Vodafone Mexefest 2012 (dia II)
Nicotines Orchestra > Michael Kiwanuka > Noiserv > Django Django > Light Asylum > Efterklang > Escort
Na segunda noite do festival, a qual se apresentou meteorologicamente mais fresca, o que nos levou a recorrer aos serviços dos transferes que ligavam as várias salas, começámos ao contrário, ou seja avenida acima… pois demos início à noite na Casa do Alentejo, no concerto de Nicotine’s Orchestra.
Não podia ter sido melhor escolhido o espaço para este concerto que nos levou para paragens distantes sem sairmos do lugar (o que Nicotine faz como ninguém pois tem medo de andar de avião). Na verdade, a beleza decadente da sala da Casa do Alentejo revelou-se o cenário perfeito para as canções de “Gypsicália”, entre outras. Em palco as músicas ias escorrendo como um vinho que anima e puxa à conversa entre amigos…aqui a música de Nicotine puxa à dança e tal como outros também nós não nos fizemos rogados e dançámos.
De acordo com a organização, no total dos dois dias foram 10 200 os espetadores que passaram pelo festival. Salas cheias e extensas filas de gente a querer entrar foram a imagem destes dois dias de música, e se no primeiro dia isso se sentiu, sobretudo, no concerto dos Alt-J, na segunda noite foram bem mais os concertos em que essa situação se verificou.
Agendado para as 21h30 o concerto de Michael Kiwanuka deu origem à primeira grande concentração de pessoas da noite, pois quase uma hora antes eram já muitas as que se encontravam, tranquilamente, à espera de entrar no Teatro Tivoli. As que o conseguiram deram a espera por muito bem empregue pois o músico britânico soube agarrar o público, pondo todos a “mexer”. Destacamos “I’ll Get Along” e “Tell Me a Tale”, faixa de abertura de “Home Again”, o seu álbum de estreia.
Foi a segunda vez que Kiwanuka atuou no nosso país e pela reação do público não nos parece que seja a última pois o entusiasmo continuou, assim como as palmas, em “Worry Walks Beside Me”, “I’m Getting Ready”, “May This Be Love” (versão para a música de Jimi Hendrix), e claro, “Home Again”.
Sem grande espaço de manobra entre os concertos (quando a equipa é pequena temos que nos desdobrar), decidimos espreitar o concerto de Noiserv no São Jorge. Sala cheia para ver David Santos, o “one man show” que nunca desilude com a beleza das suas canções. Relembramos aqui a entrevista de Noiserv à Look Mag em https://lookmag.pt/blog/a-conversa-com-noiserv/.
Mal atravessámos a Avenida da Liberdade percebemos que as coisas no Teatro Tivoli iam aquecer, o que era uma boa ideia pois o frio que cá fora se fazia sentir era bastante. Muita gente, mesmo muita gente na fila à espera de entrar para assistir ao concerto dos Django Django, o qual vai perdurar na memória deste festival como um dos melhores.
Vindos de Edimburgo, na Escócia, atacaram sem dó nem piedade começando com o tema instrumental que abre o álbum homónimo, o qual chegou ao mercado em janeiro. A música continua com os quatro músicos, Maclean, Neff, Jimmy Dixon e Tommy Grace, a trazerem ao Tivoli “Hail Bop”, “Love’s Dart” e “Skies Over Cairo”. Com todos a dançar chega “Default”, o tema que durante meses os deu a conhecer ao público nacional, seguido de “Life’s a Beach” e “Wor”. Não sendo habitual, o concerto teve direito a encore com o tema “Silver Rays”. Os Django Django prometeram voltar, cá estaremos para os receber.
Apressámo-nos a sair do Tivoli pois não queríamos perder a oportunidade de ver os Light Asylum, já que não tivemos hipótese de os ver no Lux. Este vai certamente ficar na nossa memória como o melhor concerto desta edição do Vodafone Mexefest.
A energia com que a dupla norte-americana encheu a sala do Ateneu Comercial foi única e inesquecível. Vestida com uma t-shirt onde à primeira vista se pensava ler Nirvana mas que na realidade tinha escrito Rihanna, a vocalista Shannon Funchess comandou o público rumo a paragens potentes e excitantes, e ninguém se queixou, bem pelo contrário! Ao seu lado Bruno Coviello, dono e mestre nos sintetizadores. Juntos trouxeram a Lisboa as músicas do vibrante EP “In Tension Tour EP”, de 2010, e do fantástico álbum homónimo lançado este ano. Fabuloso!
Foi a “correr” que subimos a Avenida da Liberdade aproveitando a boleia de um dos transferes que àquela hora transportavam os festivaleiros. Chegámos ao São Jorge já os Efterklang tocavam há algum tempo.
Com a sala cheia rapidamente percebemos que os dinamarqueses faziam sucesso ao desfilarem músicas do seu mais recente trabalho “Piramida”, com destaque para “Beetween the Walls”, “Monumento” e “Sedna”. Mas o álbum “Magic Chairs” não ficou esquecido e dele impossível não referir “Raincoats” e “Modern Drift”, com todos de pé. No final invasão de palco…obediente e muito civilizada.
Terminado o concerto dos Efterklang, duas opções se colocavam: ou rumar até ao hotel onde estávamos instalados ou subir até ao Ritz Clube para espreitar o concerto de Escort.
Optámos pela segunda hipótese e não nos arrependemos, pois o que ali se passou foi único. Com uma fila considerável a tentar entrar, rapidamente percebemos que não iam conseguir fazê-lo…pois a sala de espetáculos estava cheia…mesmo! No palco a sensualidade da música dos Escort, com claro destaque para a vocalista Adeline Michèle. Oriundos de Nova-Iorque onde nasceram nos início dos anos 2000, só agora vieram a Portugal para por, literalmente, todos a dançar…ou pelo menos os muitos que enchiam a sala do Ritz Clube.
Despedimo-nos da edição 2012 do Vodafone Mexefest no Cabaret Maxime ao som da música dos artistas da editora Enchufada.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
Reportagem fotográfica com o apoio Canon Portugal www.canon.pt/