Festival EDP Paredes de Coura (dia IV)

The Wave Pictures > Gang Gang Dance > I Like Trains > Of Montreal > Deer Tick > The Whitest Boy Alive > School Of Seven Bell > Anna Calvi > Kasabian

O quarto dia do festival foi abrilhantado por um céu azul e um calor imenso que ajudou ainda mais à festa. Nas margens do rio, o dia compunha-se de alegria e muitas risadas, brincadeiras e cumplicidades. Nas águas frias do Taboão eram muitos os que tomavam banho ou passeavam de barco, imagem memorável que para sempre ficará associada a Paredes de Coura. Ele há dias perfeitos, sim senhor!
No interior do recinto do festival já pouco ou nada se sentiam os efeitos da chuva, pelo que as havaianas, os calções e as t-shirts voltaram em força, assim como os espetadores mais pequenos, pois foi o dia em que vimos muitas famílias com crianças, todas elas muito bem dispostas e sorridentes.

À semelhança do dia anterior, os concertos tiveram início pelas 18h00 no palco Vodafone.FM. Os primeiros a subir ao palco foram os The Wave Pictures, sendo que do lado de cá eramos ainda poucos aqueles que os aguardavam. “Spaghetti” deu o pontapé de saída na prestação da banda inglesa. “Que bom é estar aqui com vocês, neste belo festival com um tempo excelente”, referiu o vocalista David Tattersall. “É algo muito britânico estar a comentar o tempo pois em Londres está cinzento e chove, enquanto que aqui está sol e calor”, disse Tattersall, que elogiou ainda o jantar, “uma deliciosa quiche”!

Meia hora depois foi a vez dos Gang Gang Dance abrirem a noite musical no palco EDP. Com o sol ainda a fazer as delicias de grande parte do público, este foi um concerto morno, pois não se viam muitos fãs da banda liderado por Lizzi Bougatsos, tirando talvez a rapariga loira que à nossa frente não parou de dançar um segundo e que a todo o custo queria que o companheiro fizesse o mesmo.

Depois de uma paragem estratégica entre palcos com o objetivo de repor o nível de líquidos no corpo, foi a vez de assistirmos ao concerto dos I Like Trains. Gostámos bastante, ou não fossemos nós adeptos do género de música que trouxeram a Paredes de Coura, a qual nos leva até ao ambiente profundo e negro dos Joy Division ou às guitarras de uns Editors, de quem, aliás, foram banda suporte em muitos concertos. Originária de Leeds, em Inglaterra, a banda trouxe ao festival o seu mais recente trabalho The Shallows (lançado em abril deste ano). Fazendo referência ao público que pouco ou nada reagia à sua música, o vocalista David Martin afirmou “está tudo bem? Obviamente ainda não beberam o suficiente e isto assim não é fácil!” Claro que confessou que “é bom ver por aqui tanta gente. Um olá às pessoas lá atrás”, todos acenámos, em resposta ao simpático cumprimento.

Kevin Barnes foi a primeira personagem a efetivamente chamar a atenção de quem se encontrava perto do palco EDP. Líder e vocalista da banda Of Montreal surgiu em palco vestido de vermelho e com umas enormes pestanas negras pintadas nas faces. Algo de teatral com toques de glam rock andou naquele palco, onde por momentos nos veio à memória um David Bowie na época de Ziggy Stardust. A verdade é que Barnes captou a atenção do público não só com a pop dançável que o grupo pratica, mas também com as mudanças de roupa, no meio das quais se apresentou de troco nu.

Animada que estava a tarde de Paredes de Coura, era tempo de subir até ao palco Vodafone.FM para espreitar os Deer Tick. Os norte-americanos traziam debaixo do braço Divine Providence, o seu último trabalho de originais, o qual foi muito bem recebido pelo público do festival. John McCauley, mentor e vocalista do projeto, estava visivelmente satisfeito o que se viu bem logo no início com a interpretação de “Ashamed”.

Erlend Oye, dos Kings of Convenience, a tocar cavaquinho enquanto navega num barco no rio Taboão é, sem dúvida, uma das mais divulgadas imagens do festival. A cena foi captada o ano passado quando a banda atou na 19.ª edição de Paredes de Coura, sendo que este ano Erlenf voltou, mas com o seu outro projeto, os The Whitest Boy Alive. O norueguês, que se fez acompanhar de músicos alemães, mostrou-se à vontade, o que se entende pois da parte do público recebeu, não só uma receção calorosa, como durante todo o concerto a audiência se revelou feliz com a sua atuação, em especial nas canções “Gravity” e “Courage”.

Simultaneamente, no palco Vodafone.FM tocavam os School of Seven Bells que apresentaram ao pouco público presente o trabalho Ghostory, editado na primavera deste ano. Formados em 2007 na cidade de Nova Iorque, praticam um som que alguns apelidam de etéreo, mas que em Paredes de Coura levou todos a dançar e a cantar, prova de que conheciam bem o trabalho da banda.

Somos fãs de Anna Calvi e assim ficámos desde que a vimos num festival lisboeta e, posteriormente, num concerto mais intimista a que assistimos na discoteca Lux (http://look-mag.com/2011/12/18/first-we-kiss-do-album-anna-calvi-de-anna-calvi/). A Calvi que vimos em Paredes de Coura não era a mesma, com grande pena nossa. Surgiu pouco afável e algo distante. A sua voz impecável dava corpo uma após outra às músicas que tão bem lhe conhecemos, mas não mostrava qualquer emoção, o que para nós foi uma surpresa, pois desde a primeira vez que a vimos lhe reconhecemos um lado tímido, mas igualmente emotivo e de grande entrega. Isso mesmo refletiu-se no público que não aderiu às suas músicas, tirando talvez “Desire”, a mais conhecida por ter integrado variadas playlists de rádios nacionais.

A noite pelo palco EDP terminaria com os britânicos Kasabian que não se fazendo rogados chegaram para deixar todos cansados de tanto dançar. Isso mesmo se percebeu ao ver Tom Meigham, o vocalista, a puxar pelo público que aderiu plenamente em músicas como “Club Foot” e “Days Are Forgotten” (banda sonora do anúncio do festival). Se para nós era hora de descansar, para grande parte dos que estavam em Paredes de Coura era hora de rumar até ao after-hours onde os aguardava a música dos Crystal Fighters e depois dos In Flagranti.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
Reportagem fotográfica com o apoio Canon Portugal www.canon.pt/
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