Optimus Alive 2012

Radiohead > The Cure > The Parkinsons > Dum Dum Girls > Refused > LMFAO > Buraka Som Sistema > The Stone Roses > Zola Jesus > Big Deal > We Trust > Here We Go Magic > Noah and the Whale > The Antlers > Mumford and Sons > Tricky > Blasted Mechanism > Eli ‘Paperboy’ Reed > Miles Kane > Warpaint > Kooks > PAUS > Maccabees
Depois do fim urge afirmar, que grande festival e isto em todos os sentidos: imenso público, cartaz de primeira e ambiente simpático qb. Na verdade a edição deste ano do Optimus Alive jamais poderia correr mal, bastava olhar para o cartaz e perceber que juntar num mesmo palco (apesar de em dias diferentes) nomes como The Cure e Radiohead era uma aposta ganha à partida…E foi mesmo.
Os Radiohead deram talvez o mais impressionante concerto de todo o festival, elevando a fasquia bastante acima do que qualquer um dos mortais que por lá os esperava podia sequer imaginar. Mas foi bom, foi muito bom. Conseguiram agarrar o púbico que morria por ouvir músicas de Ok Computer, mas também não queimou as espectativas de quem, como nós, apreciamos bastante o seu último trabalho, trazendo a palco várias canções de The King of Limbs. Tom York surgiu cheio de charme (culpa talvez do rabo de cavalo…) e não parou um segundo, tal diabrete cujo corpo segue unicamente as leis ditadas pela música…boa que ia desfilando pelo palco do festival, deixando a imensa multidão verdadeiramente feliz. A banda conseguiu captar a atenção de todos em momentos como “Pyramid Song” e “I Might Be Wrong”, o mesmo acontecendo em “Paranoid Android”, e “Everything in Its Right Place”. Se algum ceticismo havia quanto à sua atuação em Lisboa, tal desapareceu às primeiras músicas.
Se os Radiohead fecharam o palco Optimus com chave de ouro, no dia anterior, sábado, foram os The Cure que trouxeram até ao passeio Marítimo de Algés um pouco do que melhor os anos 80 e início de 90 tiveram. Estivemos há quatro anos no Pavilhão Atlântico e nessa altura percecionamos um sentimento de comunhão entre o público que desta vez não se sentiu…natural tendo em conta que era um festival… O frio literalmente de rachar que naquela noite se sentia só foi atenuado pelo amor que nutrimos por Robert Smith, pois 3 horas de concerto não é para todos! “Love Cats” e “Friday i’m in Love” deixaram a multidão em alvoroço, mas quando chegou a vez de “Plainsong” ou “Kiling An Arab” foi a nossa vez de sentir…revivendo uns anos 80 plenos de paixão, descoberta e ousadia…sim, naqueles tempos ousadia era ouvir The Cure e vestir de preto, ir ao Bairro Alto e ser diferente…nada que se assemelhe a hoje, certo?
Se nos perguntarem quais os concertos que mais gostámos de ver no festival aqui vos confessamos que ainda foram alguns. Ora vejamos, logo no primeiro dia abrimos as hostilidades com The Parkinsons. A banda de Coimbra deu um concerto cheio de energia e muita entrega. Afonso Pinto não parou um segundo, trazendo à memória Sid Vicius e Iggy Pop, numa força punk que já tínhamos saudades de presenciar. Além de músicas antigas, a atuação dos Parkinsons deu a conhecer temas do novo trabalho da banda que chega a 03 de setembro, como “Good Reality”, “Back to Life” ou “I’m so Lonely”. Excelente maneira de começar três dias de música!
Com as Dum Dum Girls a tarde teve uma continuação feminina. Alguém nos disse “não percam as pernas das Dum Dum Girls, são bonitas”! A verdade é que passadas duas ou três músicas de um concerto bastante concorrido, percebemos que não são só as pernas, as músicas com que animaram 40 minutos da nossa tarde também são cativantes, “obrigada por nos receberem, estivemos cá há uns anos e parabéns, a vossa cidade é linda”, elogiou a vocalista Dee Dee (verdadeiro nome Krstin Gundred).
Continuámos com muito power desta vez no palco Optimus, com a banda punk/hardcore Refused, “olá Portugal, nós somos os Refused e somos da Suécia”, apresentou o vocalista Dennis Lyxzén. Visivelmente feliz por estar a tocar em Portugal, afirmou ainda ”obrigada por nos terem vindo ver, e às outras bandas, e de terem pago dinheiro para isso, pois sabemos bem a situação difícil que o vosso país atravessa”. Separados desde 1998, reuniram-se recentemente para dar uma série de concertos onde levam as suas canções de teor político e bastante intervencionistas.
Uma palavra para o concerto dos LMFAO, ao qual tivemos que assistir a pedido do mais jovem membro da equipa Look Mag. A verdade é que o palco Heineken se revelou pequeno para receber tanta gente, em especial crianças e pré adolescentes!
Mas se com eles a ordem era dançar, dançar e dançar, o que vos dizer do concerto dos Buraka Som Sistema? Nada, a não ser que foi claramente um dos high moments da edição deste ano! Um abanar de ancas sem parar, uma alegria contagiante e um ambiente saudavelmente louco que inundou a noite.
Entre os dois passámos pelo palco Optimus para assistir a um concerto morno dos The Stone Roses, o que nos deixou com um ligeiro travo amargo na boca, pois era um dos que mais tínhamos desejo em ver. A banda de Ian Brown iniciou o concerto com “I Want To Be Adored” e dai em diante limitaram-se a debitar músicas sem grande chama.
A noite terminou com Zola Jesus. Ao contrário da primeira vez que a vimos, num São Jorge cheio e desejoso de a conhecer, a cantora não atuou sozinha, com ela trouxe mais dois músicos. Se gostámos da mudança? Pois bem, não alterou muito do que pensamos dela: autora de músicas boas e intensas que ai vivo precisa de mais qualquer coisa…
No segundo dia, sábado, estreámo-nos no palco Clubbing para assistir ao concerto dos Ninja Kore, vencedores do Optimus Lice Act deste ano. De cara tapada com máscaras e com uma elegante bailarina a dar um toque feminino em palco, o concerto decorreu com a adesão do público. Oriunda de Sesimbra, a banda trouxe até Algés o seu som vertiginoso que mistura o típico DJ SET com o som ao vivo.
Já no palco Heineken eram os Big Deal a dar música, “não acredito que estamos aqui! Vocês são uns sortudos, vivem num país lindíssimo”, afirmou o vocalista. Oriundos da Grã-Bretanha estavam contentes não só por estarem a tocar no festival, mas também porque “estamos em Portugal há três dias, foi bom ter dois dias de folga, até estamos bronzeados!”, confessou. Duas vozes, duas guitarras, e uma composição em modo acústico.
Foi no Novos Talentos FNAC deste ano que primeiro os vimos ao vivo (http://look-mag.com/2012/06/29/novos-talentos-fnac-2012-noite-ii/). No Alive os We Trust surpreenderam o bastante público que aquela hora se juntava para os ver (verdade que muitos estavam por ali já a marcar lugar para os The Cure).
Vento, muito vento, foi o elemento que mais se fez sentir no recinto nesse dia. Por todo o lado voavam chapéus de palha (os quais, em conjunto com os cada vez mais minúsculos calções femininos, marcaram a indumentária festivaleira deste ano).
Here We Go Magic e Noah and the Whale foram os senhores que se seguiram no nosso alinhamento pré-definido. Oriundos de Nova Iorque, os primeiros atuaram no palco Heineken e deram a conhecer em registo “live” num concerto bem-disposto o novíssimo “A Different Ship”, legitimo sucessor de “Pigeons”, bastante apreciado pelo público português. Já os segundos, que atuaram no palco principal, traziam na bagagem o álbum “Last Night On Earth”, o qual deu a conhecer a uma grande camada do público nacional a banda britânica de indie-folk. É o terceiro disco dos Noah & The Whale, depois de “Peaceful, The World Lays Me Dowe” e de “The First Days of Spring”, ambos trabalhos muito apreciados pela critica especializada. Se estes dois foram os álbuns que a crítica não se cansou de elogiar, o mais recente tem trepado pelas tabelas de vendas como a banda nunca imaginou. Em nosso redor quase não ouvíamos falar português, substituída pelo castelhano e o inglês (facto que se acentuaria com o chegar da noite e no dia seguinte). No palco alguém falou, “este é o nosso primeiro concerto em Portugal” e, para primeiro correu muito bem, pois a banda conseguiu por todos a dançar com o seu indie-folk.
Eram cada vez mais as pessoas que se juntavam para assistir ao concerto dos cabeças de cartaz desse dia, os The Cure. Mas antes três excelentes momentos: o concerto dos The Antlers, que trouxeram as guitarras até à beira do rio e deram a conhecer grande parte do seu trabalho, desde “Hospice” a “Burst Apart”; a prestação dos Mumford and Sons, que no palco principal se revelaram excelentes a cativar o público, que não só aderiu como demonstrou conhecer bem o trabalho da banda que está neste momento como um dos maiores representantes da cena folk que despertou na zona oeste de Londres nos últimos anos; e Tricky que deu início ao concerto com “Feling Good” de Nina Simone. A noite terminou ao som dos Blasted Mechanism e do seuuniverso simultaneamente futurista/electrónico e tribal/orgânico.
Último dia de festival onde era esperada uma verdadeira enchente, a qual se concretizou com 55 mil pessoas a encher o recinto! A tarde teve início com Laia no palco Optimus Clubbing, com a banda portuguesa a trazer os sons da nossa guitarra até ao festival, prosseguiu com Eli ‘Paperboy’ Reed que no palco Heineken trouxe um pouco de soul e funk, e Miles Kane. Companheiro de Alex Tirner (Arctic Monkeys) no projeto Last Shadow Puppets, Kane deu um concerto de rock and roll! Tendo liderado os Rascals (terminaram em 2009), apresentou em 2011 o seu primeiro trabalho a solo Colour of the Trap, bem aceite pela crítica e pelo público. Em Algés deu um belíssimo concerto com boas guitarradas e um toque rockabilly.
As senhoras que se seguiram foram as Warpaint, Theresa, Emily Kokal, Jenny Lee Lindberg e Stella Mozgawa, que depois de Paredes de Coura no ano passado chegaram ao palco Heineken do Optimus Alive onde tocaram entre outras “Composure” e “Undertown.
Liderados pelo vocalista Luke Pritchard, os Kooks animaram com uma pop alegre e descomprometida o muito público que se concentrava em frente ao palco Optimus. Por ali foram muitos os que acompanharam temas como “Seaside”, “See the World”, “Come os Over”, “Sofa Song” e “She Moves in Her Own Way”. Antes foram as baterias da banda portuguesa PAUS que se fizeram ouvir, e bem! Albergaria e Hélio deram mais um grande espetáculo, para nós que já os vimos uma mão-cheia de vezes, estão cada vez melhores!
No palco secundário eram muitos os que esperavam pelos Maccabees, banda londrina liderada por Orlando Weeks com quem já nos tínhamos cruzado em Lisboa quando vieram fazer a primeira parte do concerto dos Editors no Campo Pequeno em dezembro de 2009. No concerto do Alive ouviram-se canções como “William Powers”, “Can You Give It”, “First Love” e “Forever I’ve Known”, entre outras. Regressam ao nosso país em novembro para assegurar a primeira parte do concerto dos Black Keys no Pavilhão Atlântico em Lisboa.
Elogiado pela imprensa britânica, o festival ascendeu com esta edição à categoria de um dos melhores da Europa. Foram 16 mil os estrangeiros que se encontravam entre os 155 mil visitantes que durante os três dias passaram pelo recinto. Para o ano há mais com data agendada para os dias 12, 13 e 14 de julho.
Texto: Sandra Pinto