Os 50 livros preferidos de Nick Cave

Nick Cave partilhou no site The Red Hand Files uma lista de 40 dos seus livros preferidos.

«Embora confesse ter sido difícil fazer uma seleção dos livros que mais marcaram os seus 62 anos de vida tendo as suas estantes completamente vazias, Cave aceitou o desafio e acabou por elaborar uma lista de 50 livros, em vez dos 40 que lhe haviam sido pedidos», refere a Bertrand Livreiros. Na publicação Cave acabou por confessar que talvez se tenha ‘entusiasmado’, «sem ter a minha biblioteca à minha frente, é um pouco difícil compor uma lista dos 40 livros que mais adoro», afirma, «estes são livros que adora, sem nenhuma ordem em particular».

A conferência dos pássaros, de Farid Ud-Din Attar
Embora garanta que não é religioso, tendo dito publicamente que não acredita em Deus, Nick é um leitor ávido da Bíblia (que é, aliás, um dos livros que faz parte da sua lista) e de livros relacionados com a espiritualidade. Este clássico da literatura persa, datada de 1177, é uma coleção de pequenas histórias, crónicas e anedotas que se reúnem numa alegoria para aqueles que buscam o conhecimento de si mesmos. Em A Conferência dos pássaros, certo dia, reúnem-se os pássaros que entendem ser chegada a hora de encontrar um rei. Decidem então pedir a ajuda da sábia e prudente Poupa, que lhes diz que o rei que procuram já existe e se chama Simurg. Para o encontrarem, terão de empreender uma jornada repleta de dificuldades, atravessando sete vales, ao longo dos quais são postos à prova: o Vale da Busca, o Vale do Amor, o Vale da Compreensão, o Vale da Independência e do Alheamento, o Vale da Unidade Pura, o Vale do Espanto, o Vale da Pobreza e do Nada.

Quando tudo se desmorona, de Chinua Achebe
Tendo sido apontado como um dos livros preferidos do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, em 2018, Quando tudo se desmorona conta a história de Okonkwo, um guerreiro nigeriano que viveu entre o final do século XIX e o início do século XX. Empenhado em conquistar o título mais nobre do seu povo, a sua vida é marcada pelo medo de falhar, pelo orgulho que sente nas suas tradições e pela enorme ambição que sente em demonstrar à aldeia que é um dos seus filhos mais ilustres. Esta é considerada uma das mais importantes obras de Chinua Achebe, distinguido com o Man Booker International Prize em 2007, pela sua carreira literária e, por diversas vezes, apontado como um dos candidatos ao Prémio Nobel da Literatura. “Na sua companhia os muros da prisão caíam” afirmou, sobre ele, o ativista Nelson Mandela.

Ariel, de Sylvia Plath
Designado pelo jornal The Observer como “um importante acontecimento literário”, Ariel inclui alguns dos mais importantes poemas de Sylvia Plath, escritos no período que vai da edição do seu primeiro livro de poesia, em 1960, até ao seu suicídio, três anos mais tarde. Desesperados e destrutivos, mas também invulgarmente inteligentes, irónicos e atentos, estes poemas são alguns dos melhores exemplos da genialidade desta que foi considerada a sucessora de autores como Robert Lowell e W. D. Snodgrass no género da poesia confessional.

Moby Dick, de Herman Melville
Um dos maiores clássicos da literatura europeia, Moby Dick, é um romance experimental, considerado a obra-prima de Herman Mellville. Embora possa ser interpretado de várias formas, razão pela qual merece ser lido e relido eternamente, conta a história de um capitão, Ahab, e da baleia que o mutilou, Moby Dick. A procura de vingança, pelo capitão, do ser gigantesco que era o terror de todos os baleeiros, é, entre outros sentidos possíveis, uma brilhante alegoria da luta do Homem contra a natureza. Apesar de, inicialmente, ter sido mal recebido pelos críticos e, ainda hoje, ser frequentemente incompreendido, este é considerado um dos livros mais importantes jamais escritos.

O Mayor de Casterbridge, de Thomas Hardy
Numa fúria motivada pelo álcool, Michael Henchard vende a mulher e a filha recém-nascida por cinco guinéus numa feira. Ao longo dos anos que se seguiram, consegue estabelecer-se como um pilar próspero e respeitado pela comunidade de Casterbridge. No entanto, por trás do seu sucesso e aparência esconde-se o hediondo segredo do passado e uma personalidade dada ao orgulho e de temperamento autodestrutivo. Com o subtítulo História de Um Homem de Caráter, O Mayor de Casterbridge é uma das mais conceituadas obras de Thomas Hardy, um dos grandes escritores realistas do período vitoriano.

Aqui estou, de Jonathan Safran Foer
Sobre Jonathan Safran Foer, diz, convictamente, José Eduardo Agualusa: “Se alguém perguntar que autor deve ler para descobrir ou recuperar a alegria da leitura, terei de falar de Jonathan Safran Foer. Aqui estou é um exemplo perfeito daquilo que o autor angolano considera que é a essência das suas obras: “um mergulho na escuridão mas também no esplendor da natureza humana”. O título faz alusão à resposta que Abraão dá quando Deus lhe ordena que sacrifique Isaac. Mas como é possível Abraão proteger o filho e, ao mesmo tempo, aceder às ordens de Deus? Como podemos nós, no mundo de hoje, cumprir os deveres irreconciliáveis de sermos pais, maridos, filhos, mães, mulheres e permanecer fiéis a nós próprios? Esta é a história de uma família no limiar da crise.

Anatomia da melancolia, de Robert Burton
Considerado um clássico da prosa em língua inglesa, Anatomia da Melancolia é um estudo “filosófico, médico e histórico” sobre a natureza da melancolia e do que hoje designamos por estados depressivos. Apesar da natureza desta matéria, Robert Burton é irónico ao longo de muitas passagens, algo que faz lembrar a própria luta de Nick Cave contra a depressão. Descrevendo os diferentes tipos de melancolia, as várias curas para a melancolia como estado clínico e, finalmente, certos tipos de melancolia mais abordados pela literatura, como os de natureza amorosa ou religiosa, Burton admite: “Escrevo sobre a melancolia por estar ocupado a evitar a melancolia”.

O homem em busca de um sentido, de Victor Frankl
Viktor E. Frankl foi um psicoterapeuta sobrevivente de Auschwitz que divulgou por todo o mundo o método que desenvolveu no campo de concentração – a Logoterapia. Para conseguir manter-se vivo, e são, nos seus momentos de maior sofrimento, entregava-se à memória da sua mulher – que estava grávida -, e projetava-se no futuro – via-se a falar perante um público imaginário, e a explicar o seu método para enfrentar o maior dos horrores. Descobriu assim que os sobreviventes eram aqueles que criavam para si próprios um objetivo, que encontravam um sentido futuro para a existência – fosse ele, por exemplo, cuidar de um filho ou escrever um livro. Em 1946, escreveu O Homem em Busca de um Sentido, no qual narra a sua dramática luta pela sobrevivência e sintetiza o método de sobrevivência que desenvolveu, aplicável a qualquer pessoa, em qualquer circunstância da vida.

OUTROS LIVROS
Santuário, de William Faulkner
Os Informadores, de Bret Easton Ellis
Vitória, de Joseph Conrad
Inferno, de August Strindberg
A Bíblia (King James Edition)
Eu e Tu, de Martin Buber
The Dream Songs, de John Berryman
American Dreams, de Sapphire
Break, Blow, Burn, de Camille Paglia
The Largesse of the Sea Maiden, de Denis Johnson
The Collected Poems, de Langston Hughes
A Good Man is Hard to Find, de Flannery O’Connor
Straight Life, de Art Pepper
High Windows, de Philip Larkin
My Promised Land, de Ari Shavit
The Christ at Chartres, de Denis Saurat
King Leopold’s Ghost, de Adam Hochschild
America a Prophecy, de Jerome Rothenberg
The Book of Ebenezer Le Page, de Gerald Basil Edwards
The English and Scottish Popular Ballads
The Collected Poems, de Emily Dickinson
Shaking the Pumpkin, de Jerome Rothenberg
The Killer Inside Me, de Jim Thompson
The Collected Works, de Santa Teresa d’Ávila
Mid-American Chants, de Sherwood Anderson
Collected Works of Billy the Kid, de Michael Ondaatje
American Murder Ballads and Their Stories, de Olive Woolley Burt
Poems of W. B. Yeats (ed. Seamus Heaney)
The Good Lord Bird, de James McBride
Consolations, de David Whyte
Roget’s Thesaurus, de Peter Mark Roget
Lives of the Saints, de Alban Butler
Poems 1959-2009, de Frederick Seidel
S.C.U.M Manifesto, de Valerie Solanas
Complete Poems, de E. E. Cummings
Dave Robicheaux Novels, de James Lee Burke
A Flower Book for the Pocket, de Macgregor Skene
The Frog Prince, de Stevie Smith
Pale Fire, de Vladimir Nabokov
Short Stories, de Anton Chekhov
The Factory Series, de Derek Raymond
Walkabout, de James Vance Marshall

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