Fear Factory vieram ao LAV dar um concerto eletrizante e explosivo no qual apresentaram o novo vocalista
Quatro bandas que apresentam sons muito distintos prometiam uma noite memorável no LAV. Estilos distintos, deram aos fãs do metal a oportunidade de experienciar momentos únicos. No final a alegria espelhada no rosto dos muitos que enchiam a sala de concertos lisboeta testemunhava bem o que ali se tinha passado: o regresso em grande dos Fear Factory que chegaram extremamente bem acompanhados.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
Aa honras de abertura couberam aos Ghosts of Atlantis. Oriundos da terra de sua majestade, estes praticantes de de um death metal que não renega à melodia apresentaram-se com um alinhamento forte que impressionou a audiência, verdade seja dita que nem pareciam apenas uma banda de abertura…Com uma elevada qualidade de som, a banda tem um efeito impactante igualmente devido à forma cénica como se apresenta em palco. Em cima do palco a figura dos músicos apresenta-se de forma dominadora demonstrando o coletivo possuir uma incrivelmente estrondosa.
Os Ignea chegaram da Ucrânia para maravilhar a todos com a sua eximia execução técnica e vocal. Pequena em tamanho, a vocalista Helle sobressai. Dona de uma amplitude vocal digna de referência, a vocalista consegue brindar o público com uma interpretação melódica, nítida, elevada e absolutamente deslumbrante, enquanto que no instante seguinte, como que possuída por alguma alma estranha, surpreende todos uma voz brutalmente demoníaca e poderosa.
Butcher Babies chegaram depois para aquecer a sala para o prato principal. De imediato se estranhou apenas a presença de Heidi, uma das duas vocalistas da banda, que pouco depois explicou que «Carla não está pois teve de ser submetido a uma intervenção cirúrgica, mas correu bem e ela está a recuperar». Já nos tinham avisado para as atuações demolidoras desta banda, e, de fato, assim foi. Possuidora de uma habilidade vocal incrivelmente feroz e poderosa, Heidi não vacilou por um segundo perante a árdua tarefa de estar a cumprir o papel de duas pessoas: levou a responsabilidade ao máximo e deu um concerto imaculadamente intenso. Donos de um som instrumentalmente muito bem equilibrado, estes “babies” trespassam cada elemento do público com a sua energia altamente viciante.
A entrada dos Fear Factory fez-se num misto de verdadeira excitação e alguma curiosidade. Dino Cazares, a força motora por detrás desta máquina do medo, conseguiu juntar as peças e apresenta hoje uma banda coesa que sabe dar um concerto incrível.
Estávamos no ano de 1989, na cidade norte-americana de Los Angeles, na Califórnia, quando o guitarrista Dino Cazares se junta ao baterista Raymond Herrera para dar vida à banda Ulceration, que, um ano depois ganharia a nova designação de Fear Factory. Em 2002, dão a sua atividade por terminada para, ainda no mesmo ano, anunciarem o regresso, mas sem a presença de Dino Cazares, que decide sair da banda para se dedicar aos seus outros projetos, como Brujeria. O baixista Christian Olde Wolbers passa para a guitarra e entra o baixista Byron Stroud. Sete anos depois nova mudança na formação: regressa Dino Cazares para a guitarra) e Burton C. Bell nos vocais, aos quais se juntam o baixista Byron Stroud e o lendário baterista Gene Hoglan. Em setembro de 2020, Burton C. Bell anuncia que vai abandonar a banda. Com o álbum Aggression Continuum para promover e mostrar ao vivo, era preciso encontrar novo vocalista, sendo que já este ano, em fevereiro, era anunciado o nome do italiano Milo Silvestro.
E chegamos ao LAV: tendo passado por todos estes altos e baixos, a banda norte-americana surge hoje com uma energia renovada e bem em alta, muito por culpa da energia, da entrega e da voz de Milo. Dizer que a banda está mais viva do que nunca é uma certeza para quem compareceu ao chamamento naquela noite. Os Fear Factory deram um concerto demolidor numa demonstração de que estão de volta e melhores do que alguma vez foram.
Ghosts Of Atlantis
Ignea
Butcher Babies
Fear Factory