Paradise Lost levaram “Icon” à Sala Tejo da Altice Arena numa verdadeira comunhão de emoções
Sala cheia, ambiente de festa, reencontros de amigos, brindes a novas amizades. Foi assim que a Sala Tejo da Altice Arena se engalanou para receber os Paradise Lost que chegaram a Lisboa para celebrar com os fãs os 30 anos de “Icon”.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
A abrir a noite os Seventh Storm. A banda fundada por Mike Gaspar entrou em palco para dar tudo numa clara noção da enorme oportunidade que lhes estava a ser dada ao abrirem para os enormes Paradise Lost. Tendo lançado o seu primeiro registo discográfico em 2022, a verdade é que em cada apresentação ao vivo de “Maledictus” os temas ganham uma nova consistência, sempre com o selo de qualidade que lhes reconhecemos desde a primeira audição. O homem do leme neste projeto é Mike Gaspar, o baterista que durante décadas integrou os Moonspell. A sabedoria e experiência que adquiriu ao ter integrado um dos grandes nomes do metal nacional, soube transportá-la toda para esta nova aventura musical. De facto, é a bateria de Mike que mais uma vez serviu de elo de ligação a tudo o que os outros músicos faziam, concretizando desta forma um grupo coeso que demonstrou saber perfeitamente qual o caminho que pretende trilhar. Ancoradas num forte sentimento de dor e raiva, as canções dos Seventh Storm alcançam novo patamar na voz de Rez. Poderosa e intensa, consegue transmitir toda a força e energia das palavras que se interlaçam nas notas musicais para, juntas, darem vida a temas intensos e carregados de significado. O público percebeu a entrega por parte da banda e aderiu fazendo deste um momento importante da carreira do coletivo nacional.
Noite fria de dezembro aquela em que os Paradise Lost chegaram a Lisboa. Dentro da sala a temperatura estava num crescendo, tal como o entusiasmo do público, que mal se continha de emoção por ver ao vivo um dos grandes nomes do metal mundial. Há dois anos dois discos da banda foram tocados na íntegra em alguns festivais ingleses. Falamos de “Draconian Times” que ecoou por Bloodstock e “Gothic” interpretado na totalidade no Damnation Fest. Em 2023, a mesma sorte coube a “Icon”, qua além de tocado integralmente numa tour a ele dedicada, foi regravado em celebração dos seus trinta anos de existência. Verdade, três décadas que fizeram deste um dos discos ex-líbris da carreira da banda que viu os bilhetes esgotar pouco tempo depois de anunciada a sua visita a Lisboa. Formados em 1988, os britânicos pioneiros do death/doom metal são tidos como uma das grandes influências do movimento gothic metal. O nome pediram-no emprestado a um poema épico de John Milton, poeta também ele inglês do século XVII, que com esta obra, considerada a sua obra-prima, ganhou a fama de ser um dos maiores poetas ingleses de todos os tempos. Fazendo justiça ao nome, o poema fala da tentação de Adão e Eva pelo anjo caído Satanás e sua expulsão do Jardim do Éden. Perfeito para servir de cenário à banda Nick Holmes, não acham? Assim que o instrumental final de “Icon” ecoou na soou, a excitação foi incrível e intensa com os músicos a subirem a subirem a aplaco seguidos por Nick Holmes. Sem proferir uma palavra agarraram em nós (público) e mergulhámos juntos em “Embers Fire”. Dali até ao fim do concerto foi um desfilar de intensidade emocional (que não foi maior devido ao som que na verdade se apresentou com falhas consideráveis, o que foi uma pena).
Declaração musical plena de intenções, o alinhamento apresenta uma banda poderosa que inunda o palco como uma tempestade trovejante de verdadeira energia musical. É impressionante estar em frente a eles e perceber a musicalidade que carregam e que vem sendo aprimorada ao longos dos anos.
Há algo de emocionante nos vocais de Nick que, música a música, nos envolve numa cadência verdadeiramente emocionante merecedora dos muitos aplausos que encheram a sala ao longo da noite. É impressionante a facilidade com que os Paradise Lost conseguem percorrer todas as músicas de um álbum lançado há três décadas, imbuindo cada uma com uma energia e arranjos musicais renovados, como se as estivessem a tocar pela primeira vez.
No final saímos da Sala Tejo com uma certeza: os Paradise Lost não defraudaram nem por um segundo as expectativas dos fãs, provando mais uma vez que são um dos maiores nomes do metal mundial, além de imbatíveis nas apresentações ao vivo.
Seventh Storm
Paradise Lost