Com mais de 40 anos de carreira, os Bad Religion são uma das vozes mais ativas e influentes do punk rock mundial. Formada em 1980, na cidade norte-americana de Los Angeles, a banda sobressaiu ao ligar melodias rápidas e agressivas a letras densas, carregadas de críticas sociais, políticas e religiosas. Num universo musical muito dominado por mensagens superficiais, os Bad Religion fezem da reflexão intelectual a sua principal arma, sempre impulsionada pelo vocalista Greg Graffin.
Mais do que um grupo de punk rock, Bad Religion é um estado de alma que sobreviveu a mudanças de gerações, tendências e mercados sem abdicar da sua essência constestatária.
Formada por quatro adolescentes: Greg Graffin (vocal), Brett Gurewitz (guitarra), Jay Bentley (baixo) e Jay Ziskrout (bateria), que frequentavam a El Camino Real High School, no Vale de San Fernando, desde o inicio que a banda apresenta uma certa frustração com o conformismo cultural, a política conservadora da era Reagan e os excessos da religião organizada, ou seja, igreja.
Ao optar por uma abordagem diferente de muitas outras bandas punk da época, os norte-americanos mostraram nas letras um profundo interesse por questões filosóficas, sociais e científicas. Graffin, hoje doutorado em biologia pela Universidade Cornell, demonstrava possuir um pensamento crítico acutilantes, influenciado por autores como Darwin, Dawkins e Carl Sagan.
Em 1981, o grupo lança o primeiro EP, autointitulado “Bad Religion”, pela Epitaph Records. No ano seguinte surgem o álbum de estreia, “How Could Hell Be Any Worse?”, com o qual conseguiram um tremendo impacto no cenário underground.
A formação inicial sofreu mudanças logo nos primeiros anos, mas núcleo criativo formado por Graffin e Gurewitz permaneceu como o alicerce da identidade do grupo.
Reconhecidos por terem moldado e refinado o “punk melódico”, as suas músicas são geralmente rápidas, curtas e energéticas, marcadas por guitarras distorcidas, batidas aceleradas e refrões cativantes. Mas é inegável que aquilo que mais distingue a banda é a sua sofisticação lírica e a profundidade temática das suas composições. Ao contrário de invés de frases de efeito, frequentemente apresentam reflexões densas e críticas complexas, pelo que palavras como “epistemologia”, “cognição” ou “paradigma” não são raras.
A crítica à religião institucional, é uma das marcas registradas do grupo — como já sugere o nome “Bad Religion”. A banda costuma questionar os dogmas e os mecanismos de controle que as instituições religiosas exercem sobre a sociedade, sempre sob uma perspetiva cética e racionalista. Os seus temas também passam pela alienação, conformismo, desinformação, crises ambientais e o colapso de valores sociais, sempre com uma postura crítica.
Os Bad Religion foram fundamentais para o desenvolvimento do punk melódico (ou melodic hardcore), influenciando diretamente uma geração de bandas que emergiram nos anos 1990 e 2000. Nomes como NOFX, Pennywise, The Offspring, Rise Against, Anti-Flag e até bandas fora do punk tradicional, como Green Day, já os citaram como referência.
A nível cultural a banda vai além da música. Greg Graffin e os seus livros — como “Anarchy Evolution” e “Population Wars” — reforçam a visão de que conhecimento, educação e razão são ferramentas essenciais para compreender e transformar o mundo. De facto, o legado dos Bad Religion não se limita à música: expressa-se na atitude, na coerência, na defesa da razão e na recusa em aceitar verdades impostas.
A banda regressa a Portugal à Sala Tejo do Meo Arena no dia 11 de maio no âmbito de uma tour exclusiva de celebração dos 45 anos com Greg Graffin, Jay Bentley, Brian Baker, Mike Dimkich e Jamie Miller (sob o olhar atento de Brett Gurewitz na Califórnia).
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Fontes:
Site oficial Bad Religion
https://www.badreligion.com
Epitaph Records (gravadora fundada por Brett Gurewitz)
https://www.epitaph.com
Documentário: Punk: Attitude (2005)
Entrevistas com Greg Graffin e Brett Gurewitz na Rolling Stone Brasil