De São Paulo para Almada, as Crypta chegaram para um concerto que vai ficar na memória de quem lá esteve. Na companhia dos portugueses Mass Disorder e Besta, a banda brasileira deu, a um Cine Incrível cheio até à porta, uma noite de música e muita animação. Girl power no metal? Sem dúvida!

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro

Para a segunda parte da Echoes Over Europe, as brasileiras trouxeram a Almada duas bandas convidadas. A abertura da noite coube aos Mass Disorder, banda da margem sul que jogava em casa, o que se percebeu bem pela quantidade de verdadeiros fãs que trouxeram ao Cine Incrível. Nascidos em 2013, a banda que surgiu do termino de outros projetos musicais, revelou-se competente na sua apresentação. Com composições fortes e agressivas, a banda consegue manter uma faceta melódica que dá a cada tema um equilíbrio bastante cativante. Com o último EP, The Way to Our End, percebe-se que os Mass Disorder atingiram uma formação forte e coesa, sendo que isso mesmo se refletiu no nível de performance que apresentaram em Almada.

A noite teve continuação com os Besta, banda lisboeta de créditos firmados que chegou para deitar tudo abaixo…como sempre! Reis e senhores do melhor grindcore que por cá se faz e com anos de experiência, a banda tem à frente o enorme vocalista Paulo Rui que, sem hesitar, anuncia ao que vem recebendo todos com um «bem-vindos ao ritual dos Besta!» Dali para a frente foi um desfilar de temas certeiros dirigidos sem dó nem piedade ao público que por aquela altura já se aventurava num cada vez mais intenso crowd surfing. Imparável, Paulo Rui transpira energia por todos os poros do corpo. Percorrendo o palco, junta-se a tempos a cada um dos seus três companheiros de banda que transmitem uma genuína felicidade por estarem em cima do palco a fazer o que mais gostam: música. Para quem nunca esteve num concerto de grindcore, convém esclarecer que estes não são maratonas, mas sim verdadeiros sprints musicais para os quais devemos preparar corpo e ouvidos, e manter a mente aberta. Depois, basta abraçar a experiência e retirar dela a intensa eletricidade que os músicos nos oferecem. E com os Besta a potência musical é imensa. Com um novo trabalho a caminho, que deve chegar já no inicio do próximo mês, a bande deu, com este concerto, mais um passo rumo ao Olimpo deste género musical.

As rainhas da noite chegaram e venceram. Se no ano passado, aquando da sua passagem pelo Vagos Metal Fest, fomos como que apanhados de surpresa pela sua energia demolidora, agora, neste segundo encontro, já sabíamos ao que íamos. Oriundas da cidade brasileira de São Paulo, as Crypta são donas de um enorme girl power que não deixa ninguém indiferente. Se sobre os Besta falámos no Olimpo, relativamente às Crypta só temos uma palavra: deusas. Executantes eximias dos seus instrumentos, as brasileiras contam já uma história de muito sucesso. Pelo meio algumas tragédias e dificuldades, que, com muita coragem e persistência, tem vindo a saber ultrapassar, num verdadeiro exemplo de companheirismo! Fernanda Lira, a vocalista e baixista do coletivo, que passou pelas Nervosa, mantém uma postura de comandante na batalha. Mas não se pense que lá por tocarem death metal estas meninas não sabem sorrir, bem pelo contrário! Foi quase sempre de sorriso no rosto que cada uma das Crypta se apresentou entre temas, o que demonstrou a felicidade genuína que sentiam por voltar a Portugal. A bem da verdade, não era para menos já que a sala de Almada se encheu completamente por causa delas. Maravilhosas, Taina e Jéssica nas guitarras deram um concerto impecável mostrando uma ligação intensa que transbordou boa onda para cima da plateia. Na bateria, também vinda das Nervosa, brilhou Luana, com quem nos cruzámos antes no meio do público de onde assistiu aos dois concertos anteriores.

Mass Disorder

Besta

Crypta