À conversa com os Sullen

Sullen são cinco personalidades movidas pela busca de inovação estética que exploram as dimensões estilísticas do Rock, Metal, Jazz e Eletrónica num exercício de experimentação e fusão composicional, improvisação, sonoplastia e o desenvolvimento de um repertório sofisticado que é também a banda-sonora de uma visão do mundo e das suas vicissitudes.

Como surgiram os Sullen e em que ano?
Os Sullen surgiram após a dissolução do colectivo Oblique Rain, em 2013, onde quatro quintos do projecto anterior se juntaram a dois novos elementos para fazer música progressiva que desafiasse a norma.

Quem faz o quê na banda? Já se conheciam?
O Marcelo é o mentor do projeto e baterista, o André e o Pedro guitarristas, o Ricardo teclista e o Kevin baixista. Quanto à composição da música de Sullen, a mesma é maioritariamente liderada pelo Marcelo e pelo Ricardo. E sim, já nos conhecíamos todos antes de estabelecermos esta nova formação.

O que significa Sullen?
“Sullen” na sua definição original remete para algo sombrio, soturno, sendo este o carácter-base da nossa música, que procura caminhos divergentes, pouco explorados e estranhos, que estimule uma sensação de instabilidade no ouvinte.

De que forma podemos caracterizar o vosso som?
Actualmente, a música de Sullen é uma fusão de estilos em que usamos guitarras, baixo, bateria e teclados em múltiplas abordagens técnicas, produzindo sons que vão desde o Metal/Djent ao Jazz, passando pela Música Electrónica e a sonoplastia, entre outros elementos, em registo maioritariamente instrumental. A sonoridade é bastante diversificada, tornando-se difícil de catalogar em termos gerais.

É fácil fazer música progressiva instrumental em Portugal?
Para nós, fazer música progressiva instrumental é fácil, tanto do ponto de vista composicional, como em termos de produção. Divulgá-la e tocá-la ao vivo é francamente difícil. Tal como acontece com toda a música contemporânea, erudita, “difícil” ou menos familiar, há muito poucos agentes culturais com vocação, cultura, interesse e coragem para promover projectos e espectáculos desta natureza artística.

O que é que vos move?
O prazer de criar e divulgar esta música e a certeza da sua importância no tecido cultural nacional e internacional.

Há uma inovação estética na vossa música. Que estilos de música vos influenciam?
Na verdade acho que todas as formas de arte nos influenciam, pois não só encontramos referências de relevo na música que descobrimos e escutamos, como também somos extremamente inspirados pelas artes visuais, pelo teatro e cinema, sempre nesta perspetiva mais experimental e obscura, a par também das ciências humanas, como a filosofia, psicologia e sociologia.

Experimentação ou fusão: o que mais vos cativa?
A duas coisas estão intrinsecamente ligadas no nosso exercício composicional. Precisamente, o que nos cativa são as novas possibilidades que advêm de experimentar a fusão de elementos tradicionalmente desconexos, não só a nível musical como a nível de produção sonora.

Diria que existe uma certa sofisticação no vosso som, concordas? É ela propositada?
Gostamos de pensar que a nossa música é intencionalmente sofisticada, sim. Por força de tudo aquilo que nos inspira e de uma forte ambição de construir repertório que nos entusiasme, somos constantemente motivados a arriscar e procurar originalidade (mesmo quando nos parece quase impossível fazê-lo depois de tudo o que foi feito, particularmente no século vinte).

O novo espetáculo “Caronte”, como está estruturado?
Este está estruturado sob a premissa de uma experiência audiovisual única, de carácter simultaneamente performativo e cinematográfico, explorando diversos universos sonoros e visuais nos seus contrastes e similaridades.

Luz e som ganham muita importância? Quem são os responsáveis pelo seu desenho?
Os responsáveis pelos desenhos de luz e som são o Fernando Maia e o Rui Barreiros, respetivamente.

Qual a história na base do espetáculo?
A premissa do espetáculo “Caronte”, inspirada na figura mitológica do barqueiro de Hades, estabelece a ideia de limbo, de um processo de transição e mutação, numa alusão à jornada atribulada do projeto ao longo destes 10 anos desde a sua fundação.

Vão ter duas apresentações, quando e onde?
A primeira será no dia 28 de Julho de 2023, no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, e a segunda no dia 28 de Outubro no CriArte, em Carcavelos.

Temos primeira parte? Quem e porque foi essa a escolha?
Sim, a primeira parte estará a cargo de Dullmea, uma artista portuguesa que apresenta a solo uma música muito especial – e, para nós, altamente coerente com os princípios artísticos de que falávamos há pouco – baseada em técnicas vocais estendidas e a manipulação da voz com um circuito de pedais, num método cuidadosamente desenvolvido ao longo dos últimos anos. Achámos que o concerto de Dullmea seria uma excelente introdução daquilo que queremos que seja um espetáculo memorável.

O espetáculo no dia 28 tem um elemento extra, certo? Porque o decidiram gravar?
O espetáculo do dia 28 de Julho no Teatro Helena Sá e Costa será gravado pela Coalblur. Esta opção prende-se com o facto de aquele teatro reunir as condições técnicas e logísticas e ter a proximidade geográfica ideal para a concretização desse registo: que nos permitirá editar a posteriori o primeiro álbum ao vivo de Sullen.

Onde pode o público comprar os bilhetes e qual o seu valor?
Para o espetáculo do Porto, os mesmos podem ser adquiridos no dia ou reservados através dos contactos telefónicos do teatro (225193765 ou 961631382), e para o de Carcavelos eles estarão disponíveis através do site https://www.criativa.org. O valor dos mesmo será 10€.

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