Vitorino Voador

vitorino voador-r1Surpreendeu com um disco em nome próprio. É músico numa mão cheia de bons projetos da música nacional. Falámos com Vitorino Voador sobre esta nova aventura a solo e sobre outras coisas mais…

Como e quando nasceu o teu interesse pela música?
O interesse pela música surgiu quando era bem novo, um dia que um primo meu passou em minha casa e levava uma viola, assim que peguei nela percebi que tinha que ter uma, pedi tanto aos meus pais que lá acabaram por ceder. Deram-me uma guitarra e a partir daí nunca mais parei. Depois disso tive várias fases, onde fui descobrindo os vários estilos de música que existiam e aquilo que podia absorver deles, foi uma boa viagem até agora!

Participas numa mão cheia de (bons) projetos musicais, mas sentiste necessidade de te lançares a solo. Porquê?
Foi, sem dúvida, uma necessidade, andava a compor bastante, mas o que fazia não se adequava aos meus grupos, pelo menos a maior parte do que andava a compor. Cheguei a um ponto e pensei “está na hora!” e surgiu o Vitorino Voador, apesar de nesse momento ainda não saber que seria esse o nome que iria ter.

Compões de forma compulsiva ou tudo nasce de uma maneira tranquila?
Tenho dias! Tenho dias em que vou na rua e tenho uma ideia para uma música e tenho de ir a correr para casa gravar tudo o que consigo e não me deito enquanto não tiver tudo o que quero gravado, tenho outros em que o processo é completamente tranquilo e estou horas em frente ao piano ou com a guitarra a gravar sem pressas e a experimentar tudo com calma. Acho que também passa um bocado por estar a compor uma música onde sei exatamente o que quero ou estar a compor uma música onde não faço a mínima ideia para onde posso seguir. Gosto dos vários processos de composição em que me meto, porque muitas das vezes são uma surpresa para mim mesmo e isso dá-me um gozo extra.

…o que tentas expressar através do que escreves?
Sem dúvida alguma, tento expressar aquilo que sinto, que depois se transforma ao passar pelo Vitorino Voador e passa a ser uma mensagem de uma personagem que criei e a fazer parte da sua história.

Em que te inspiras para escrever?
Tenho o trabalho mais simples do mundo, falar daquilo que vivo, e explicá-lo como faria se estivesse a falar com um amigo, de uma forma simples e clara. Uma das minhas músicas preferidas ao vivo é sobre um homem que me assaltou o carro na Bica, é uma balada…

As histórias que contas são de alguma forma autobiográficas?
São, falo de histórias minhas, mas ao mesmo tempo construo um universo paralelo onde posso criar personagens. Nesse universo o Vitorino Voador é apenas uma das várias personagens que lá vivem, esta semana comecei a pensar no futuro e continuei a historia até eu próprio me perder nela, depois tive de começar a escrever com medo de me esquecer. O meu único esforço quando conto as histórias é que quem as oiça se abstraia disso, de serem histórias minhas, gostaria que pudessem ser histórias de toda a gente, histórias que as pessoas ouvissem e se relacionassem com elas, o João Gil não precisa de existir aqui, existe o Vitorino Voador e esse é de todos.

A timidez que se adivinha em ti existe? Como a ultrapassas agora que atuas em nome próprio?
Existe mais timidez nos meus discos do que nos meus concertos, porque aí surge um novo elemento, o nervoso! Tocar sem o conforto e proteção de uma banda ou de um líder de banda, fez-me ter que resolver um problema que até aí nunca tinha tido, ter que me dirigir ao público. De repente, de um momento para o outro estava num palco, sozinho e com pessoas à espera que fizesse alguma coisa, o nervoso era tanto que abri a boca e falei com toda a gente do público como se nos conhecêssemos desde a escola primária e percebi, “é este o meu caminho ao vivo”! O nervoso está lá sempre antes de subir ao palco e essa timidez também, mas esse nervoso faz-me falar com o público e essa conversa que tenho com eles deixa-me calmo, começa a música e fica a timidez apenas na mensagem que tento passar.

Podemos considerar o EP que agora lançaste através da Optimus Discos como o prelúdio do nascimento de um álbum para breve?
Podemos, este EP é uma introdução de uma história muito grande. O disco que aí vem é um próximo passo a dar, mas depois disso ainda há muito para contar!

O que nos podes adiantar sobre esse trabalho?
Grande parte das músicas já estão feitas, ou pelo menos as suas bases, mas neste disco gostaria de poder juntar pessoas que são importantes para mim, convidá-las e ter o prazer de os poder gravar no meu disco. Estes convidados vão fazer com que o disco possa ter novos instrumentos que por sua vez vão trazer uma nova sonoridade e continuar ao mesmo tempo a soar ao Vitorino Voador do EP. Neste disco a história vai avançar e vamos conhecer a nova fase do Vitorino Voador, o super-herói que já não precisa de andar escondido.

Achas que todas as cartas de amor são foleiras?
Acho que todas as “minhas” cartas de amor são foleiras, ainda assim sinceras e bonitas! As cartas de amor dos outros são mais difíceis de julgar… mas… quase meto as mãos no fogo que têm ligeiras foleiradas lá no meio.

É assim (foleiras) que fazem sentido ou já não há espaço para se escrever cartas de amor?
Acho que sim, que é assim que fazem sentido, pelo menos para mim. Espero que nunca deixe de haver espaço para se escrever uma mensagem de amor, isso será um péssimo sinal!

Em que género colocarias a música que fazes? Porquê?
Eu sou muito mau a catalogar bandas e a dizer que estilo é que este ou aquele tocam, mas já tive o prazer de ouvir uma vez alguém dizer que tocava “Pop Estranha”. Adoro o nome, não conheço mais ninguém que o faça, por isso vou-me agarrar a isso com unhas e dentes! Mas falando mais a sério, é mesmo difícil falar em géneros de música em relação à música que faço, porque estou rodeado de tantos estilos que já não sei bem qual é que faço… Digam-me vocês, qual é o meu género?…

De onde vem o nome Vitorino Voador?
O nome surgiu de dois bons momentos com Diabo na Cruz, em Aveiro onde estávamos a dar um dos nossos primeiros concertos. Houve um engano no meu nome e o que aparecia nos cartazes era João Gil Vitorino, o Vitorino pegou dentro do grupo e o nome foi ficando, e mais à frente o nosso baixista fotografou-me a dar um salto gigante e quando me mandou a foto, escreveu por baixo “toma lá, João Gil Vitorino Voador”.

Em que aspetos e de que forma a personagem que criaste toca ou se assemelha ao músico João Gil?
O Vitorino Voador é o super-herói que sempre sonhei ser, que faz tudo aquilo que sempre sonhei fazer e diz em voz alta tudo o que sempre sonhei dizer. Se ele fosse o Super-Homem eu seria certamente o Clark Kent, mas sem aquele “S” na franjinha, tudo menos isso… É como já disse anteriormente, eu vivo a minha vida e passo-lhe tudo o que vivo, ele filtra tudo e conta às pessoas uma história.

O que esperas de 2013?
Espero ter oportunidade de me poder apresentar ao vivo, correr o país e mostrar o que faço às pessoas. Fazer mais músicas, mais discos e mostrar às pessoas que gostaram do meu trabalho que vão poder contar com trabalho novo sempre.

Onde vamos poder ver-te atuar nos próximos tempos?
Neste momento estou a marcar os concertos de apresentação do EP fora de Lisboa, assim que houver datas aviso logo! Seja como for, quem quiser ficar a conhecer a versão reduzida do Vitorino Voador, pode ir à FNAC do Colombo no dia 20 de janeiro e ouvir o acústico. Estão todos convidados!

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