Memórias de uma viagem pela Estremadura espanhola (VI): Um dia em Trujillo

Trujillo, situada entre as várzeas dos rios Tejo e Guadiana, tem um importante conjunto de igrejas, castelos e palacetes que se estruturam em torno de sua Plaza Mayor e que foram declarados Bem de Interesse Cultural, revela o Turismo de Trujillo.

Fotos: Luís Pissarro
Texto com informações do Turismo de Trujillo

Mas, além disso, «esta cidade da província de Cáceres deixou uma importante marca na história, já que no século XVI foi o berço de ilustres personagens vinculados à descoberta da América. Por este motivo, Trujillo está na Rota dos Conquistadores, que percorre outras localidades da Extremadura como Medellín, Villanueva de la Serena e Jerez de los Caballeros. Por sua vez, o Parque Nacional de Monfragüe, um dos espaços protegidos mais importantes da Extremadura, estende-se poucos quilômetros ao norte de Trujillo para oferecer uma interessante paisagem de bosques, pastagens e represas».

A origem de Trujillo «é um assentamento primitivo denominado Turgalium. Após ser ocupada por romanos e visigodos, Trujillo permaneceu durante mais de quinhentos anos sob domínio árabe, época em que ocorreu um notável desenvolvimento da cidade. Depois disso, passou para as mãos cristãs ao ser conquistado em 1232 pelo rei Fernando III, mas foi o monarca Juan II quem concedeu a Trujillo o título de cidade, em 1430.
No século XVI, Trujillo viveu uma época de grande esplendor, motivada por seu importante papel na descoberta da América. Assim, a cidade foi berço de dois grandes conquistadores: Francisco de Pizarro, descobridor do Peru, e Francisco de Orellana. E lá também nasceram outros personagens ilustres como o Frei Jerónimo de Loaísa, primeiro Bispo de Cartagena das Índias, e Nuflo de Chaves, descobridor da Bolívia. A cidade de Trujillo conserva seu sabor antigo nas duas zonas que a compõem: a “vila” medieval, de origem árabe, e a “cidade”, dos séculos XV-XVI».

A cidade «estrutura-se em torno da monumental Plaza Mayor, onde há uma estátua equestre de Pizarro feita de bronze. Durante séculos, foi o centro da vida social e comercial da cidade, onde eram organizados mercados, festas e espetáculos. No século XVI se converteu em uma praça senhorial, já que os conquistadores e diversas famílias da nobreza começaram a edificar nela casas e palácios».

Ao redor da praça «ficam as igrejas de San Francisco (1600), Santa Clara (final do século XV) e San Martín, construída entre os séculos XIV e XVI. O templo, com uma nave única e abóbada de cruzaria, tem no seu interior várias capelas laterais renascentistas. Além disso, existem numerosos palácios e casarões (séculos XVI-XVIII) que se caracterizam por suas varandas em ângulo, um elemento próprio da arquitetura civil da cidade».

É o caso, por exemplo, do Palácio dos Duques de San Carlos (século XVI), com a típica varanda esquinada e o escudo de armas da família Vargas-Carvajal. Atrás da fachada principal se esconde um pátio interno construído em estilo clássico e planta quadrangular, com dois níveis e arcadas de colunas toscanas.

«O Palácio do Marquesado de Piedras Albas é outro edifícios nobres que dá para a praça. Este casarão renascentista, obra de Pedro Suárez de Toledo, ocupa os alpendres conhecidos como os “del pan” e se destaca por três arcos segmentados».

Um dos mais destacados deste local é o «Palácio dos Marqueses da Conquista ou do Escudo. Sua construção, em 1570, foi custeada por Hernando Pizarro. Em sua fachada há uma varanda de esquina com decoração plateresca e duas colunas abalaustradas. O conjunto é arrematado pelo escudo de Francisco Pizarro».

Nas ruas de pedra que saem da praça aparecem outras residências nobres, «como a Casa do Peso Real ou dos Chaves Cárdenas, gótica com acréscimos renascentistas, e o Palácio de Juan Pizarro de Orellana, do século XVI. Este último pertenceu ao primeiro corregedor da cidade peruana de Cusco e foi transformado em um palácio renascentista após ser a casa-forte de Diego de Vargas. O edifício tem em seu interior um pátio de estilo plateresco.
Enquanto isso, o Alcácer dos Altamiranos ou Alcazarejo foi erigido por Fernán Ruiz a partir do século XIII. Destaca-se nele o pórtico principal, do século XVI, ladeado por duas torres desbastadas e com o escudo dos Altamiranos».

«A “vila” é rodeada por um recinto amuralhado, balizado por dezessete torres, os restos do alcácer dos Bejarano e o mirante de Las Jerónimas. Em um extremo fica o castelo árabe califal (meados do século IX, ampliado no século XII), e no centro, igrejas como as de Santa María la Mayor (séculos XIII-XVI), Santiago (séculos XIII-XVII) e da Vera Cruz (século XIII), e palacetes como os alcáceres de Luis Chaves, “o Velho” (séculos XIV-XV) e dos Altamirano (século XVI)».

O templo de Santa María «é considerado um dos mais belos exemplos do românico em Trujillo. O edifício, erigido sobre uma antiga mesquita árabe, tem no exterior vários portais medievais e uma torre correspondente ao românico tardio. No interior podem ser admiradas as abóbadas em cruzaria que cobrem uma estrutura de três naves, mas o destaque é um retábulo gótico realizado por Fernando Gallego em 1480, considerado um dos melhores da Extremadura».

A igreja de Santiago, «situada junto à porta da cidade com o mesmo nome, foi construída no século XIII, sendo posteriormente remodelada entre os séculos XV e XVII. Da construção primitiva resta uma abside semicilíndrica e a torre. Seu interior custodia a imagem de Nuestra Señora de la Coronada, de estilo românico, e a do Cristo de las Aguas, do século XIV».

Dominando a cidade, «impõe-se o castelo árabe califal, construído durante a época de maior esplendor do Califado de Córdoba. O edifício se destaca por suas bonitas torres albarrãs e pelos dois aljibes (cisternas) que ficam no seu pátio de armas. Na parte sul do baluarte se ergue o santuário da Virgen de la Victoria, padroeira da cidade».

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