Exclusivo LOOK mag: Simão Reis lança “Ouro” com ilustrações de Beatriz Szwarc

Nascido na Trofa mas sediado em Lisboa após viver alguns anos em Bragança, Simão Reis (Chevalier de Pas, Rei Marte, Sid, Just The Tip e Raiva Rosa) é um multi-instrumentalista e escritor de canções à antiga.
Após a criação de variados projectos de banda, Simão Reis estreia-se com o lançamento do seu projecto homónimo em que ecoa a característica guitarra eléctrica. Agora, e num exclusivo LOOK mag, Simão Reis lança “Ouro”, o terceiro single do EP “Combustão Lenta”.

Como surgiu o teu interesse pela música?
Quando era miúdo queria tocar bateria. Os meus pais, não conseguindo dar-me uma, ofereceram-me uma guitarra no dia em que celebrei 13 anos. E foi assim que tudo começou. Desde esse dia que toco guitarra diariamente.

Tocas mais do que um instrumento. Qual foi o primeiro e como avançaste depois para os outros?
Depois da guitarra passei para o baixo por o achar parecido. Quando o meu irmão começou a tocar bateria em casa – sim, a ele os meus pais deram uma bateria (risos) – finalmente pude aprender. Foi sozinho que aprendi a tocar quase tudo, como teclado e violino. Cantar era, provavelmente, o que me faltava para ser auto-suficiente nas minhas músicas, pelo que foi algo que acabou por acontecer com naturalidade. Desde os 13 anos que faço parte de bandas, o que ajudou muito. Para além disso, tenho formação clássica em guitarra e na faculdade, que frequentei em Bragança, acabei por, ao longo de três anos, aprofundar o teclado.

E a poesia, que espaço ocupa ela na tua vida?
85% (risos). Como leitor não consumo poesia em grandes quantidades, mas desde muito novo que transformo as coisas que se passam na minha vida em metáforas e versos. Enquanto músico e compositor a poesia ocupa um espaço enorme, pois gosto e procuro, sobretudo, que os ouvintes se identifiquem com os poemas que estão por trás das músicas. Como ouvinte procuro sempre a poesia que se esconde nas letras.

Como surgiu “Ouro”?
Estava com a minha companhia de quarentena, e sentia-me bem disposto e num bom lugar. Comecei a tocar uma melodia que tinha na cabeça – que na altura me parecia algo tipo “blues”. De repente as palavras surgiram, pelo que resolvi começar a gravá-las.

Em que te inspiraste para o escrever?
Acho que me inspirei no meu próprio processo de criação. Acho fascinante a natureza dar-nos esta coisa da imaginação e da criatividade e na manifestação dos nossos sentimentos nesse acto. Acho que é das coisas mais bonitas que existem.

De que forma se enquadra este tema no EP Combustão Lenta?
“Ouro” será o clímax do EP. O próprio EP está relacionado com esse processo de criação e com a possibilidade de, enquanto músico e compositor, não ter de me agarrar a um género, permitindo-me “navegar” pela criatividade.

Como tens vivido a quarentena?
Muito bem. Diria que a minha vida acabou por melhorar substancialmente durante a quarentena. Tenho a melhor companhia possível e a possibilidade de trabalhar em casa. Do ponto de vista criativo tem sido algo muito rico e intenso. Mas tenho algumas saudades da rua e de ter a vida que tinha antes. Sobretudo de passear, andar de metro e, acima de tudo, de tocar ao vivo.

Como surgiu esta parceria com a Beatriz?
A Beatriz é minha amiga e uma das companhias que tenho na quarentena. Dias depois de termos começado o confinamento a que o Estado de Emergência obrigou, a Beatriz fez anos e um dos presentes que lhe oferecemos foi uma caneta digital. Depois disso acabámos por transformar uma das divisões da casa numa espécie de espaço criativo (com um estúdio improvisado, um tapete gigante e um cão constante). Foi nesse espaço que a Beatriz começou a criar ilustrações com base no que ouvia. Depressa demos por nós a sermos cúmplices no processo de criação. Enquanto eu crio as músicas ela interpreta esse processo sob a forma de ilustrações, ao mesmo tempo que grava em vídeo excertos do meu processo criativo os quais acabam por documentar a criação do EP.

Vai ser possível adquirir as ilustrações? Se sim como?
O EP vai estar à venda estar a partir de dia 01 de Maio no Bandcamp e em várias lojas digitais. Quem comprar no Bandcamp tem acesso às ilustrações.
Eventualmente, o EP irá também estar disponível no Spotify. De qualquer forma, “Prata”, uma das músicas do EP, já está disponível no Youtube, enquanto “Ouro” está disponível a partir de hoje, dia 27 de Abril.

Perguntas rápidas
Prosa ou poesia? Poesia
Trofa ou Lisboa? Lisboa
Campo ou praia? Campo
Vinil ou CD? CD, foi o que sempre comprei deste miúdo
Doce ou salgado? Picante!
Ouro ou prata? Não uso jóias. Mas tenho anéis de madeira ao pescoço
O Monstro Precisa de Amigos ou Cão? Cão! Definitivamente

Cinco músicas que te tenham inspirado a escrever Ouro
Trovante – (qualquer uma): a exploração das sonoridades luso-africanas. As influências do jazz e da música popular portuguesa.
Manel Cruz – O Navio Dela: escolhi esta porque foi a que me veio à cabeça, mas inspiro-me sempre no trabalho do Manel Cruz para escrever poesia.
AIR – Moon Safari: um álbum que integra a parte da exploração da electrónica, sintetizadores e downtempo.
António Variações – Sempre Ausente: talvez porque o meu processo lírico e métrico se relacione com o dele.
Connan Mockasin – Caramel: tal como neste álbum, tentei fazer com que parte da minha expressão partisse da guitarra, o meu instrumento principal.

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