À conversa com Sandra Nobre

IR é o verbo que mais gosta de conjugar. Seja qual for o tempo. Sandra Nobre encontrou no jornalismo a forma de nos aproximar do mundo e troca por palavras aquilo que os seus olhos vêem em cada destino. Aventureira por natureza, entrega-se a cada desafio com paixão e a cada viagem como uma descoberta.

Um auto-retrato em cinco palavras.

Lutadora. Curiosa. Intensa. Apaixonada. Sonhadora.

O que a emociona?
Se o dissesse em voz alta estava a dar parte fraca e esse papel não me fica bem. Mas choro a cortar cebola.

… e dos fracos não reza a história. Qual foi a sua maior proeza?
Não subi o Everest – prefiro ver os cumes das montanhas dos aviões –; não ganhei o Pulitzer – já ganhei outros prémios de jornalismo –; nunca cortei a meta numa maratona – detesto correr. Também nunca plantei uma árvore, não fiz um filho, não escrevi um livro. Posto isto, a maior de todas as conquistas é estar emoldurada na parede de uma galeria por cima de uma placa que diz: ‘Sem título’. Isto conta?

De todas, qual foi ‘a’ viagem?
Continuo a redesenhar o meu mapa em cada partida. Os 8.000 kms do Trans-Mongoliano, de Moscovo a Pequim em comboios regulares, foram um desafio a todos os níveis. No Pantanal e na Amazónia senti o respirar da natureza e dos bichos, uma experiência só comparável com os safaris na África do Sul. A Índia foi um arrepio de pele, como Marrocos. Tantos lugares que já foram o centro do meu mundo.

Um destino para seguir viagem amanhã.
Qualquer um, de olhos fechados. Mas dando uma de excêntrica, que seja Rapa Nui, a Ilha de Páscoa. Porque é um dos territórios mais isolados do Planeta, a 3.680 km do Chile e a cerca de 4.000 km do Tahiti; porque os moái sempre me fascinaram; e porque agora mesmo é Verão por lá e não gosto de frio… Mencionei que está repleta de vulcões e de praias paradisíacas? É música para os meus ouvidos.

Quantos carimbos tem no passaporte?
Nunca contei, nem tenho a pretensão de visitar todos os países. Agora tenho um novinho em folha só com um dos EUA da última viagem a Miami. Gosto da sensação de ter as páginas em branco e pensar no tanto que se pode inscrever nelas.

Mala de cabine ou de porão?
As duas. A de cabine com o essencial para o caso da outra não chegar. A de porão, é certo que vai acusar limite de peso à partida. Sigo a velha máxima: ‘longe de casa, como em casa’. Guarda-roupa, farmácia, livraria, a minha mala é quase um centro comercial aberto 24h.

Um souvenir?

Um postal enviado para casa com as impressões da viagem que, quase sempre, chega muito depois de mim. Do México e de Santorini recebi a correspondência com três meses de atraso e houve um de Macau que nunca chegou.

Ir ou regressar?

IR sempre, porque nunca sei o que me espera. É esse o fascínio! E quantas vezes penso em não regressar… um dia destes, afinal, tenho tudo o que preciso na mala…

Um desejo para 2012.
Parar o tempo.

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