À Conversa com SLAP – Hand to Hand

Num mundo em constante mudança como é o nosso, há momentos em que o regresso às origens é urgente, em que o retorno ao principio de tudo é essencial. Momentos que nos fazem lembrar quem somos e para onde vamos. Instantes que nos relembram o que na essência faz de nós seres vivos diferentes. Os SLAP – Hand to Hand foram e são um desses momentos. Ouvi-los é regressar a África, escutá-los é um retorno ao início. Perdemo-nos nos seus sons que agora partilhamos convosco.

O que significa e quem são os SLAP – Hand to Hand?
SLAP – Hand to Hand é um projeto que tem como base a percussão oriunda da África Ocidental (percussão Mandinga). Hand To Hand significa o passar de uma cultura para outra cultura, misturar e contextualizar todo um significado que está por detrás dos ritmos tradicionais.

Quando e como nasceu o projeto?
O projeto nasceu há cerca de dois anos, mas só começou a ganhar forma há perto de um ano e meio, depois de um dos nossos elementos ter estado durante mais de um mês em Guiné Conakri num workshop intensivo de percussão.

Olhando para vocês só uma palavra nos vem à cabeça: origem. Porquê África?
Porque é a raiz de toda a nossa aprendizagem musical. Todos nós fomos iniciados como músicos na percussão mandinga e só mais tarde começámos a estudar outras linguagens musicais, tais como a percussão afro-cubana, o jazz, música tradicional portuguesa, percussão brasileira…

De que forma é importante para vocês esse retorno e de que maneira o conjugam com a contemporaneidade que se sente no vosso trabalho?
É importante dar a conhecer esta linguagem musical, por várias razões. Por um lado a linguagem mandinga/griot é a base de alguns estilos musicais, mas por um outro serve também para desmistificar um pouco a música que está por detrás de um instrumento como o djembé. A maior parte das pessoas não sabe que o djembé tem “notas” e uma técnica especifica na forma como é tocado.
Também é importante contemporizar, adaptar e contextualizar este estilo. Nós somos da urbe e aí surge a ideia de fundir musica tradicional a sonoridades mais urbanas através do sampling e vjing, transformá-la sem nunca perder a raiz.

…não negam o contributo dos instrumentos tradicionais na evolução da música atual…
Não faz sentido negar… iniciámo-nos como músicos tocando instrumentos tradicionais.

O que é exatamente a cultura mandinga/griot?
É uma cultura que teve origem na Guiné, no Mali, na Costa do Marfim, no Senegal e no Burkina. Antes destes países existirem chamavam-se Império Mandingue e daí vem a música mandinga/griot.

A riqueza consiste na mistura. Concordam?
Sim. Tudo se funde e tudo está ligado.

Numa época conturbada como a que vivemos atualmente acham importante um retorno às origens, um certo “back to basics”?
Se te identificas com essa raiz porque não?! No nosso caso identificamo-nos com a energia que a música transmite.

Como encaram o universo musical atual e de que forma os SLAP – Hand to Hand se encaixam nele?
Sentimo-nos outsiders porque quase ninguém conhece esta linguagem musical. Somos um projeto recente, mas dos concertos que temos feito o feedback tem sido muito positivo, penso que causamos uma certa surpresa. Queremos dar a conhecer e espalhar ao máximo o nosso som com concertos e workshops de percussão.

Como é um espetáculo dos SLAP – Hand to Hand?
Como tu dizes: um “back to basics”, um “basic” contemporâneo a caminhar para a fusão, é a forma como interpretamos e sentimos a nosso som. Os nossos concertos são uma descarga enorme de energia, dinâmica e groove. Apelidámos a nossa performance como “Power Drums”

Se vos pedíssemos que nos dessem 5 características que vos diferenciassem de outras bandas/grupos quais seriam?
Performativo, enorme propulsão rítmica, visualmente intenso, original, a capacidade de transpor e contextualizar musica tradicional.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Alguns mestres de percussão, começando pelo nosso professor e grande mestre Bafodé Bangoura, que será nosso convidado especial no dia 28 de outubro no Cine-Incrível, em Almada. Também outros grandes mestres, como Famoudou Konate, Namoury Keita, Babara Bangoura, Mamady Keita, etc…
No lado mais contemporâneo fomos influenciados por alguns documentários sobre misturas de estilos musicais, como Keep in Time, Brazilintime ou Scratch.
Na música houve varias influências, Dj Shadow “In Tune And On Time” especialmente para o vjing, o projeto “Beatbombers” dos nossos compatriotas Dj Ride e Stereossaurus, Erik Truffaz’s,  Blackleg, Skrillex, entre outros.

Onde e quando vamos ter ocasião de vos ver atuar?
No dia 28 de outubro às 22h00 vamos estar no Cine-Incrível, em Almada com um convidado muito especial, o mestre Bafodé Bangoura, naquela que será uma oportunidade única para ver este grande músico e percussionista em performance. Depois estaremos no dia 15 de dezembro no Festival Etnias, no Porto. Brevemente teremos mais datas para confirmar.
http://www.facebook.com/Slap.HandToHand

Texto por Sandra Pinto

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