À conversa com Noiserv

É diferente, é especial, é inovador. O seu nome David, a sua imagem musical Noiserv. Um projecto que veio trazer uma lufada de ar fresco ao panorama musical português e que já passou fronteiras. One man show, Noiserv consegue transmitir uma emoção inigualável nas suas composições, que nos transportam umas vezes para a infância, outras para um universo de sonho e ilusão. Ao vivo transborda uma emoção que enche a alma de quem assiste. Noiserv foi o artista nacional escolhido pela Antena 3 para representar Portugal no Festival Eurosonic, que decorre esta semana, na Holanda.
Um auto-retrato em cinco palavras.
Eu próprio, sem vontade de deixar de o ser! – nove palavras.
Como surgiu o nome Noiserv?
Se reparares é muito parecido com VERSION, mas lido no sentido oposto, surgiu por aí! A troca do ‘E’ com o ‘R’, fez sentido para ter a palavra ‘noise’ o que seria de certa forma uma antítese com o género de música!
O que separa o David do Instituto Superior Técnico, do Noiserv de “One Hundred Miles from Thoughtlessness”?
Ao ser Noiserv um projecto de uma só pessoa, e não querendo eu construir uma outra qualquer personagem no mundo da música, não existe uma diferença muito grande entre o Noiserv e o David Santos, poucas são as coisas que os separam. O curso que tirei no Instituto Superior Técnico faz parte de mim e dessa forma também faz parte de Noiserv.
Tem sabor a vitória o facto de saberes que este teu primeiro longa duração está constantemente esgotado?
Saber que as pessoas gostam da minha música e que têm prazer em comprar o disco, é algo que me deixa muito feliz. Não vejo como uma vitória, mas sim como algo que me deixa bastante orgulhoso.
Uma das músicas tuas que mais gosto é “For The Ones Who Left Me”. Em que te inspiras para criar?
No dia-a-dia. Não tenho um tema ou um espaço que me inspire mais, é apenas a sucessão de coisas que me vão acontecendo que dita as regras da música seguinte.
Live agrada-te? Preferes palcos grandes ou mais intimistas?
Acho que a minha música funciona melhor num espaço mais intimista, no entanto é sempre um prazer muito grande poder tocar para um publico mais vasto como acontece nos palcos grandes. O importante é que exista público interessado em ouvir-te, a partir daí qualquer palco é um bom palco.
Já partilhaste o palco com nome sonantes da cena musical mundial…algum deles deixou-te sem palavras?
Muitos me deixam dessa forma, mas escolhendo apenas um: foi um orgulho enorme puder tocar no palco onde horas mais tarde estiveram os Portishead, isto no SBSR2011.
Normalmente cantas em inglês, o que não aconteceu com “Palco do Tempo” da banda sonora de “José&Pilar”…foi difícil mudar?
São coisas diferentes, para a banda sonora do “José&Pilar”, o desafio era mesmo esse, criar uma música cantada em português. Nos meus discos tem feito sentido fazê-lo em inglês, não que seja mais fácil ou difícil, é o que tem feito sentido.
Pretendes continuar no inglês ou vais repetir a língua de Camões?
Para já tenho um disco em inglês que quero gravar, depois disso logo se verá. Não vejo a questão da língua em que canto como algo crucial, o importante são as melodias e o que elas nos transmitem, ou não.
“José&Pilar” e antes “Noiserv {Sessão Dupla}” foram as tuas duas incursões no universo do cinema. É uma área que te agrada?
Desde muito novo que tenho um grande fascínio por bandas sonoras e dessa forma é claramente uma das minhas áreas de eleição.
Se fosses convidado para integrar uma banda sonora quem gostavas de ter por companhia?
Não acho que fosse importante a companhia, fosse ela qual fosse, tinha apenas de ser a perfeita para o filme em questão.
Se te pedissem para escolher o cartaz de um festival de música qual seria o alinhamento?
Humm…escolhendo apenas cinco:
Radiohead
Sigur Rós
Explosions in the Sky
Sufjan Stevens
Noiserv [para poder conhecer todos eles]
Numa possível colaboração futura: Brian Eno, Radiohead ou Sigur Rós?
Escolha difícil; por muito que goste e respeite o Brian Eno, a escolha teria de recair em um dos outros dois, e aí teria de tirar à sorte pois cada um à sua maneira seria o meu preferido.
No dia-a-dia David ou Noiserv? Qual ganha?
Acho que nenhum ganha, vivem empatados. Noiserv não vive sem o David, e o David precisa do Noiserv para viver.
Um desejo para 2012.
Bom 2012!
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