Vagos Metal Fest 2022 Dia I. O regresso mais desejado

Pandemias pelo meio e feitas as contas o festival não acontecia desde 2020. As saudades dos habitués eram muitas e a expetativa dos viajantes de primeira vez enormes. Ambos ansiavam por este regresso desejado. O regresso do Vagos Metal Fest, e o primeiro dia deu a certeza de todos terem chegado ao sitio onde deviam estar: entre amigos.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro

Como chegámos nesse dia ao festival, para nós o Vagos Metal Fest 2022 começou com uma banda norueguesa de black metal, os Uburen. Nascidos na localidade de Rogaland, em 2006, começaram por se chamar Skyggegjemsel, mas em 2010 decidem mudar para a designação atual, bem mais fácil de dizer. Black metal e Noruega revelou, mais uma vez, ser uma parceria infalível. Em cima do palco do festival, a banda funcionou de vigorosa, trazendo até nós o seu som no seu estado mais bruto, tal como se quer! Vestidos a preceito, inundaram o ambiente com o seu som combinado entre um black e viking metal. Deixando um pouco de parte a versão mais negra do género, trazem com eles as influências do folclore na sua versão mais sombria, sempre com cativantes linhas melodiosas. Demonstraram ser bastante simpáticos quando, depois do concerto, vieram conviver com o público e assistir às bandas seguintes.
UBUREN

A seguir era a vez de os BØW chegarem ao palco Amazing. De notar que no vagos Metal Fest não existe sobreposição de concertos, pelos que conseguimos ver todos os concertos. Bem diferente da banda anterior, os portugueses identificam-se como uma banda punk/hardcore. Em cima do palco fizeram questão de mostrar bem ao que vinham atacando a audiência com temas do seu EP de estreia “Infectious Salty Assault”. Do lado de cá o público aderir entregando-se ao som do coletivo de músicos com alegria e muita animação. A cereja no topo do bolo? Terem terminado com uma versão de “Territorial Pissings” dos Nirvana, a qual fez levantar muita poeira em frente às grades.
BØW

De regresso ao Palco Vagos, Betraying The Martyrs fizeram por merecer as atenções dos festivaleiros. A banda francesa conta desde outubro do ano passado com o português Rui Martins. Apresentado aquando do lançamento do single “Black Hole”, o vocalista deu tudo em cima do palco. Teve ainda tempo para explicar a ausência do teclista Victor Guillet, «prestes a ser pai», para anunciar que a banda «originária de Paris agora também é um pouco portuguesa» e para receber a companhia do YouTuber João Medeiros que os acompanhou em palco na interpretação de “Swan Song”.
BETRAYING THE MARTYRS

Se havia banda que queríamos ver nesse dia eram os The Ominous Circle. Nascidos em 2014 na cidade do Porto, a banda de Death/Black Metal apresenta-se em palco vestida de negro e rosto coberto. Assistir a um concerto deles corresponde a um momento durante o qual os nossos olhos não se deprendem do palco, tal a intensidade que dele emana. A personagem esguia e alta do vocalista ergue-se sobre o público numa clara tentativa de evangelização (será heresia nossa usar esta palavra?). A voz, arrancada das profundezas do seu ser, entra sem pedir licença pelos poros da nossa pele dando a certeza de que ali, naquele instante estamos a viver algo de muito especial. Palmas para um dos melhores momentos do dia e de todo o festival! Só um reparo: foi pena o concerto não ter sido mais tarde pois certamente o ambiente seria ainda mais intenso.
THE OMINOUS CIRCLE

Não, não estávamos preparados para o que viria a acontecer a seguir. Saídos do profundo e intenso negro dos The Ominous Circle, aterrámos, literalmente, no meio de um bando de…flamingos. A culpa? Toda ela legitimamente entregues aos Trollfest. Oriundos da Noruega (sim, ninguém diria!), inundaram o festival com uma verdadeira loucura cor-de-rosa! Dança, alegria e muita, mas mesmo muita animação num concerto algo inesperado. Mas querem saber um coisa? Soube muito bem, dançar e ver pessoas de sorriso genuíno no rosto!
TROLLFEST

Com mais de duas décadas de existência, os Cattle Decapitation eram uma das apostas da noite. Grindcore, drone, doom, death, black e sludge. Um pouco desta desarmorniosa mistura foi o que trouxeram ao Palco Amazing. Os músicos norte-americanos juntaram-se m 1996 na cidade de San Diego. De lá deram ao mundo uma banda que pratica um grindcore/death metal. O vocalista Travis Ryan conseguiu manter os fiéis seguidores agarrados ao palco, mesmo quando cá em baixo a agitação era mais do que muita.
CATTLE DECAPTITATION

Com a noite perfeitamente instalada na Quinta do Ega, era chegada a hora mais ansiada por grande parte do público: a subida a palco de Dimmu Borgir. Apesar de virem também eles da Noruega em nada se comparam às duas bandas compatriotas das quais já falamos anteriormente. Com eles trouxeram um black metal sinfónico, que a nós muito agrada. Aliás, somos fãs de toda o cenário que envolve a banda (e outras do género). Tudo o que a rodeia em palco contribui (e muito) para o ambiente único que se viveu no concerto. Impossível não reconhecer a qualidade destes noruegueses que em 1993 se juntaram na cidade norueguesa de Jessheim. Virtuosos arranjos que pontuam pela agressividade que tanto nos impacta, fazem deste concerto toda uma experiência que podemos apelidar de imersiva. Se o nome da banda deriva de Dimmuborgir, uma formação vulcânica islandesa, a verdade é que eles próprios parecem um vulcão que nos suga com a sua energia e nos contamina a sua lava, ai desculpem, música. Top!
DIMMU BORGIR

O ano de 1997 viu nascer no Porto os Holocausto Canibal. A banda de brutal death metal/grindcore bastante apreciada aqui por casa, não estava no alinhamento da edição deste ano do Vagos Metal Fest, mas o cancelamento da banda espanhola Saurom foi a oportunidade certa para que fossem eles a encerrar as hostilidades musicais deste primeiro dia. E quem pode dizer que teve Cattle Decapitation e Dimmu Borgir como bandas de abertura?! Brincadeiras à parte, foi um grande concerto. Zé Pedro (esse mesmo da Larvae Records) e seus companheiros derem bem conta do recado, ou não fossem eles uma das bandas mais experientes do nosso underground. Se recentemente numa entrevista à Loud! diziam que «para promover o álbum novo temos de tocar…tocar, tocar, tocar» esta foi a prova de que estão no bom caminho. Mas foi também a prova de que o público está pronto para os receber e com eles fazer esta viagem por “Crueza Ferina”, o seu mais recente registo discográfico.
HOLOCAUSTO CANIBAL

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