, os doismileoito não nasceram em 2008. Pedro Pode, Nicolau, André Aires e Bruno Testo fazem parte desta banda, cujo primeiro trabalho se conhece em 2009 com disco homónimo. Dele sobreviveram até hoje singles bem conhecidos como ‘Bem Melhor’. Com a calma de quem constrói sabiamente um legado, lançaram, em 2011, Pés Frios. O segundo disco trouxe singles que vão sobreviver longos anos (‘Quinta-feira’, ‘Pés Frios’, ‘Conta Contigo’).
Dizem de si próprios que fazem canções para cantar, “letras para entoar e melodias para assobiar ou trautear” Não há dúvida de que há aqui poesia e música boa.
Os Pontos Negros (7 Março)
Foram dos primeiros a repescar o roquenrole à portuguesa e a fazer dele moda recente. O karma trouxe-lhes uma recompensa de peso este ano, quando tiveram oportunidade de gravar nos estúdios de Abbey Road o seu mais recente trabalho. Chama-se Soba Lobi e foi editado pela Optimus Discos, onde está disponível para download gratuito. São mais dez histórias – gravadas nuns impressionantes três dias – contadas ao verdadeiro estilo d’Os Pontos Negros: em articulação plena de guitarras e palavras.
Jónatas Pires, Silas Ferreira, Filipe Sousa e David Pires andam a promover este que é já o seu quarto disco de originais. A 13 de Outubro, montaram festa rija no Ritz Clube para a apresentação oficial de Soba Lobi.
PAUS (8 Março)
Foi depois da actuação brilhante no Optimus Alive ’12 que o nome PAUS começou a ser mais comentado, cá e lá fora. Nada mais merecido para a banda de Joaquim Albergaria, Hélio Morais, Makoto Yagyu e João Pereira. As baterias dominadas por Joaquim Albergaria e Hélio Morais lançam as bases ritmadas e poderosas do som verdadeiramente único dos PAUS; não há um vocalista definido e as poucas vozes que se ouvem nas músicas são abafadas pelos instrumentais. (Não foi à toa que a NME destacou a banda com uma entrevista depois do concerto do Alive.)
Verdade é que, mesmo com um repertório pequeno, os PAUS já tocaram em todos os grandes festivais em Portugal e têm tido concertos muito concorridos. Foi assim que encontram também um CCB, a 26 de Outubro, onde o álbum de estreia, homónimo, se apoderou do alinhamento.
O Urban Blues (http://the-urban-blues.blogspot.pt/) sugere:
Para celebrar os escassos raios de sol: ‘A While Can Be a Long Time’, You Can’t Win, Charlie Brown
Para ler um livro à frente da lareira: ‘Airports & Broken Hearts’, Walter Benjamin
Para ouvir a caminho das manifestações: ‘Que Força É Essa’, B Fachada (Minta/João Correia)
Para aprender até ao Vodafone Mexefest: ‘Buffalo’, Alt J feat. Mountain Man