Vodafone Mexefest 2014 Dia I
Numa edição que se focou mais geograficamente falando na zona do Rossio e da Rua das Portas de Santo Antão, o Vodafone Mexefest voltou a fazer mexer a baixa da capital…e de que maneira, dizemos nós que ainda recuperamos da maratona.
Deers > tUNe-yArDs
Sexta-feira é sempre um dia complicado, pois o final da semana, se devia aliviar o volume de trabalho, em muitos casos (o nosso incluído) acontece precisamente o inverso. Bom, mas lamurias à parte lá fechamos o computador, depositámos as bagagens no hotel e rumámos ao Coliseu dos Recreios (este ano o centro de operações do festival). Burocracias resolvidas, foi de horários na mão que nos deparámos com as, mais que duvidas existências, musicais, do Vodafone Mexefest. Como não dá para ir a todas, resolvemos dar início à noite na Sala Super Bock Super Rock, instalada na garagem da EPAL, onde nos esperam as espanholas Deers. Giras e com pinta, agarraram os muitos que àquela hora já se acotovelavam para conseguir ver mais de perto as intérpretes de músicas como «Bamboo». Um rock and roll simpático que soube bem para princípio de noite.
Simpático não será o termo mais adequado para caracterizar a música dos tUNe-yArDs, banda que inaugurou os concertos que nesta edição se iriam realizar no Coliseu dos Recreios. Merrill Garbus, mentora e dinamizadora do coletivo de músicos, comandou as hostilidades rumo à explosão de sons e sensações que encheu a sala de espetáculos lisboeta. Enérgicos e vibrantes apresentaram o registo “Nikki Nack”, o qual viu a luz do dia no passado mês de maio. Sem apelo nem agravo, foram atacando o público, já em número muito simpático, «Stop That Man», «Bizness» ou «You Yes You». A festa teria o seu terminus com «Time Of Dark». Ali não houve espaço para calmarias, pelo que quando saímos para o próximo concerto questionávamos a energia sem fim que a banda apresentou em palco. Ah valentes!
Kindness > King Gizzard And The Lizard Wizard
Kindness, a banda de Adam Brainbridge, foi a iguaria que se seguiu neste verdadeiro buffet musical. Na Estação do Rossio, com o castelo de Lisboa como cenário, fazendo deste o mais bonito palco da edição, tinha para os ver um número bastante simpático de público que se ia aconchegando o melhor possível para ver em palco uma banda mega festiva que nos transportou diretamente para a década de 80. Basta verificar a indumentária de todos e os penteados das meninas do coro. Não nos encheram as medidas mas puseram muitos a dançar ao som das músicas synthpop do novo disco … efeitos vindos do bar vizinho? Muito provavelmente.
Não há verdadeiro Vodafone Mexefeste se não descobrimos no roteiro aquela banda que nos tinha até então passado despercebida, e nesta edição esse prémio vai direitinho para os King Gizzard And The Lizard Wizard. Oriundos da terra dos cangurus, estes miúdos deixaram a Sala Super Bock Super Rock a transpirar ao dar um concerto que levou os presentes ao rubro. De Melbourne à garagem da EPAL o caminho foi longo mas a nosso ver perfeitamente recompensado, pois sala cheia foi o que estes jovens australianos vieram encontram em terras lusitanas.
Seguidores fiéis das novas vertentes do rock psicadélico e experimental (ficavam muito bem no cartaz do festival que este ano arrancou em Valada, no Cartaxo), os King Gizzard And The Lizard Wizard produzem muito e bem, pois só em 2014 mandaram para o mercado dois álbuns, “Float Along ¬ Fill Your Lungs” e “Oddments”, base do alinhamento do concerto que trouxeram ao Vodafone Mexefest. Guitarras cativantes que de tão elétricas nos prenderam, combinaram com vozes a passear entre a suavidade e distorção. Muito bom! E «Celophane» vai ficar na nossa memória e certamente fazer-nos companhia regularmente nos próximos meses!
St. Vincent
Era para ter vindo com David Byrne, mas meses depois foi sozinha que St. Vincent aterrou em Lisboa. Cabeça de cartaz desta primeira noite de festival, Annie Clark surge em palco como se fosse uma boneca de porcelana, com cabelo e pele muitos brancos. Em nosso redor as opiniões iam variando á medida que o concerto se desenrolava pois entre o surreal e a realidade St. Vincent ia fazendo das suas, como quando afirmou que «todos nós nascemos antes do século XXI», e que tínhamos em comum a tentativa, na infância, de usar o «glorioso sol de Lisboa» para incendiar o nosso bairro. Pois, isso…o quê? Arrancou com «Rattlesnake», seguida de «Digital Witness» e «Cruel». «Prince Johnny» traz até ao Coliseu uma St. Vincent menos maquiavélica no sorriso e mais suave na melodia. Depois surgiram «Huey Newton» e «Cheerleader». Convém lembrar que o Coliseu dos Recreios estava cheio, pelo que St. Vincent teve uma das melhores plateias do festival e foi perante ela que rastejou e fez crowdsurfing. Tudo numa hora e meia de concerto. No final as opiniões dividiam-se, mas uma coisa é certa, ninguém lhe ficou indiferente.
Mais sobre as condições da ibis para os festivais em https://lookmag.pt/blog/ibis-e-os-festivais-de-verao/. Para reservas: http://www.ibis.com/pt/hotel-1668-ibis-lisboa-jose-malhoa/
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro