Adele rendida a Lisboa
Esgotaram mal se soube que estavam marcados. Primeiro um, depois o outro. Ambos envoltos em “polémicas” devido às datas, a verdade é que os concertos de Adele deixaram fãs e, diga-se a bem da verdade, imprensa em alvoroço. Não sendo a artista que mais aprecia aparecer ao vivo e depois de ter estado algum tempo parada, Adele em concerto surgia como uma fatia apetitosa do bolo de festivais e grandes concertos agendados para este ano.
E assim foi! Ela chegou, cativou, cantou, falou e convenceu. Até a nós, que saímos de um MEO Arena rendidos à qualidade do seu espetáculo e ao poder da sua voz (bem mais intensa do que em disco).
Ao fundo, no palco são os emblemáticos olhos pintados com um imaculado eyeliner preto que dão as boas-vindas. Poucos minutos depois das 20h00 (excelente hora para um concerto, diga-se a bem da verdade), esses mesmos olhos abrem-se e acompanham as primeiras palavras de Adele, «Hello», e pela primeira das muitas vezes nessa noite o MEO Arena quase vem abaixo com os gritos e os aplausos dos fãs. E eis que surge Adele num palco central bem a meio da plateia da sala.
“Acho que os concertos são metade de mim e metade do público. Hoje, aqui vocês são 100%! Algo me diz que esta noite vai correr muito bem, tenho um bom feeling», Adele
Com um alinhamento cheio de sucessos (não houve uma canção que não fosse cantada a plenos pulmões pelos milhares de fãs), Adele percebeu rapidamente que tinha chegado a um lugar onde é verdadeiramente adorada, «nunca tinha estado em Lisboa, nunca tinha vindo a Portugal, mas a verdade é que vocês são o público mais incrível (e barulhento) que já tive», referindo que «acho que os concertos são metade de mim e metade do público. Hoje, aqui vocês são 100%! Algo me diz que esta noite vai correr muito bem, tenho um bom feeling».
Adele entre gargalhadas e confissões
E o feeling estava certo pois a noite foi dela e, mais ainda, do seu público, que participativo, barulhento e emocionado não deixou de escoltar a cantora britânica por um instante que fosse. depois de “Hello”, seguiram-se “Hometown Glory”, “One and Only” e “Rumour Has It”. Pelo meio pergunta de onde vem o público e as respostas vão sendo muitas. Lisboa, outras cidades portuguesas, Brasil, Inglaterra, Irlanda, Escócia, França, Paraguai, Austrália, um mundo na capital portuguesa para ver Adele.
«Quem teve bilhetes para o concerto como prenda de Natal?», pergunta Adele, aos que responderam afirmativamente responde «Merry Christmas!»; e aos que respondem à questão se receberam o bilhete como prenda de aniversário diz «Happy birthday!».
Mas Adele é muito mais do que a voz que milhares idolatram. É uma jovem de 25 anos, simpática espantosamente simples que diz asneiras no meio das frases, adoro crianças e não tem problemas em mostrar algumas fragilidades, «o meu filho acordou hoje às 05 horas da manhã, como dorme na minha cama eu também acordei a essa hora. Por isso se eu cair para o lado não estranhem». A seu pedido duas crianças sobem ao palco para tirar uma selfie, aceita uma carta de um fã prometendo lê-la depois do concerto, deita-se no chão para que mais fãs possam conseguir tirar uma selfie tendo-a como “cenário”, conta histórias da sua vida enquanto mãe, enfim, Adele apresentou-se ali como uma simples amiga de cada uma das pessoas do público, «vocês são os meus novos amigos e a vocês conto tudo», afirma.
“Set Fire to the Rain” é cantada no palco central estando a cantora rodeada por uma parede de água, para gaudio e alegria dos fãs, que não se cansavam de tirar fotos e gravar pequenos vídeos, numa óbvia tentativa de eternizar aqueles momentos. Depois de “I Miss You”, é a vez de “Skyfall”, música homónima do filme de James Bond e cantada de uma forma impressionante a uma só voz pelas milhares de pessoas que enchiam o MEO Arena!
A noite foi dela e, mais ainda, do seu público, que participativo, barulhento e emocionado não deixou de escoltar a cantora britânica por um instante que fosse.
«Quando somos novos pensamos que o vamos ser para sempre. Parece que teremos sempre 17 ou 18 anos, mas não é assim e é duro quando percebemos isso», refere antes de dedicar a todos “Million Years Ago”. Engana-se na letra, pede desculpa e volta a cantar. Depois apresenta “Don’t You Remember” como uma das «canções de que mais gosto, pelo que me emociono sempre», fazendo um pedido ao público «cantem comigo». De Bruce Springsteen, cuja mãe tem o mesmo nome que o dela e dono do casaco que a protegia do frio na noite do concerto do Boss a que assistiu na semana passada em Lisboa, a Bob Dylan, de quem cantou “Make You Feel My Love”, Adele teve tempo ainda para homenagear as vitimas do recente acidente de avião das linhas aéreas egípcias «sei que um dos passageiros era português», refere. “Sweetest Devotion” encerra o concerto com uma Adele rendida a Lisboa.
Recebe flores, dá sonoras gargalhadas e emociona-se. Chega o primeiro encore com “Chasing Pavements”, seguida de “Someone Like You” e um «obrigado Lisboa».
«Vocês foram o melhor público de toda a minha carreira!», afirma Adele, «obrigada por terem vindo e por me terem recebido tão bem neste meu regresso depois de ter tido o meu filho», agradece. Com o fim do concerto pede que todos se levantem «vamos terminar juntos. Obrigado Lisboa», e foi impressionante ver e ouvir todos a cantar “Rolling in the Deep” a uma só voz enquanto do “céu” caiam papelotes que traziam mensagens escritas, como “Thanks for coming”.
Texto e fotos: Sandra Pinto