Festival EDP Paredes de Coura 2012 (dias I e II)

Brass Wires Orchestra > SALTO > League > B Fachada > Japandroids > Tune-Yards > Stephen Malkmus & The Jicks > Friends > Paus
Celebra em 2012 vinte anos de vida. Uma vida feita de muita música, a grande responsável pelo sucesso de um dos mais reconhecidos festivais de música nacionais.
Paredes de Coura, a pacata localidade minhota que desde há duas décadas dá nome o evento, voltou a abrir os braços para receber mais de 40 bandas e milhares de visitantes que ali chegam em buscam não só de boa música mas também do ambiente tão característico deste festival.
O acampamento, já por si só dono de uma enorme fama de boa vizinhança e alegria, voltou a encher as margens do rio Taboão de coloridas tendas habitadas por gente bem disposta. Aos que perguntámos o que vinham à procura em Paredes de Coura, a resposta foi quase invariavelmente a mesma: a experiência de viver uns dias únicos e, claramente, memoráveis, se tivermos em conta que quase todos são repetentes na experiência.
Mas não é só a boa música e o bom ambiente que são tradição em Paredes de Coura, a chuva também o é, e este ano não foi diferente. Ou melhor a única diferença residiu mesmo na quantidade de água que dos céus brotou durante os dois primeiros dias e noites do festival.
Na verdade, e tal como o inacreditável e estranhamente divertido cabeleireiro Yorn referiu na banca onde cortava cabelos à entrada do campismo, a noite de 14 parecia o dilúvio, tal a quantidade de chuva que por volta da meia-noite inundou tudo e todos. Mas, nada que assustasse os festivaleiros, corajosos guerreiros que cheios de garra não arredaram pé fazendo novamente deste um dos melhores eventos de música nacionais.
As duas primeiras noites tiveram lugar, musicalmente falando, no palco Vodafone.FM por onde passaram, no dia 13 (segunda-feira) alguns dos novos nomes da música nacional.
Os primeiros foram os Brass Wire Oschestra que puxaram pelo ainda pouco público que àquela hora assistia ao primeiro concerto desta edição. Demonstraram muita felicidade por estarem presentes naquele que é para a banda “o melhor e mais diferente festival de música português. Durante todo o concerto puxaram pelo público fazendo-os cantar e participar nas suas músicas, ou mesmo nas covers alheias, caso dos Munfurd and Suns (banda da qual se confessaram fã incondicionais).
A chuva apareceu pela primeira vez a meio do concerto para não mais nos abandonar…facto que levou a uma enorme concentração de pessoas por debaixo da cobertura do palco. Seguiram-se os Salto que trouxeram ao Minho o seu primeiro e homónimo trabalho de originais. Depois de já os termos visto em outros festivais sentimos a banda bastante confortável no palco do Paredes de Coura.
Seguiram-se os League (http://look-mag.com/2012/06/25/novos-talentos-fnac-2012-noite-i/) banda nacional constituída por Jorge Ribeiro e José Tornada). Antes do dj set de Quim Albergaria (sim esse mesmo, dos PAUS) foi a vez de B Fachada nos dar a conhecer as músicas do seu mais recente trabalho de originais “Criôlo”. Ainda não teria tocado as duas primeiras musicas quando se lembrou que “deixei algo essencial para tocar para vocês lá trás…”. Reposta a “normalidade” a noite seguiu por entre canções do último e dos trabalhos anteriores, como “B Fachada” datado de 2011.
Altas horas da noite e o corpo já pedia descanso, despedimo-nos de Paredes de Coura com um até amanhã.
Terça-feira, dia 14. O recinto abre as portas por volta das 17h00 com a maioria do público a chegar pouco depois, já que o alinhamento preparado para o palco Vodafone.FM era de luxo. A chuva continuava sem dar tréguas, sendo que o look deste festival mudou radicalmente, pois as sandálias deram lugar às galochas (esgotado o stock da vila muitos – nós incluídos – viram-se obrigados a procurar tão eficiente equipamento noutras paragens, Ponte de Lima no nosso caso) e as t-shirts foram tapadas com capas e impermeáveis, aliá, com tudo o que pudesse servir de proteção da chuva que insistia em estar presente.
As hostilidades musicais do dia começaram com Sun Araw, banda liderado por Cameron Stallones, que deu ao público um conjunto de canções com um som bastante experimental pontuado aqui e ali com diversos efeitos inovadores.
Seguiram-se os canadianos Japandroids, uma das bandas que o público mais ansiava ver ao vivo nesta edição do paredes de Coura. Brian King (guitarra e voz) e David Prowse (bateria e voz) mostraram-se visivelmente felizes por estar a tocar em Portugal pela primeira vez, agradecendo o facto de a sua estreia ter sido “num festival tão cool como é este”. “Lá fora chove, mas nós vamos continuar a tocar o mais que pudermos”, avisaram. E assim foi, pois durante cerca de 40 minutos a banda oriunda de Vancouver deu ao muito público uma mão cheia de canções de puro rock, as quais deram origem ao primeiro momento verdadeiro festivaleiro desta edição com moches e dança à mistura. “Fire’s Highway”, “Wet Hair”, “Flight of the Eagles” e, claro, “The House that Heaven Built” deixaram todos rendidos, de tal forma que já os músicos tinham saído do palco e o público gritava “Japandroids” alto e bom som. Valeu!
Eram cerca das 21h20 quando os Tune-Yards subiram ao palco Vodafone-FM. Mais uma banda estreante em território nacional, deram um concerto no mínimo contagiante, muito por culpa da alegria visível no rosto pintado da vocalista Merril Garbus. Uma das evidências mais incríveis deste festival é o facto de que a felicidade que se presente por entre o público ser extensível a quem está em cima do palco, por isso não estranhem se grande parte deste e dos demais reports derem disso mesmo conta. Este é, efetivamente, um evento feliz, onde músicos e público estão felizes e demonstram isso mesmo. Merril estava feliz e isso o público percebeu recebendo cada canção de braços abertos e palmas a acompanhar. bonito!
Com a chuva a começar a carregar forte e feio, foi a vez de Stephen Malkmus and The Jicks darem música. Mentor da banda de culto norte-americana Pavement que marcou a cena indie nos anos 90, Stephen Malkmus formou The Jicks em 2000, aproveitando o hiato de tempo durante o qual os Pavement estiveram parados. Eram bastantes os fãs da banda americana que desejavam ver o concerto, o qual foi de alguma forma prejudicado pela chuva, ela sim num crescente de intensidade. Com algumas canções de trabalhos anteriores, como “Jenny and the Ess-Dog”, quase toda a atuação de Stephen Malkmus and The Jicks girou em torno de “Mirror Traffic”, trabalho lançado em 2011.
O ambiente aqueceu um pouco com a chegada a palco de Friends, cuja vocalista, Samantha Urbani, surgiu vestida de policia prometendo punir quem não se mexesse e dançasse! Como ninguém estava para ai virado, toca ver todos a dançar! Durante a atuação a vocalista foi “perdendo” peças de roupa até nos mostrar a t-shirt das Pussy Riot, banda russa recentemente condenada a 2 anos de prisão por “hooliganismo” e “incitamento ao ódio religioso”. Canções como “A Thing Like This” e “I’m his Friend” deram o mote à festa que terminou com Samantha a saltar para cima do público! Ou bem que estamos num festival ou não…
A nossa noite terminava com a atuação dos PAUS, que, mais uma vez, nos deixaram rendidos ao som poderoso das baterias de Quim Albergaria e Hélio Morais. A banda é, sem dúvida nenhuma, um dos melhores projetos nacionais, que ao vivo ganha uma dimensão como se tem visto poucas vezes por terras lusas.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
Reportagem fotográfica com o apoio Canon Portugal www.canon.pt/
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