À descoberta de Guimarães
Cidade de origem medieval, Guimarães remonta ao século X. Berço de Portugal tudo ali nos lembra a importância da história na evolução de um povo. Sem deixar de parte a herança deixada por D. Afonso Henriques, a cidade modernizou-se sabendo receber com muita simpatia e hospitalidade.
No século X a Condessa Mumadona Dias, viúva de Hermenegildo Mendes mandou edificar um mosteiro que se transformou em ponto de grande interesse, dando origem à fixação territorial da primeira população. Para defender convenientemente o ainda recente povoado, a Condessa Mumadona Dias erigiu um castelo na colina, dando origem ao segundo polo populacional da zona. A entre as duas áreas viria a ser a Rua de Santa Maria.
Tempo depois o mosteiro converteu-se em colegiada, alcançando enorme interesse por culpa dos privilégios e doações que monarcas e nobres lhe foram concedendo.
Dai a tornar-se num afamado Santuário de Peregrinação foi rápido, pois eram muitos os crentes que a ele acorriam vindos de todos o lado. A povoação foi-se desenvolvendo dentro da muralha que a protegia de ataques. Com o passar dos anos os dois pólos populacionais originais fundem-se e depois do século XV a cidade intramuros já pouco ou nada se modificará, apenas se edificam igrejas, conventos e palácios, formando-se o Largo João Franco em finais do século XVII e inícios do XVIII.
No fim do século XIX, de acordo com a modernas tendências urbanísticas de higiene e simetria, a cidade (desde 1853 por decreto da Rainha D. Maria II) passa por uma grande transformação. As muralhas são derrubadas e construídos os largos de Martins Sarmento e Condessa do Juncal, rasgam-se ruas e imponentes avenidas e dá-se a mudança em parque da Colina da Fundação e inaugura-se a Alameda. Mas, nada lhe tirou nem o charme nem uma certa aura antiga que tanta graça lhe dá. Guimarães ainda é uma das mais bonitas cidades portuguesas onde o centro histórico surge com um imenso esplendor.
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Plataforma das Artes e Criatividade
A Plataforma das Artes e Criatividade é um projeto infraestrutural de transformação do Antigo Mercado de Guimarães num espaço multifuncional, dedicado à atividade artística, cultural e económico-social. Acolhe diversas valências e espaços dedicados a três grandes áreas programáticas:
– Centro Internacional das Artes José de Guimarães, que acolhe uma coleção permanente (Coleção José de Guimarães) e uma área de exposições temporárias;
– Ateliers Emergentes de Apoio à Criatividade;
– Laboratórios Criativos.
Paço dos Duques de Bragança
Majestosa casa senhorial do século XV, mandada edificar por D. Afonso. Palácio com características arquitetónicas de casa fortificada, coberturas de fortes vertentes e inúmeras chaminés cilíndricas que denotam a influência da arquitetura senhorial da Europa Setentrional. Classificado Monumento Nacional.
Convento de Santo António dos Capuchos
Situado na Colina Sagrada, ocupa o edifício construído como convento no século XVII e comprado pela Misericórdia em 1842 para aí instalar o seu hospital. Em exposição algumas peças e móveis. Obrigatório visitar os corredores, pátios e claustro do imponente edifício, além da igreja do convento, onde se encontra uma sacristia datada do século XVIII.
Museu de Alberto Sampaio
Criado em 1928 para albergar as coleções da extinta Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e de outras igrejas e conventos da região de Guimarães. Situa-se no centro histórico, no local onde, no século X, a condessa Mumadona instalou o mosteiro à volta do qual foi surgindo o burgo vimaranense.
Sala Museu José de Guimarães
Espaço que acolhe a exposição permanente do pintor e escultor vimaranense numa das salas térreas do Paço dos Duques de Bragança. Ali é possível admirar um conjunto de obras que José de Guimarães doou à sua cidade natal.
Museu Arqueológico Martins Sarmento
O museu nasceu em 1885 com a inauguração de um depósito de objetos arqueológicos. Três anos depois foram instalados numa galeria no claustro de S. Domingos.
Castelo
No século X surge assim o primitivo castelo de Guimarães. No século XII, com a formação do Condado Portucalense, vêm viver para Guimarães o Conde D. Henrique e D. Teresa que mandam realizar grandes obras no Castelo de forma a ampliá-lo e torná-lo mais forte. Ligado a façanhas heroicas do período da fundação da nacionalidade, como a Batalha de S. Mamede, em 1128, serviu de palco a vários conflitos reais. Perdida que foi a sua função defensiva, o castelo entra num processo de abandono e degradação progressiva até ao século XX, altura em que é declarado Monumento Nacional e é sujeito a obras de restauro.
Praça de Santiago
Reza a lenda que uma imagem da Virgem Santa Maria foi trazida para Guimarães pelo apóstolo S. Tiago e colocada num templo pagão num largo que passou a chamar-se Praça de Santiago. Foi nas suas imediações que se instalaram os francos que vieram para Portugal em companhia do conde D. Henrique.
Igreja de S. Miguel do Castelo
Construção do início do século XII de estilo românico, de pequenas dimensões e de grande simplicidade arquitetónica. Transporta um grande simbolismo pela sua ligação histórica ao período da fundação da nacionalidade e ao facto de ter sido aí batizado D. Afonso Henriques. O pavimento está lajeado com as sepulturas de nobres guerreiros ligados à fundação da nacionalidade. É Monumento Nacional.
Igreja de Nossa Senhora da Oliveira
A edificação atual evidencia as sucessivas remodelações e acrescentos porque passou. Nela podemos ver elementos de diferentes épocas: reconstrução gótica impulsionada por D. João I; a torre da igreja de características manuelinas, concluída cerca de 1513-1515; a capela-mor, de arquitetura clássica, reedificada no séc. XVII por D. Pedro II; os estuques das capelas maior e colaterais são referências da reforma neoclássica iniciada em 1830; a última intervenção data do séc. XX e pretendeu deixar à vista o granito das paredes e as colunas de origem medieval.
Igreja S. Francisco
Construção iniciada em novembro de 1400, a igreja sofreu várias alterações entre os séc. XV e XVIII. A mais importante consistiu na introdução de azulejos de carácter hagiográfico relatando a vida de Santo António, a criação da sacristia de figurino Joanino, com teto de caixotões pintados e arcazes em pau-preto, e a criação do retábulo-mor, desenhado por Miguel Francisco da Silva, em 1743.
Largo do Toural
Considerado hoje como o coração da cidade, era no século XVII um largo extramuros junto à principal porta da vila, onde se realizava a feira de gado bovino. Em 1878 é construído o Jardim Público. Com a implantação da República, o Jardim Público é transferido para outro local, sendo então colocada no centro do Toural a estátua de D. Afonso Henriques. Anos depois é substituída por uma fonte artística, o chafariz renascentista de três taças.
Antigos Paços do Concelho
Construção datada de fins do século XIV, no reinado de D. João I. No inicio do século XVII foi remodelada pelo arquiteto João Lopes de Amorim.
Rua de Santa Maria
Foi uma da primeiras ruas abertas em Guimarães. Ligava o convento fundado por Mumadona e o Castelo. Nela encontramos vários testemunhos arquitetónicos: o Convento de Santa Clara, a Casa do Arco, a Casa dos Peixotos e a Casa Gótica dos Valadares.
Padrão do Salado
Alpendre gótico erguido no reinado de D. Afonso IV, para comemorar a Batalha do Salado, travada em 1340.
Igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos
As suas remontam a uma pequena ermida, dedicada a Nossa Senhora da Consolação, datada de 1576. Em 1785 é concluída a nova igreja, exemplar barroco onde se acrescentaram duas torres na frontaria um século depois, bem como a escadaria e a balaustrada. No decurso do século XIX foi construída a Casa do Despacho e a Capela do Senhor dos Passos.
Convento de Santa Clara
Instituído no século XVI pelo Cónego Mestre Escola da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, Baltasar de Andrade, foi um dos mais ricos conventos de Guimarães. Edifício de fachada barroca, tem ao centro a escultura de Santa Clara. O claustro de dois pisos é de tipo clássico. Hoje acolhe a Câmara Municipal de Guimarães.
Palácio e Centro Cultural Vila Flor
Construído em meados do século XVIII, por ordem da família dos Carvalhos, é decorado com as estátuas em granito dos primeiros reis de Portugal. A fachada está voltada para um jardim em três patamares, decorado com uma fonte barroca. Restaurado em 2005, acolhe o centro cultural homónimo.
Igreja de S. Domingos
As origens da igreja de S. Domingos remontam à construção do primeiro mosteiro dominicano em Guimarães, erigido entre 1271 e 1278. Depois de algumas extinções, demolições, aquisições e cedências, o Santíssimo Sacramento da Igreja de S. Paio é conduzido para a igreja de S. Domingos, a qual, desde 1914 é investida na condição de paroquial da freguesia de S. Paio. O claustro é monumento nacional desde 1910 e a igreja é imóvel de interesse público desde 1959. A
Capelas dos Passos da Paixão de Cristo
Em Guimarães, os Passos eram sete de início e foram erguidos em 1727 pela Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos. Ao longo do tempo e de acordo com o crescimento da cidade, foram sendo transferidos ou desmontados. Hoje existem cinco: Passo do Largo do Carmo, Passo da Rua de Santa Maria, Passo do Largo João Franco, Passo da Senhora da Guia e Passo do Campo da Feira.
Igreja de S. Pedro
Mandada construir em 1737, em 1881 acolhe obras para a demolição das estruturas provisórias e das casas que estavam em frente ao corpo da igreja. A capela-mor é separada da nave por arco de cruzeiro de volta perfeita e nela se destaca o retábulo, de talha azul e dourada.
Igreja da Misericórdia
O início da construção da igreja remonta a 1588, tendo sido inaugurada em 1606. De planta longitudinal e fachada maneirista, apresenta na frontaria dois medalhões e na parte superior, um nicho envidraçado com a escultura de Nossa Senhora da Misericórdia.
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Montanha da Penha
A montanha da Penha, para além do Santuário, dispõe de um vasto conjunto de infraestruturas destacando-se um parque de campismo, um campo de minigolfe, circuitos de manutenção, um centro equestre, áreas de passeio, restaurantes, bares e cafetarias. Integra a Reserva Ecológica Nacional, constituindo uma grande área verde da cidade de Guimarães.
Vila de S. Torcato
Situada na margem esquerda do Rio Selho, S. Torcato é uma vila predominantemente rural. Em finais do século XIX foi iniciada a construção do Santuário de S. Torcato, um edifício em granito, com elementos de inspiração gótica, românica e clássica.
No interior da Igreja encontra-se o corpo incorrupto de S. Torcato, um dos primeiros evangelizadores da Península Ibérica no séc. VIII.
Campo da Ataca
Segundo a tradição, foi em S. Torcato que teve início, em 24 de Junho de 1128, a Batalha de S. Mamede, na qual D. Afonso Henriques conquistou a chefia do Condado Portucalense e iniciou o processo político da independência de Portugal. Em 1996 foi inaugurado o atual arranjo artístico-monumental, que celebra este acontecimento.
Citânia de Briteiros
Bem perto dos santuários do Sameiro e do Bom Jesus de Braga fica a citânia de Briteiros. Local arqueológico da Idade do Ferro, situada no alto do monte de São Romão, a cerca de 15 km de Guimarães cidade, é uma citânia com as características gerais da cultura dos castros do noroeste da Península Ibérica. Monumento Nacional desde 1910, apresenta as características da cultura dos castros do noroeste da Península Ibérica.
Onde ficar
A equipa Look Mag ficou hospedada no Hotel ibis Guimarães. Unidade hoteleira bem localizada, perto do centro da cidade de Guimarães, é ideal para quem deseja explorar as belezas naturais e históricas da cidade berço de Portugal. Ao pequeno-almoço, um conjunto de alimentos saudáveis renovam as forças dos visitantes para mais um dia de aventuras exploratórias pela cidade. O hotel disponibiliza Internet WIFI e um serviço de snacks 24horas por dia.
Mais informações e reservas através: http://www.accorhotels.com/pt/hotel-3230-ibis-guimaraes-centro/index.shtml
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro