Quando o feitiço toma de assalto o peito e a mente dos comuns mortais, a energia que dos seus corpos emana é transcendental. Foi precisamente isso que aconteceu no concerto dos Moonspell na MEO Arena: uma noite que não vai voltar a ser e que para sempre ficará gravada na memória de quem a viveu.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro

Quando uma banda decide arriscar, como tudo na vida, há sempre a possibilidade não ser bem sucedida. Mas quando uma banda chega aos 30 anos de existência e decide oferecer aos fãs uma experiência em tudo diferente daquilo a que os habituou, isso não é arriscar, isso é a mais pura demonstração de amor. E de que serve uma demonstração de amor se não for correspondida? Uma desilusão. Mas correspondida é a mais pura transmutação de um caso de amor verdadeiro e puro, como bem se viu na MEO Arena quando os Moonspell subiram a palco e os seus fãs os receberam de braços abertos para os abraçarem com a mais pura das entregas, o amor pela sua música.

Depois de terem feito uma tour nacional com o espetáculo Sombra, os porta estandarte do metal em Portugal resolveram dar uma prenda de “natal” antecipada aos seus fãs (bom, cá para nós foi mais um presente do Dia das Bruxas) e para compor a oferta resolveram convidar a Orquestra Sinfonietta de Lisboa. Muitos foram os que ficaram de boca aberta quando as primeiras músicas começaram a encher por completo a sala de espetáculos lisboeta. Por muito improvável que fosse a ligação da música clássica com o heavy metal, a verdade é que é mais aquilo que os une do que aquilo que verdadeiramente os separa, e este concerto foi a melhor prova disso mesmo.

Arranjos majestosos juntaram-se à força e imponência das músicas dos Moonspell num “casamento” onde não primou apenas a harmonia, mas a mais pura classe. A classe de grandes temas e enormes composições executadas por músicos que, não estando a elas habitados, lhes, deram a alma certa na medida adequada.

Já os lobos mostram-se mais ferozes do que nunca, com a sua alcateia fiel aos seus pés. Braços no ar, sorrisos nos rostos, olhos brilhando e palavras cantadas a uma só voz encheram a MEO Arena em mais de hora e meia de celebração daquela banda que soube sempre ser forte, gigante e destemida perante as adversidades que ao longo das últimas três décadas foram enfrentado.

Sob o feitiço da lua o uivo dos lobos que foram homens fez-se ouvir mais alto do que nunca: longa vida aos Moonspell!