Brands that matter: IED – Istituto Europeo di Design, de volta à Moda Lisboa

O IED, Istituto Europeo di Design, a maior rede de ensino superior na área criativa a manter uma perspetiva global e uma matriz cultural profundamente italiana desde 1966, regressa a Lisboa e marca presença na ModaLisboa. O IED regressa com renovada energia e empenho para destacar o melhor do design e do talento nacionais, como nos explicou Olivia Spinelli, diretora da Escola de Moda IED Milano.

O que é o IED, Istituto Europeo di Design?
O IED é uma escola de design (onde o design deve ser entendido de forma abrangente) com mais de 50 anos de história. Somos a maior rede de ensino superior no domínio criativo a manter uma perspetiva global e uma matriz cultural profundamente italiana, desde 1966. A nossa experiência educativa mudou ao longo do tempo, mas continua a basear-se num modelo simples e eficaz: combinamos teoria com prática e conhecimentos trazidos para a sala de aula por profissionais do mundo do trabalho. Ensinamos os nossos alunos a estarem um passo à frente, no presente. Somos uma escola inclusiva e transdisciplinar que utiliza o design como uma linguagem universal para a mudança.

Quando nasceu e qual o seu propósito?
Em Milão, em 1966: pela primeira vez, o fundador do IED, Francesco Morelli, trouxe o know-how dos primeiros profissionais de design para as salas de aula. O objetivo era criar um novo tipo de escola para as profissões criativas do design, da moda, das artes visuais e da comunicação. Essa visão transformou-se no Istituto Europeo di Design.

Ao fim destes anos mantêm ainda uma matriz cultural profundamente italiana?
Sim, mas mantendo ao mesmo tempo uma visão muito global.

É isso importante para o vossos ADN?
Sim, é importante porque está fortemente relacionado com a relevância mundialmente reconhecida do “made in Italy” e com a mestria italiana em matéria de design, moda, fabrico e artesanato. Reforçamos esta matriz com uma forte ligação, através da rede IED, às indústrias e aos intervenientes no mercado.

Por curiosidade quantos professores têm?
Mais de 3000 em toda a rede, só na escola de Milão são mais de 1000. Todos eles foram profissionais da área antes de serem professores.

Enquanto rede internacional de escolas de design qual a sua filosofia e alicerces de atuação?
Somos uma comunidade de designers inspirados e guiados por uma visão partilhada. Estimulamos potenciais agentes de mudança: designers competentes, conscientes e talentosos que interpretam a criatividade do design com ética, competências técnicas e uma visão inovadora. As nossas comunidades universitárias são os locais onde realizamos a nossa missão e a divulgamos.
Os nossos cursos são oportunidades de agregação de interesses partilhados. Refletimos continuamente sobre a importância da aprendizagem e a sua capacidade de responder às necessidades das novas gerações.

Perante o mundo atual é cada vez mais importante manter uma perspetiva global da criatividade? Porquê?
O IED procura a nova geração de agentes de mudança. Queremos descobrir pessoas que possam mudar o mundo através do poder das suas ideias e do Design, e trabalhamos para as ligar umas às outras. Nesta direção, é essencial um olhar global

Regressam a Lisboa para marcar presença na ModaLisboa. De que forma observam a moda portuguesa?
O evento Sangue Novo é importante para mapear a criatividade portuguesa e fazer um balanço de como os jovens designers veem o mundo da moda. Os 10 selecionados na passerelle são, de facto, o espelho de como a sociedade está a mudar e onde se deve prestar atenção hoje.

Na vossa opinião, há ou não uma crise de criatividade?
Mais do que uma crise de criatividade, eu diria que a criatividade se colocou ao serviço do marketing, que a “observa” e, por vezes, a desvia em nome do negócio. Os canais em que se exprime livremente são muito poucos e, muitas vezes, autogerados pelos próprios criativos.

Perante o vosso olhar como classificam talento criativo português?
O talento português continua a ter a sua própria autonomia de ação; a razão para isso é, provavelmente, o facto de não ter uma ligação direta com a indústria e o negócio global.

Qual é a vossa missão com esta participação na ModaLisboa?
Farei parte do júri do Sangue Novo para a atribuição de uma bolsa de mestrado em Gestão de Marcas de Moda no IED de Florença. O júri será a ocasião para observar como a visão dos jovens talentos está a mudar.

Falam em educação em moda: quais são as premissas para esse ensino?
Por educação para a moda entendemos, em primeiro lugar, a sua importância da observação: é a primeira ferramenta para registar as mudanças que ocorrem a nível social.
Além disso, insere-se num sistema complexo que tem regras a respeitar para não se tornar uma operação de autocelebrarão.

Mas será que se pode ensinar a criatividade e a ser criativo?
É possível se as pessoas se deixarem conduzir…

A que se referem quando falam em disciplinas criativas?
A criatividade no sistema educativo é tudo o que não se enquadra em categorias fechadas e rígidas, tudo o que pode exprimir a individualidade e dar origem a uma criação, qualquer que seja o seu resultado.

De que forma pretendem ampliar o potencial dos talentos portugueses nesta área?
Criar ligações entre o IED e a criatividade portuguesa (como acontece neste tipo de eventos e com bolsas de estudo como as atribuídas pelo IED) é uma forma de olhar e promover novos talentos.

Na vossa opinião é possível harmonizar criação e criatividade a ela inerente ao mercado e ao sistema da moda, enquanto sistema de compra/venda?
Como já foi dito, a relação entre criatividade-mercado-sistema de moda é uma relação necessária, mas sempre muito delicada e modulável, consoante os momentos históricos. Não podem ser separadas, mas devem comunicar sempre com tons de voz diferentes.

De que forma analisam a nova geração de designers e profissionais de moda?
A atenção à inovação e à investigação nas suas propostas é um parâmetro a ter em conta. A criatividade e a originalidade são muito importantes, mas os outfits têm de ser usáveis e enquadrados na paisagem contemporânea. A reprodutibilidade também é interessante,
não necessariamente a nível industrial, mas a peça única pode tornar-se limitativa.

Estão eles no caminho certo?
Não existe apenas um caminho certo…

De que forma e em que modelos (e dias) se vai concretizar a vossa participação na ModaLisboa?
• 4 de outubro: uma conferência do IED intitulada “Vintage, uma tendência contemporânea. A dinâmica das tendências na área da moda atual”, que terá lugar no Selina Secret Garden & Cowork e é dirigida a jovens designers e estudantes. A conferência será conduzida por Alberto Caselli Manzini, coordenador do mestrado em Fashion Trend Forecasting no IED Firenze, que já participou no evento algumas vezes no passado.
• 5 de outubro: Presença do IED nas Fast Talks da Moda Lisboa, sobre sustentabilidade, com Alberto Caselli Manzini.
• 6 de outubro: Desfile de moda Sangue Novo, com Olivia Spinelli, diretora da Escola de Moda IED Milano, no júri.

Estão os eventos abertos ao público em geral?
Não, os eventos não são abertos ao público em geral.

Qual a vossa expectativa relativamente a esta participação na ModaLisboa?
Uma visão de liberdade.

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