Noite arrebatadora no LAV na companhia dos Pain e convidados
Não há tempestade que demova os amantes de música ao vivo por isso foi um LAV a rebentar pelas costuras aquele que recebeu os Pain no seu muito aguardado regresso a Portugal. Com eles vieram três bandas convidadas, e, todos juntos, ofereceram uma noite memorável de música e bom ambiente.
Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro
Formados em 2011, sob o nome de Gyze, a banda de samurai metal, Ryujin, nome de um deus dragão japonês, vai lançar o seu primeiro registo discográfico com o novo nome em Janeiro de 2024, através da Napalm Records, sendo agenciados e produzidos pelo vocalista dos Trivium, Matt Heafy. Oriundos do extremo norte do japão, os músicos deram o inicio à noite. Muito animados, percebeu-se bem o quanto estavam felizes por estar ali, a mostrar a todos a sua música e os seus dotes artísticos. O público aderiu, sendo que nada de diferente havia a fazer. Os “miúdos” deram tudo e souberam aquecer, e bem, a sala do LAV naquela que foi a primeira noite verdadeiramente de outono em Lisboa.
Da fria Suécia chegaram os Eleine. Assim que entraram em palco de imediato se percebeu que tinham bastantes fãs no público. Formados em 2014, os Eleine deram uma excelente prestação inundando o LAV com o seu som «dark symphonic metal«, como eles próprios o caracterizam. Madeleine Liljestam, a vocalista (que nos fazia lembrar uma mistura em Barbra Streisand e Cher) revelou-se uma front woman incrível. Sexy qb e poderosa o suficiente para impressionar, conseguiu que todos os olhos do LAV não descolassem do palco. Para tal muito contribui a sua figura e a sua experiência enquanto modelo, sabendo bem posicionar-se em palco. Rikard Ekberg, na guitarra e voz, também de destacou pela forma como puxou pela participação do público. Bela surpresa.
Das frias terras finlandesas, os Ensiferum entraram em palco para arrasar. Se o pretendiam melhor o conseguiram. Que concertação. Quando uma banda de folk metal atua já sabemos que é festa garantida, e com os Ensiferum não foi diferente. Com inspiração do death metal melódico, os finlandeses trouxeram as suas canções onde abordam o folclore, a mitologia e a fantasia. A dupla de guitarristas destaca-se com os seus riffs rápidos, enquanto a linha melódica não deixa ninguém indiferente, vagueando entre vocais ásperos e brutais, com algumas passagens mais limpas. Há boa maneira deste género de bandas, os refrões são entoados a uma só voz pelo coletivo de músicos. Este foi de fato um concerto voraz e pesado com todas as caraterísticas e marca registada deste género de música, de onde sobressaíram as belas melodias folk, os riffs poderosos, e os vocais equilibrados.
Quando o nome de Peter Tägtgren surge num projeto musical é quase impossível ficar indiferente. Neste seu regresso a Lisboa isso ficou ainda mais patente. Tendo passado recentemente com os Hypocrisy (como bem lembrou, afirmando com alguma ironia que essa não contou), o músico voltou a solo nacional na companhia dos seus Pain. Confesso que faltam palavras para descrever o que ali se viveu, tal a energia demolidora da música da banda. Praticantes de um possante metal industrial, os Pain revelaram-se uma verdadeira máquina cujo som entrou pelos poros da nossa pele levando-nos a sentir a eletricidade que jorrava do palco. Fundados em 1996, numa altura de conflitos na carreira dos Hypocrisy, os Pain têm vindo a permitir que Peter aborde uma nova sonoridade, combinando elementos de rock industrial, metal e música eletrónica. Tudo resulta numa conjunto de canções arrebatadoras, bem construídas e excelente interpretadas. O set começou com Let Me Out, seguindo com End Of The Line e Nailed To The Ground. Bastante aplaudida, The Great Pretender deu o pontapé de saída a uma conjunto de temas aos quais ninguém resistiu, como Call Me, Walking On Glass, Revolution e Zombie Slam. Suicide Machine trouxe aquela loucura que nos agrada e que nos faz esquecer a loucura que se passa no mundo hoje em dia.
No ecrã, pequenos filmes de BD cujas personganes representavam os músicos, anunciavam algumas das músicas o que trouxe toda uma outra dinâmica ao concerto. Seguiram-se Monkey Business, Coming Home e Have A Drink On Me.
Uma palavrinha para Party In My Head, tema que misturando sintetizador, electro e metal dos anos 80,surge como um hino incrível. , fornecendo uma poderosa vacina sonora contra a angústia e a depressão causadas pela pandemia mundial. Lançada em 2021 o tema surge em época pandemia com as limitações por ela impostas ainda muito presentes, sendo que sobre ela Peter afirmou ser «musicalmente, uma música de festa e tanto», e foi precisamente isso que aconteceu. Shut Your Mouth deu a noite por terminada numa verdadeira apoteose de adrenalina coletiva.