Numa noite em que não eram cabeça de cartaz, os Between the Buried and Me foram os maiores

Eram três os nomes que constavam do cartaz para aquela noite no LAV – Lisboa ao vivo. Se os Haken surgiam como cabeça de cartaz, eram os Between the Buried and Me que mais nos entusiasmavam para ver ao vivo. Entrámos com as expectativas em alta e saímos com todas correspondidas: Between the Buried and Me foram, efetivamente, os maiores depois de terem dado um concerto incrível.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro

A abrir a noite estiveram os norte-americanos Cryptodira. Formados em 2011, a banda de death metal progressivo chegou de Long Island determinada a atrair para o seu som o público que ia chegando ao LAV. Tendo a perfeita noção de que grande parte dos que ali estavam, não estavam por eles mas sim pelas bandas seguintes, os Cryptodira entregaram-se determinados a deixar uma boa memória.
E, se o tentaram, melhor o conseguiram. Ao longo da sua prestação sentiu-se um crescendo de interesse pelos que, do lado de cá, se iam chegando à frente do palco. Todo o alinhamento teve como alicerce o registo discográfico lançado em 2020, ao qual deram o nome de The Angel of History.
Não sendo nós verdadeiros apreciadores do género, a verdade é que o disco ganha, e muito, com uma interpretação ao vivo, pois foi ali, perante os nossos olhos (e ouvidos) que percebemos o quão bons executantes são estes músicos.

Com o fim da atuação dos Cryptodira, uma agitação tomou conta da sala. Logo ali percebemos, de forma imediata, que a maioria do público que se concentrava no LAV estava ali para ver a banda seguinte. A excitação da antecipação de ver em palco Tommy Giles Rogers e seus companheiros, era bem percetível nos rostos e semblantes de muitos. Também eles vindos dos States, mas desta feita da Carolina do Norte, os Between the Buried and Me chegaram ao palco com o intuito de mostrar porque são uma das grandes referências no metal progressivo.
A bem da verdade, eles vão mais longe e, na nossa humilde opinião, ultrapassam este género tocando as fronteiras de outros, que alguns podem achar mais agressivos ou poderosos. A verdade é que em palco, a banda que foi buscar o nome a um tema dos Counting Crows (“Ghost Train”), demostrou ser uma arma de força incrível que, sabiamente, conjuga a execução perfeita dos instrumentos com uma atitude por vezes provocatória através da qual, percebe-se bem, tem a intenção de agitar mentalidades. Tal não será de espantar tendo em conta que os seus integrantes são vegans e straight-edges.
Tommy Giles Rogers mostrou ser um frontman imparável possuidor de uma energia (e de uma classe) incrível (tal como o seu guru Mike Patton).
Nomeado pela Stylus Magazine, em 2005, como um dos três cantores de rock mais versáteis da altura, foi lindo perceber ali, ao vivo o que levou a tal nomeação. De facto, Tommy Giles Rogers possui uma potente capacidade vocal a qual se passeia por zonas tão distintas como o falsete, uma voz mais limpa e suave, até aos death growls e screams (os nossos preferidos). Ao nível da sua postura em palco, são bastante evidentes as suas raízes musicais, sendo que ele começou a carreia pelo punk hardcore, com os Soul Integrity, e com o metalcore, com os Prayer for Cleansing, depois dos quais fundou os Between the Buried and Me (em 2000). De referir que Tommy Giles Rogers é ainda responsável pelos teclados, sendo também ele o “culpado” das letras que canta. Depois desta atuação ficámos na espectativa, pois seria realmente difícil ultrapassar o que ali se viveu com os Between the Buried and Me.

Os cabeças de cartaz da noite eram os Haken. Vindos de terra de Sua Majestade, rei Carlos III, tiveram (a nosso ver) a difícil tarefa de suplantar a torrente de energia que foi o concerto anterior. E, a nosso ver, não o conseguiram. Vestidos de igual com floridas camisas que chamam pela praias do Havai (!), a banda liderada pelo vocalista Ross Jennings não nos conseguiu agarrar…nem aos muitos que depois da prestação dos Between the Buried and Me abandonaram a sala. Musicalmente nada a apontar, pois se há algo que este subgénero do metal tem são os exímios executantes. Talvez num próximo encontro nos consigam cativar.

Cryptodira

Between the Buried and Me

Haken

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