«Pergunta difícil que a LOOK mag coloca, e não vou aproveitar a oportunidade para bater naquela da Mariah Carey que lhe garante 600 mil dólares por ano em royalties pois, no que diz respeito a canções de Natal, até é uma boa canção», começa por referir Ricardo S. Amorim, «talvez se trabalhasse no retalho teria sentimentos diferentes, mas não é o caso».

«Embora não aprecie particularmente a época, nada tenho contra o Natal, as suas tradições, o consumismo ou a hipocrisia dos sentimentos esquecidos depois de arrumada a árvore», confessa, «mas por ser uma época especial, as melhores garrafas de vinho são abertas, que no fundo é o que a torna especial para mim, mesmo que tenha de ser ao som do André Rieu».

«Tenho a firme convicção de que são os seus especiais de Natal que causam as indigestões, as crises diabéticas e as pedras na vesícula que entopem as urgências nestes dias, e se a Graça Freitas não percebe este flagelo é porque também se abana ao som deste íncubo geriátrico de mullet», avança sem piedade o biógrafo dos Moonspell.

«Mas voltando à questão colocada, e porque o melhor do mundo diz Pessoa serem as crianças, sugiro uma cantiga com um coro de crianças que faz lembrar as galas do Sequim de Ouro ou aquela que em que o Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras deseja a todos um bom Natal», começa por revelar a propósito da sua escolha, «trata-se de «Children of the Urn» dos Funeral Mist, pois se é para juntar crianças a cantar, o que por si só já é uma ideia sinistra, é justo que haja também um lamento pelo parto do nazareno, e não apenas celebrações cobertas a ouro incenso e mirra».