Festival EDP Paredes de Coura (dia III)

Kitty Daisy & Lewis > Team Me > Midlake > Dry The River > The Temper Trap > Patrick Watson > Sleigh Bells > dEUS > Digitalism

Este é claramente um festival de experiências, que o digamos nós que tendo ficado com o carro retido por causa da lama na noite anterior, tivemos que apelar aos bombeiros para que nos salvassem! Um grande obrigado aos soldados da paz de Paredes de Coura que desta forma possibilitaram que tudo voltasse à normalidade!
Mas nada interfere com o espírito de Paredes de Coura, nem os contratempos (que se resolvem prontamente e com a ajuda de todos), nem a chuva, que no terceiro dia resolveu, finalmente, abrandar, dando tréguas aos festivaleiros que não arredaram pé.

Quarta-feira marcou a abertura do palco EDP, para onde estavam “destacados” os, à partida, nomes mais fortes do cartaz. Mas rapidamente percebemos que fortes eram todos os nomes do alinhamento, independentemente do palco onde iriam tocar. Devido ao contratempo que convosco partilhámos no inicio deste texto, não nos foi possível ver o primeiro concerto da tarde, o norte-americano vindo de Chicago Willis Earl Beal, pelo que nos dirigimos de imediato para o palco EDP para vermos Kitty Daisy & Lewis. Ao olharmos para o palco só nos vinha à cabeça um qualquer filme dos anos 50/60 passado numa cidade perdida na América do Norte. Com um aspeto algo vintage, os músicos iam mudando de posição e de instrumento, ou não fossem eles irmãos. Na verdade, esta é uma banda inglesa formada na base pelos irmãos Kitty, Lewis e Daisy Durham, aos quais se juntaram mais alguns músicos. Nascida em 2005, a banda traz até nós um estilo musical muito enraizado no rockabilly, mas onde se pressentem igualmente as influências do R&B, dos blues, da música country e do rock and roll, o que ficou bem visível em “Going Up The Country”.

Por esta altura o público já povoava grande parte da relva, a qual já seca, se revelava o poiso certo para este fim de tarde. Por entre ele podemos ver alguns dos músicos que iriam atuar nessa noite, como Tom Barman dos dEUS, Patrick Watson e os membros dos Midlake.

Qualquer festival é para nós uma verdadeira prova de resistência, pois tentamos a todos o custo assistir a todos ou à maior parte dos concertos para depois vos contar como foi. Paredes de Coura não foi diferente!

Assim, eram já horas de rumar até ao palco Vodafone.FM onde fomos contagiados pela alegria dos Team Me. Oriundos da Noruega, lançaram o ano passado o seu primeiro trabalho, “To the Treetops!” com o qual ganharam o Spellemannprisen (Norwegian Grammy Awards) na categoria de Melhor Grupo Pop do Ano. Indie pop alegre foi o que trouxeram a Paredes de Coura, sempre na companhia dos enormes balões coloridos que são já a sua imagem de marca. Engraçado foi o facto de a banda ter fotografado o público, para quem o ponto alto do concerto foi “Favorite Ghost”.

Hora de descer “a ladeira” para nos perdermos na música dos norte-americanos Midlake. Formado em 2002 pelos músicos Paul Alexander, Eric Nichelson, Eric Pulido, Tim Smith, e Mckenzie Smith, este quinteto oriundo de Austin, nos Estados Unidos da América, traz já na bagagem alguns trabalhos bastante apreciados pela critica e pelo o público, o primeiro dos quais gravado em 2004, Bamnan e Slivercork. Seguiram-se The Trialsof Van Occupanther (2006) e The Courage of Others (2010). Até ao Minho trouxeram as suas canções indie folk, como “Roscoe”, apresentando-se num português perfeito, ” olá, somos os Midlake, somos do Texas  e estamos muito felizes por estar aqui pela primeira vez”.

Por esta altura já os Dry The River se preparavam para dar música no palco Vodafone.FM, pedindo desde logo a todos quantos ali estavam para os ver que participassem no concerto com palmas e dança. Nascida em Londres no ano de 2009, a banda soube já levar bem longe a sua música indie, muito por culpa do disco de estreia, Shallow Bed, que viu a luz do dia no inicio deste ano. Com “New Ceremony” os cinco membros da banda receberam um forte aplauso, nosso também, aqui vos confessamos.

Quando informámos os amigos que iriamos a Paredes de Coura deixámos alguns bem “invejosos” por não irem, e tudo por causa da banda que se seguiu no palco EDP, os The Temper Trap. Aos primeiros acordes percebemos porquê, pois a animação do muito público que àquela hora (21h00) enchia o recinto era, basicamente, para os ver a eles! “Paredes de Coura, como estão? Nós somos os The Temper Trep, estivemos aqui há dois anos e é fabuloso estar de volta!” A banda australiana formada em 2005 trazia na bagagem o último e homónimo disco do qual começaram com “Need Your Love”, o single de apresentação. Claro que canções mais antigas, como “Love is Lost” e “Fader” fizeram furor entre a audiência que não se cansou de, entusiasticamente, bater palmas, cantar e dançar. “Como estão? Bem dispostos?” perguntou o vocalista Dougy Mandagi, “nós estamos bem, se vocês também estiverem”, referiu. Sim, estávamos todos muito bem!

45 minutos depois entrava no palco Vodafone.FM Patrick Watson. Já o tínhamos visto no São Jorge no âmbito de outro festival, onde deu um dos mais memoráveis concertos que tivemos ocasião de assistir, durante o qual revelou ser mestre na improvisação. Para Paredes de Coura vinha munido do excelente álbum Adventures in Your Own Backyard, o qual muitos dos fãs já conheciam, pelo que foi com enorme entusiasmo que assistiram ao concerto. Entusiasmo que se propagou ao músico que feliz, “viajava” entre o piano e a frente de palco. Terminado o concerto, Patrick Watson foi “obrigado” a regressar, para um encore muito desejado por parte dos milhares de fãs.

Terminado o alinhamento de concertos no palco Vodafone.FM era tempo de assentar arraiais no palco EDP para os três últimos concertos da noite. Os primeiros foram os Sleigh Bells. Em palco seis impressionantes amplificadores davam o mote para o que ai vinha: batidas fortes, distorção qb e uma energia impressionante. A comandar tudo (incluindo os dois guitarristas) estava Alexis Krauss. “Antes de entramos em palco demos uma entrevista onde nos perguntaram o que estávamos à espera deste concerto. A resposta foi que não sabíamos, mas disto que se está aqui a passar é que não estávamos mesmo nada à espera!”, confessou entusiasmada a intrépida vocalista, que nem por um segundo deu descanso ao público, o qual foi à “loucura” com “Thri Shred Guitar”!

O senhor que se seguiu conhece bem o festival minhoto, “é a nossa terceira vez aqui e é sempre tão divertido”, revelou Tom Barman, o vocalista da banda belga dEUS. Bem disposto (cruzámo-nos com ele pouco tempo antes do concerto e isso deu a entender), cumprimentou o público com um “Paredes de Coura boa noite” num português quase perfeito (para o qual muito contribui, certamente, o facto de tanto tempo passar no nosso país, do qual se revela um verdadeiro admirador). Frente ao palco a encosta estava cheia de gente que ali veio para os ver e que no final se mostrou deveras satisfeita com o concerto que teve início com “The Architect” e durante o qual se ouviram canções como “Constant Now”, “Instant Street” e “Quatre Mains” (esta do último trabalho, Following Sea, cantada em francês).

A noite terminaria para nós com Digitalism, no palco EDP. Os alemães trouxeram às margens do rio Taboão a sua música eletrónica, cujos acordes colocaram os mais resistentes a dançar.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
Reportagem fotográfica com o apoio Canon Portugal www.canon.pt/
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