Após o lançamento do single “Deep House”, os Barry White Gone Wrong estão de volta com “Pink Flamingo”, a segunda parte de uma história contada em dois capítulos. Se a primeira parte explorava a tristeza e a busca por respostas após uma separação, este novo single surge como um ponto de viragem, focando na aceitação e na superação das marcas emocionais deixadas por esse fim.
Por Sandra Pinto
Os membros da banda Peter De Cuyper e Miguel Décio revelam o que os motivou a dividir essa jornada emocional em dois momentos, como as suas influências musicais continuam a moldar a identidade da banda, e o que podemos esperar de um álbum que promete ser tanto uma evolução quanto um novo começo.
“Pink Flamingo” é apresentado como a continuação de “Deep House”. O que vos motivou a contar esta história em dois capítulos, e o que distingue esta nova parte?
Peter De Cuyper: O que distingue este segundo capítulo é o facto de ser uma fase seguinte, depois da separação: a aceitação, perceber que a vida continua. Sim, é duro e vai deixar marcas, já não somos a mesma pessoa, mas vamos aprender a viver com essa bagagem emocional. A primeira parte da história, na “Deep House”, fala da tristeza, a procura de respostas ou razões pelo o que aconteceu. Mas também é um pedido de desculpas pelos erros que fizemos e uma explicação de certos comportamentos que tivemos.
A letra aborda temas como o desapego e o amor não correspondido. De que forma estas experiências pessoais influenciam o processo criativo da banda?
Peter: A letra da Pink Flamingo fala, de facto, na aceitação de um amor não correspondido e que temos que andar para a frente. As minhas letras são maioritariamente autobiográficas. O mais natural é falar das experiências vividas, até como forma de digerir sentimentos E, claro, as músicas são compostas a pensar nas emoções que as palavras transmitem.
Notam-se influências da música popular afro-americana e da sonoridade de Bristol neste trabalho. Como é que essas referências se traduzem na vossa identidade sonora atual?
Miguel Décio: A música afro-americana sempre foi uma influência desde o nosso início como banda. Temas como Black Out Alert (Tornado) e Finishing Circles (Done) são exemplos disso. As sonoridades de Bristol dos anos 90 surgiu na construção de músicas como a Pink Flamingo por sugestão do Tiago Albuquerque, co-produtor do álbum. Como é algo que faz parte da discografia da maioria dos elementos da banda, foi uma integração fácil e até bem vinda.
Depois de quase 15 anos de estrada, o que mantém os BWGW motivados e criativamente ativos? Sentem que este novo álbum é um novo começo ou uma evolução natural?
Miguel: Sentimos que ainda temos muita “música no tanque” como coletivo de músicos que retiram grande prazer em tocar juntos. Depois do álbum Done e dos dois singles lançados em 2022 estes temas surgem como um culminar de um ciclo musical. Acreditamos que, se houver um 4º álbum, o processo criativo será diferente. Mais direto, com todos envolvidos ao mesmo tempo durante o processo criativo e de gravação.
Gravaram novamente nos BlackSheep Studios, em Sintra. O que vos leva a regressar a esse espaço e de que forma o ambiente do estúdio influencia o vosso som?
Miguel: Desta vez gravámos só parte do álbum nos Blacksheep, grande parte das guitarras, teclas e vozes foram gravadas em casa. Mas continua a ser um lugar que nos dá bastante à vontade e conforto em gravar e criar devido ao ambiente, equipamento e, em especial, às pessoas.
Com o lançamento do novo disco previsto para o final de 2025, o que podem os fãs esperar dos próximos concertos ao vivo? Haverá espaço para surpresas ou colaborações?
Miguel: A nível de concertos, o objetivo é introduzir novos instrumentos, em especial teclas e percussão pois os novos temas assim o exigem. Gostaríamos de poder contar com músicos convidados para trazer uma nova energia em palco e criar uma sonoridade mais rica e envolvente.

