Okkultist apresentaram o novo álbum O.M.E.N num ritual que encheu o RCA Club de seguidores

Foi uma noite mágica aquela que vivemos a 13 de maio com os Okkultist no RCA Club. Se o motivo do concerto era a apresentação do seu mais recente registo discográfico, O.M.E.N, a verdade é a que a noite se transformou numa verdadeira celebração daquela que é uma das grandes promessas do metal nacional.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro

Com a sala bem composta de público, coube aos Karbonsoul aquecer os espíritos da noite. E se bem o prometeram quando entraram, melhor o conseguiram quando começaram a tocar. Sem retirar mérito aos seus acompanhantes, grande parte do impacto deveu-se à vocalista Muffy. Mulher poderosa que em cima do palco não se cansou de puxar pela audiência, sem descurar por um segundo que fosse a incrível prestação com que nos brindou. Formados em 2007 na mística vila de Sintra, os Karbonsoul exploram, e bem, o mundo do death metal não deixando de parte as evidentes influências do doom e black metal. Ao vivo demonstram ter a capacidade de congregar uma enorme aura de energia que conseguem transportar para cada um dos temas. Claramente, um excelente início de noite!

Sentia-se alguma ansiedade na sala enquanto se fazia a mudança de cenário, sobretudo porque era aguardado algo de impactante por parte da banda que se seguia. E impacto foi o que não faltou quando os Okkultist entraram em palco. Vocalista, letrista e fundadora da banda, Beatriz Mariano, surge coberta por um enorme manto negro enquanto numa das mãos segura uma caveira e na outra um turíbulo de onde emanava um forte cheio a incenso. Logo ali, aos primeiros instantes, estava captada a atenção do público. Enquanto isso subiam a palco os restantes elementos da banda, Leander Sandmeier, guitarrista e também fundador, David J. Rodrigues, no baixo, João Corceiro, na guitarra e Eduardo Sinatra, na bateria.

Desde os primeiros acordes que o público aderiu efusivamente à prestação da banda. Como? Com os imparáveis moshpits e stage dives que tendo começado logo no principio se mantiveram até ao termino do concerto. Com o alinhamento centrado no novo disco, os Okkultist foram desfilando os temas numa sucessão de intensidade que deixou que assistia em êxtase. Pré-produzido pelo guitarrista João Corceiro, O.M.E.N, o segundo registo discográfico da banda, surge depois de um desafio lançado pela editora de Fernando Ribeiro (Moonspell), a Alma Mater Records em 2021. Em cima da mesa estava a criação de um segundo disco o qual a banda gravou, de forma algo secreta, durante o ano seguinte. Lançado em já este ano, o novo trabalho tem vindo a surpreender quem o ouve pela sua força, intensidade mas também pela força catalisadora que cada tema encerra, cada qual com o poder de espoletar as mais fortes e veementes emoções nos ouvidos, pele, sangue e alma de quem os ouve.

A cada interpretação uma vigorosa explosão de potência que parecia penetrar sem pedir licença através dos poros de cada pessoa do público para inundar o seu sistema circulatório fazendo com que o som dos Okkultist passasse a fazer parte da sua composição sanguínea. O resultado? Uma comunhão de intensidade sónica que, de forma, quase catártica fez com que a noite se transformasse de um concerto de música num ritual de partilha e comunhão.

Em cima do palco, Beatriz surge coberta por um novo manto negro embelezado por lindíssimos bordados dourados transportando nas mãos um crânio contendo um liquido (“sangue”?) com o qual “batizou” as primeiras filas da audiência. Demonstrando, como sempre, uma enorme pujança, a vocalista impressiona pela tremenda voz que possui. Através dela, se fecharmos os olhos enquanto canta, quase conseguimos exorcizar os nossos medos e demónios e mais facilmente passamos a acreditar em nós mesmos, abrindo os olhos para uma energia e vontade de seguir em frente perfeitamente renovada. Se para alguns isso não significa nada, para nós quer dizer muito…acreditem. Cada um dos restantes músicos cumpria a sua parte, com evidente destaque para a guitarra de Leander Sandmeier, da qual o músico fazia sair riffs penetrantes e intensos que balizam na perfeição toda a execução musical da banda.

Mais do que parabéns aos Okkultist pelo novo disco (que obviamente os merece), parabéns por serem quem são e por fazerem os outros acreditar que é possível sermos nós próprios sem concessões!

Karbonsoul

Okkultist

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