O concerto que Nick Cave trouxe a Lisboa foi tão emocionalmente carregado quanto musicalmente magistral. Não foi mais do que apenas mais um da tour; foi antes um momento profundamente envolvente e emocionante que deixou o público maravilhado.

Texto e fotos: Sandra Pinto

Um concerto incrível dura duas horas e meia que incluiu 21 músicas e abrangeu todos os cantos possíveis da experiência humana, aumentando gradualmente de  intensidade. A setlist que emocionou Lisboa misturou material mais recente com clássicos atemporais. Através de cada canção Cave provou, mais uma vez, por que é um dos artistas ao vivo mais atraentes da atualidade. A sua ligação com o público era real e palpável, com cada tema a puxar a multidão mais profundamente para dentro do seu mundo de poesia lírica e intensidade musical.

Uma referência a “Red Right Hand” cujo ritmo sinistro e assustador causou arrepios na plateia, com a voz profunda e ameaçadora de Cave a passar a enigmática letra da música com uma sensação de presságio. A plateia explodiu em aplausos quando as icónicas notas de abertura soaram, e quando a música atingiu seu clímax, toda a MEO Arena estava de pé.

Durante todo o concerto, Nick Cave & The Bad Seeds demonstraram uma tremenda maestria em criar um escopo cinematográfico com a sua música. Warren Ellis, como sempre, foi uma força da natureza, trazendo com o seu violino frenético adicionais camadas de complexidade e emoção às canções. A restante banda também estave em ótima forma, mudando perfeitamente de baladas delicadas para hinos estrondosos com facilidade. A interação entre os músicos foi nada menos que mágica, com cada elemento contribuindo para o cenário emocional geral do concerto.