Green Lung no LAV: Quando a música fala ao coração e eleva a alma

O Lav-Lisboa ao Vivo revelou-se (mais uma vez) a sala certa para uma noite de concertos, mas desta vez ainda o foi de uma forma intensa. Tudo porque a diversidade sonora das três bandas do alinhamento esteve bem refletida na variedade da audiência. De facto, mais do que um público tipicamente metaleiro, encontrámos muito mais “alternativos” do que é normal. Isso, só por si prova quão incríveis todas elas são. Sobretudo porque são capazes de falar às almas de qualquer um e de todos, não importando a sua origem ou preferência musical.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro

A noite começou com os Satan’s Satyrs, praticantes de um som que certamente teria agradado a qualquer fã dos Electric Wizard. Mick Jagger rejuvenesceu e viajou de volta aos anos 70. A indumentaria isso mesmo o sugeria: calças boca de sino, botas de salto alto, cabelo solto e colete peludo. Analisemos o som: pareceu-nos semelhante a um bop-de-wop psicadélico da década de 70 com um fino véu de doom. O som da guitarra, bastante bom, perdia-se na vibração geral, com as diferentes faixas a não se separarem de uma forma tão direta quanto deviam. Apesar de não ser o nosso som, conseguiram dar aos fãs o que procuravam e isso percebeu-se pelos corpos e cabelos ondulantes ao som da sua música.

A conversa mudou de figura com os Unto Others, com um som muito mais próximo do nosso coração. Com eles, o LAV encheu-se dos sons mais negros e profundos do crepúsculo, ao mesmo tempo que o público de alma mais negra de ondulava nas suas notas, tal espuma nas ondas do mar. Indo, sem apelo nem agravo, para o seu mais recente registo discográfico, “Never Neverland”, a banda tornou evidente que estava ali para impregnar tudo e todos com uma palpável sensação sombria e ambiente um viciante noite. O seu som, uma mistura potente de rock gótico da velha escola e heavy metal ressoou profundamente por estre o público. Cada um dos que aceitou entrar nessa noite negra movia-se como se fizesse parte da banda. O acordar era feito pelas palmas batidas no final de cada tema.

Uma aura de ancestral misticismo e uma energia potente que contagia cada pessoa presente; é assim o som dos Green Lung. Conhecidos pela harmonização que fazem entre doom metal, rock oculto e riffs cativantes, parecem fazer despertar os espíritos mais antigos, trazendo  trazer à tona uma energia única, de tão sensorial que se apresenta. Possuídos por algo maior do que eles próprios, os músicos deram um concerto inebriante. As suas letras contam histórias de mitos e lendas ao ritmos de melodias viciantes e refrões cativantes. Pelo meio um verdadeiro carregamento de groove e uma sensação doomy intensa e, por vezes, até que dolorosa. Este não foi apenas mais um concerto; foi uma experiência que transcendeu o normal, deixando uma impressão duradoura em todos os que a viveram. 

Satan’s Satyrs

Unto Others

 Green Lung

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