Brands that matter: Care to Beauty quer simplificar o acesso de todos à beleza e aos cuidados da pele
A Care to Beauty é a maior loja online portuguesa de cosmética — e em fevereiro será a mais rápida —, a qual acaba de lançar a nova marca e o novo site, num investimento de 400 mil euros. O objetivo desta renovação «é continuar a garantir a democratização do acesso à beleza e aos cuidados de pele a todas as pessoas e em todas as geografias, através de uma experiência de navegação e de compra sem paralelo no nosso país», como revela em entrevista à LOOK mag, Bruno de Gouveia, fundador e CEO da marca.
O que é e quando nasceu a Care to Beauty?
A Care to Beauty é um e-commerce de todo o tipo cosmética — desde a cosmética de grande consumo, à dermocosmética de farmácia até à de luxo —, tendo neste momento o maior catálogo disponível de produtos de beleza em Portugal. O nascimento da empresa dá-se nas seguintes circunstâncias. Eu cresci numa família que tinha um pequeno negócio de material de bombas de água, o que me deu as bases do comércio de retalho. Mais tarde, em 2013, ao concluir a minha formação em engenharia eletrotécnica, descobri o mundo do e-commerce e tomei a iniciativa de criar a loja online dos meus pais, resultando num aumento muito significativo e rápido das vendas. Impulsionado por este sucesso e com o desejo de ter um negócio próprio, explorei diversas categorias de produtos na área do retalho, incluindo equipamentos desportivos, artigos de pesca, roupas e relógios, até que decidi focar-me no setor da cosmética por ser o mais apelativo e com mais futuro. Nessa altura (em 2015) já tinha um amigo e sócio com antecedentes no ramo corporativo. Como ele endava a explorar o e-commerce como trabalho final do MBA que estava a fazer na Porto Business School, decidimos, então, juntos fundar a Care to Beauty.
Qual o investimento inicial?
O investimento total foi de 50 mil euros, dividido pelos sócios, o qual englobava: stock, material de escritório, renda do espaço e contratações.
Qual a missão da marca e o seu propósito?
A nossa missão é simplificar o acesso de todos à beleza e aos cuidados da pele, com orientação personalizada e através de uma experiência de compra eficiente, fácil e agradável, a qual crie vontade de o consumidor voltar. Para atingir este objetivo, propomo-nos selecionar os melhores produtos — com base na ciência e na inovação — e comprometemo-nos a oferecer, numa plataforma única e digital, um vasto e completo catálogo de cosmética, saúde, bem-estar e beleza, o qual personifica as necessidades, os gostos e as preocupações das pessoas em todo o mundo.
De start-up para PME: como foi esse percurso?
É raro uma empresa ter sucesso, pois há muitas coisas que podem correr mal e, de facto, tivemos os nossos momentos menos bons. Felizmente que as adversidades nos tornaram mais fortes e robustos e que nos deram mais ambição de continuarmos o caminho de, dentro de poucos anos, passarmos de média a grande empresa.
Num mercado cada vez mais competitivo o que vos distingue?
Os nossos argumentos de venda são: termos o maior catálogo de cosmética em stock e pronto a enviar de Portugal para todo o mundo, marcas de qualidade, apoio ao cliente premium, entrega em qualquer lugar do mundo e milhares de clientes satisfeitos que voltam a comprar.
De que forma a pandemia teve impacto na empresa?
Devido aos vários confinamentos e restrições de entrada nas lojas físicas, os anos da pandemia (2020 e 2021) aceleraram o e-commerce em todo o mundo, e a Care to Beauty não foi exceção. Em 2020, capitalizámos a grande procura que o online teve, ou seja, a nível de faturação obtivemos o dobro em relação a 2019, passando de sete para 13 milhões de euros. Mas, nos anos seguintes, e mesmo com a reabertura do comércio de rua, conseguimos continuar a crescer, pois as pessoas ganharam o hábito de comprar na internet (é fácil e rápido) e também porque a nossa marca soube conquistar o seu lugar junto dos consumidores (qualidade, variedade, promoções regulares e fiabilidade). Até hoje, todos os anos foram melhores do que os anteriores, sendo que, por exemplo, entre 2019 e 2022, aumentámos imenso o espaço de escritório/armazém (de 400 para 4000 m2) e as marcas disponíveis (de 100 passámos para 400).
Hoje, com o normal instalado, sentiram alguma mudança?
Como referimos, a Care to Beauty, mesmo quando o comércio reabriu, continuou a crescer a todos os níveis, nomeadamente no que toca a faturação. Para se ter uma ideia, acabámos 2022 com 17 milhões de euros e esperamos terminar 2023 com 20 milhões. Por outro lado, e pensando em 2024 a nível global, acreditamos que este será um ano de grande incerteza económica e política e que se espera que traga desafios e retração geral. Todavia, do ponto de vista logístico, as cadeias de distribuição e de abastecimento parecem ter estabilizado e, no e-commerce, depois do pico e da ressaca da pandemia, acredito que assistiremos, nos próximos dois anos, ao regresso do crescimento das vendas online em Portugal. Por isso, a Care to Beauty conta, mais uma vez, continuar a crescer e chegar aos 25 milhões de euros de faturação no final do próximo ano, o que é muito animador.
Quantas pessoas têm a colaborar e se pensam aumentar esse número?
No início éramos apenas dois — eu e o meu sócio — a tratar de toda a logística e a embalar os produtos numa sala pequena, no centro do Porto. Atualmente, a empresa conta com 70 pessoas divididas pelas áreas de: gestão, programação, business intelligence, marketing, apoio ao cliente, compras, conteúdos para o site e aconselhamento ao cliente (14 pessoas com formação em Farmácia que conhecem os produtos melhor do que ninguém). O objetivo é chegarmos aos 100 colaboradores em 2024 (30 contratações) e, em 2027, aos 250 (numa média de 50 contratações por ano). Se conseguirmos alcançar o referido objetivo, e de acordo com o critério europeu, este número permitir-nos-á passar de PME para grande empresa.
Quantos produtos comercializam neste momento e em que categorias?
Na Care to Beauty é possível encontrar mais de 400 marcas e mais de 21 000 produtos diferentes. Neste momento, e após o lançamento do rebranding e do novo site (recentemente, em outubro), os produtos estão organizados de forma simples e intuitiva por categorias: Rosto, Corpo, Proteção Solar, Cabelo, Maquilhagem, Acessórios, Homem e Mamã & Bebé e ainda por uma seleção de curadorias: Novidades, Top Vendas, Dermocosmética, Beleza Coreana, Beleza Premium, Beleza Vegan, Beleza Sustentável, Fórmulas Naturais, Produtos de Viagem, Cuidados de Pele para Doentes Oncológicos e Rotinas de Cuidado do Rosto. Os nossos clientes podem ainda encontrar outras oportunidades no menu melhores ofertas: Marca do Mês, Marca Destacada, Ofertas Semanais, Saldos, Produtos de Oferta, Presentes & Coffrets, Packs Promocionais e Outlet.
Por curiosidade, qual o produto, ou produtos, mais vendidos?
A nível internacional, a Care to Beauty é reconhecida pelo seu posicionamento em relação ao uso disseminado de proteção solar. Assim sendo, os solares são uma categoria muito popular, e, nesse sentido, estamos constantemente a apostar no aumento do nosso catálogo. Por outro lado, de forma correspondente àquilo que são as preocupações habituais, os produtos despigmentantes são dos mais vendidos, bem como os antiqueda de cabelo e os séruns antienvelhecimento. Ao contrário do que se verificava numa fase pré-covid — em que havia uma elevada prevalência da procura pelo natural — hoje em dia, notamos uma demanda crescente pelas marcas de farmácia, recomendadas por dermatologistas e por farmacêuticos.
A que se deve essa preferência, conseguem dizer?
A pandemia mudou a forma como as pessoas olham para os cosméticos. Por um lado, porque, de modo geral, os consumidores passaram a ter mais necessidade de validação científica e a ter mais consciência em relação ao greenwashing de algumas marcas da indústria natural. Por outro lado, a pandemia também trouxe muitos profissionais da ciência para as redes sociais numa tentativa de combater a desinformação e de promover a saúde. Uma das tendências que surgiu precisamente daí foi a consciencialização da necessidade de uso diário de proteção solar e na quantidade adequada. Tendo em conta que é um produto que se gasta rapidamente, as pessoas aumentaram imenso o consumo. Tend em conta que a nossa oferta é muito alargada e popular pelo mundo fora, já somos considerados em várias comunidades internacionais online da Europa e dos Estados Unidos como um dos melhores retailers da web para comprar protetores solares. Relativamente aos antiqueda, as pessoas tentam ao máximo evitar situações de perda parcial ou total de cabelo (calvície), pois é algo que altera a definição do rosto e que interfere com a autoestima. Por sua vez, os séruns antienvelhecimento e despigmentantes são dos mais vendidos, pois desde sempre que o homem procurou travar os sinais do tempo e manter uma aparência mais jovem.
Quais as funcionalidades do novo site?
O novo e-commerce da Care to Beauty apresenta-se mais evoluído, atrativo, moderno, funcional e rápido, tendo sido desenhado para ser Mobile First, pois a nível mundial as pessoas pesquisam e compram cada vez mais neste dispositivo. Além de estar traduzido em várias línguas, distingue-se ainda por mais cinco pontos-chave. Desde logo, pela velocidade, pois nos primeiros meses de 2024 vai ser o site mais rápido de cosmética em Portugal. No que toca a usabilidade, oferece uma ótima experiência de navegação e de compra, tornando-a muito simples e rápida (em 4 passos — pesquisa, carrinho, checkout e confirmação de compra — tem o que pretende em casa). No que diz respeito a organização, a pesquisa conta com filtros completos e é simples e intuitiva — está organizada por Tipo de Produto (para quem sabe o que comprar) e Preocupação (para quem não sabe o que quer, mas tem uma necessidade). Em quarto lugar, o consumidor online beneficia de expertise profissional, dado contarmos com uma equipa de 14 farmacêuticos e especialistas em cosmética que assegura seleções de produtos, descrições completas e originais dos mesmos e ainda aconselhamento grátis aos utilizadores. Por fim, mas não menos relevante, a estética da nossa loja online reflete a identidade da marca — cool, elegante e universal —, visto que integra fotografias de pessoas reais, de todas as idades, géneros, nacionalidades, diferentes tipos de pele e cuidados. No fundo, na Care to Beauty, quem compra vê-se ao espelho, reconhece-se!
Black Friday e Natal, duas épocas de enorme procura. De que forma se prepara uma marca como a vossa para corresponder a essa demanda?
Os nossos momentos de maior procura e que obrigam a maior preparação são a Black Friday e, logo a seguir, o Natal. Portanto, novembro e dezembro são meses muito agitados na Care to Beauty. A organização prévia é feita a vários níveis: desde logo na área da Compras é necessário ter em conta os stocks, o que, na prática, significa ‘encher’ bem as prateleiras. No setor da Logística, e de acordo com as previsões de vendas, é fundamental acautelar colaboradores suficientes e até turnos. Por sua vez, a equipa de Conteúdos trabalha os produtos: introduz imagens e descrições e faz seleções e curadorias de Natal. Por outro lado, o Marketing realiza toda a comunicação: site, newsletters, social media e ainda conteúdos fotográficos e de vídeo para promover campanhas.
Já agora como foi a Black Friday e que expectativas têm relativamente ao Natal?
Para a Care to Beauty, a Black Friday é a peak season, pois vendemos nesse período o mesmo que num mês normal. Aliás, já consideramos esta altura o nosso 13.º mês, dado representar 10% das vendas anuais. Esta Black Friday foi a nossa melhor de sempre e a expectaviva para este dezembro de 2023 é que também seja o melhor de sempre.
O mundo da beleza não é exclusivo das mulheres. Sentem que há uma maior apetência dos homens por este mercado?
Podemos considerar a beleza como sinónimo de muitas coisas diferentes. Na Care to Beauty, abordamos a beleza como aquilo que faz com que alguém se sinta bem na sua própria pele. Nesse sentido, cosméticos “simples” — como desodorizantes, geles de banho e champôs — estão extremamente disseminados na população masculina. Mas, além destes produtos “tradicionais”, nota-se que os homens portugueses estão cada vez mais preocupados em cuidar-se de forma geral. Na prática, por exemplo, na última década os cuidados com a barba aumentaram imenso — sendo a demanda cada vez maior e mais exigente — e a maquilhagem também já é algo muito popular.
Na vossa opinião, de que forma deve ser hoje encarado o conceito de beleza?
Quem, como nós, vende para o mundo inteiro sabe que os conceitos de beleza variam muito e que estão intimamente ligados a questões culturais e geográficas. Aquilo que mais queremos promover é que o cuidar-se — de nós próprios e daqueles que nos rodeiam — é o primeiro, e mais importante, passo para a beleza. E que essa beleza é sentir-se bem na sua própria pele. Onde quer que o nosso cliente esteja e quem quer que ele seja, nós queremos ajudá-lo a que se sinta bem. Por isso, trabalhamos para democratizar a beleza ao torná-la num ideal autêntico e atingível. E é assim que encaramos o conceito de beleza e como sentimos que deve ser encarado de forma global.
Está ele hoje mais do que nunca ligado ao bem-estar?
Sem qualquer dúvida. A beleza é cada vez mais um conceito associado a como nos sentimos e não a como parecemos aos olhos dos outros. E, como já referi, a beleza está em sentir-se bem na sua própria pele.
Olhando para trás, uma vez que estamos no final de 2023, qual o balanço?
Felizmente, o balanço é muito positivo. Em termos de vendas vai ser o melhor ano de sempre da Care to Beauty, pois vamos chegar aos 20 milhões de euros em faturação. O nosso catálogo também cresceu, e temos o lançamento bem-sucedido da nova marca e do novo site, o que também é mais um passo rumo ao objetivo de nos tornarmos uma grande empresa.
E, de olhos no futuro, quais as vossas perspetivas para o ano que está quase a começar?
Pretendemos continuar a crescer e também ter o site mais rápido e mais user-friendly do mercado, no sentido de proporcionar uma experiência de utilização incrível para os nossos clientes. Em termos de catálogo, estamos a trabalhar para reforçar a nossa liderança de loja portuguesa com mais marcas disponíveis (pretendemos ter 500 em 2024, ou seja, mais 100 do que as atuais) e com mais produtos distintos (atualmente mais de 21 000 referências). Em relação aos recursos humanos, como já mencionado, contratar cerca de 30 pessoas, e, no que toca a faturação, esperamos crescer mais de cinco milhões em relação a 2023, atingindo os 25 milhões de euros.