Camarro Fest 2023 II: A negritude dos Corpus Christii iluminada pela cor dos Serrabulho na segunda noite da festa
Depois de uma bela noite de descanso e um passeio à beira-rio, chegámos à Sociedade Democrática União Barreirense – Os Franceses para a segunda rodada do Camarro Fest 2023. O cardápio musical da noite era variado por isso a expectativa estava em alta.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
A segunda noite começou com o post metal dos Awaiting The Vultures. Para nós, que somos fãs deste género, soube lindamente começar a noite ao som da banda oriunda de Évora. Com Xinês na bateria, Yoann Crochet no baixo, Nuno Verdades, Daniel Guerra e Pedro Pires nas guitarras, a banda soube encantar os que iam chegando à Sociedade Democrática União Barreirense – Os Franceses.
Criado em 2018 na cidade do Porto, a banda Grindead deu seguimento às hostilidades musicais. A banda de death/grind que reúne veteranos da cena musical portuense, chegou e deu tudo. No Barreiro, a banda trouxe a crueza e o feeling old school ao palco, com um alinhamento cujos temas destilam peso e abrasividade. Unindo o death metal e grindcore, os Grindead mantêm com mestria o impacto direto e groove nos seus temas.
De nacionalidade portuguesa, os Els Focs Negres cantam em catalão. O resultado? Diferente e interessante. O primeiro álbum autointitulado de Els Focs Negres foi lançado pela Rafchild Records em vinil e CD. Nele a banda presenteia os ouvintes com um heavy metal satânico pontuado por toques de speed metal. Belathauzer, Hugo Conim, Marco Marouco, Ricardo Campos e Marco Dolor, que é como quem diz os Els Focs Negres, apresentam uma atmosfera impactante (e muito criativa) onde a sua sonoridade vintage vive e cresce oferecendo um concerto algo desconcertante, sobretudo para quem conhecia a banda e desconhecia ao que vinha.
Com os Corpus Christii era chegado um dos momentos mais aguardados da noite. A pureza do black metal chegou ao Camarro Fest para dar mais uma prova, derradeira e sem rodeios, de que é esta é uma das bandas que lidera o black metal a nível nacional. Sendo um dos nomes mais notáveis e aclamados do género, os Corpus Christii demonstram uma força e um foco que só uma banda com duas décadas de carreira consegue ter. Tal como noutros concertos, também ali tivemos a oportunidade de ver a enorme qualidade da banda lisboeta, a qual chega até nós em temas de black metal puro e duro, diretos e sem rodeios, com ganchos sólidos nos riffs gélidos e nos rugidos cheio de blasfémia. Não há cá que florear, e eles são a prova disso mesmo!
Amigos do coração, os Serrabulho foram o nome escolhido para fechar a noite e o festival. Com eles a festa é garantida e a alegria uma certeza. Com eles, percebemos porque é que Grind is Love, com eles entendemos o valor da amizade que a cada concerto mostra um crescimento sólido entre a banda transmontana e o seu público fiel. Verdadeiros hinos, as suas canções servem de banda sonora a uma (saudável) loucura que parece acometer a todos os que estavam na sala de espetáculos. Portadores de uma infinita energia, a banda viu o concerto abruptamente interrompido após a queda de Carlos (o vocalista) do palco. Tudo acabou bem, sem mal de maior.
Na nossa memória trazemos dois dias de bom ambiente, boa música, muita alegria e muita amizade. Que venha o Camarro Fest 2024!
Awaiting The Vultures
Grindead
Els Focs Negres
Corpus Christii
Serrabulho